Riga, a pequena Paris e os edifícios de arte nova [Letónia]
Riga foi a última cidade que visitamos neste cruzeiro (com exceção de Estocolmo, onde saímos do barco, mas onde já tínhamos estado). Não sei se é por ser a última ou por, de uma forma geral, já estarmos todos cansados, esta é a cidade que menos lembranças tenho. Por outro lado, não escrevi sobre nem sobre ela nem sobre Tallinn no meu diário de bordo no telemóvel - já estava com preguiça e queria aproveitar tudo o que o barco me tinha para oferecer, pelo que me deitava tardíssimo e sem qualquer vontade de pôr a escrita em dia. Hoje vejo que, para escrever textos como estes, essas lembranças frescas fazem muito jeito e tornam-nos muito mais reais, ajudando-nos a reviver tudo o que passamos.
De qualquer das formas, e apesar de ter sentido que não vivi Riga como queria, acho que não havia muito para mostrar. Para piorar, a nossa guia, apesar de muito querida e simpática, não era muito expansiva e não tinha intercomunicador para falar connosco, o que limita muito a visita. Tínhamos de estar sempre junto dela se queríamos ouvir o que quer que fosse e qualquer paragem rápida para fotos implicava que depois tivéssemos de correr para apanhar o grupo. Eu estava também com imenso peso na mochila e cada vez mais cansada a cada quilómetro que passava, pelo que até poucas fotos tirei.
É das cidades que penso revisitar, não por ter adorado, mas por achar que ficou muito por viver e ver.
Acima de tudo, aquilo que há para ver em Riga são os fabulosos edifícios de arte nova. São muitos, mesmo muitos e têm fachadas incríveis. São normalmente edifícios altos e imponentes, em ruas relativamente estreitas mas muito bonitas. Infelizmente, tanto esta como várias das cidades que visitamos têm imensos fios elétricos espalhados pelos céus, pelo que a maioria das fotografias ficam estragadas.
Mais uma vez, a guia partilhou connosco um pouco da história da Letónia, também muito ligada à União Soviética. Todas estas capitais que, nos anos 90, viraram independentes, têm estátuas em celebração da liberdade e da independência e Riga não é exceção. A nossa guia disse-nos algo muito curioso e que me deixou a pensar: em 40 anos de vida, ela já passou por três unidades monetárias. Primeiro a que se usava na União Soviética, depois - aquando da independência da Letónia - a moeda própria desse país e agora o Euro. É incrível como em tão pouco tempo aconteceu tanta coisa. Esta viagem serviu para ver que aquilo que li e estudei muitas vezes em historia e que me pareceu uma realidade tão distante é, na verdade, algo ainda muito próximo - tão próximo que os vestígios dessas coisas "antigas" estão ainda por todo lado.
Riga é agora conhecida pela "pequena Paris", pois tem muitos recantos amorosos e esplanadas muito acolhedoras e, lá está, parisienses.
Uma das histórias mais giras que nos foi contada na visita foi sobre o gato que está acima de um dos edifícios de uma das praças centrais. O dono dessa casa tinha uma desavença com os donos do edifício em frente e decidiu pôr um gato no telhado, com a cauda levantada e o rabo virado para a fachada dos vizinhos. Entretanto o gato já foi virado ao contrário, mas a história e a simbologia continuam lá e o gato ganhou semelhante importância que é agora um dos símbolos de Riga.
Da parte da tarde, como já tinha acontecido em Tallinn, decidimos dar uma volta sozinhos e descobrimos outra parte da cidade, mais verde e ampla, sem estar coberta de edifícios. Tinha um rio, onde andavam pequenos barcos a motor e outros a remo, num ambiente muito bonito e descontraído. Antes de voltar para o barco ainda deu tempo para pararmos num café, bebermos algo e comermos um gelado.