Tallinn, uma feira medieval em ponto grande e permanente [Tallinn, Estonia]
Tallinn era talvez a capital que visitei em que não levava qualquer bagagem de expectativas. Não conhecia, não tinha pesquisado, não tinha ouvido falar. Foi uma completa surpresa - e das boas.
Escrevi no post sobre a Finlândia que a primeira coisa que lá vimos foi o Song Festival Ground, uma espécie de parque com um grande palco em forma de concha onde, de 5 em 5 anos, há um festival de danças típicas. Mea culpa. Esse local não fica em Helsínquia mas sim em Tallinn e só hoje é que dei pelo meu erro. Como já tinha dito, achei o local tão desprovido de interesse que nem tirei fotografias - e as fotos, organizadas por ordem cronológica, têm sido o meu guia para estes posts, daí o erro. Continuo no entanto a dizer que esta primeira paragem foi um pequeno choque, porque pensei "se venho numa visita guiada e me perdem tempo a mostrar isto, até tenho medo do que vem a seguir". Mas a verdade é que coisas bem melhores estavam por vir.
A nossa segunda paragem foi no complexo olímpico, construído para os jogos olímpicos de 1980. Nessa altura a Estónia estava anexada à União Soviética e, segundo a nossa guia, este foi um período crucial para o país, pois representou a entrada de muitos estrangeiros. O contacto com outras culturas e mentalidades permitiu aos estonianos perceber que havia um mundo para além daquele em que eram obrigados a viver e foi quase o início da separação da Estonia da URSS.
O complexo em si não tem nada que ver - as construções, apesar de serem melhores que as que vi na Rússia, continuam a ser feias - mas está situado mesmo ao largo do mar Báltico, pelo que é um bom sítio para tirar fotografias. O dia que passamos em Tallinn foi sem dúvida o mais frio deste cruzeiro e eu dei graças por ter comprado um hoodie em Estocolmo, que me manteve quente enquanto aqueles ventos gelados do Norte me fustigavam.
No complexo olímpico de Tallinn
A partir daqui foi só melhorar. Parámos na Alexander Nevsky Cathedral, que é muito ao estilo da Church of Resurrection on the Spilled Blood, que visitei em São Petersburgo. É mais sóbria, com menos cor, mas igualmente lindíssima. Esta, à semelhança de muitas das igrejas na Estónia, é um igreja luterana, pelo que as mulheres locais têm sempre de entrar com a cabeça coberta - não exigem o mesmo às turistas. Achei particularmente curioso que os serviços normais da igreja decorressem enquanto os turistas entravam e saíam: quando lá fui, estavam a velar um morto, mesmo no meio do frenesim de entras-e-sais que se vivia na igreja.
Alexander Nevsky Cathedral
Alexander Nevsky Cathedral
Alexander Nevsky Cathedral
Depois fomos dar um passeio pela a parte velha de Tallinn. Passamos pela St. Mary Cathedral, que tem no seu interior enormes e incríveis brasões - infelizmente não consegui entender a história que a nossa guia contou relativamente a eles, mas tirei-lhes fotos porque me lembraram imenso o Harry Potter, Hogwarts e os brasões das diferentes casas. Na verdade, Tallinn (assim como o Porto) podia perfeitamente ter inspirado a J.K.Rowling em muitos aspetos - eu passei a vida a pensar que muitas das coisas tinham ares Harry-Potterianos.
St. Mary Cathedral
Brasões no interior da St. Mary Cathedral
Pelo caminho passamos por vários sítios com paisagens panorâmicas incríveis da cidade, onde havia sempre pessoas a tocar música ou a vender amêndoas caramelizadas - e claro, imensas lojas de souvenirs.
Num dos miradouros de Tallinn
A excursão só durava a parte da manhã, pelo que depois tínhamos a hipótese de voltar ao barco ou de ficar pela cidade durante mais um par de horas. Como qualquer minuto numa cidade estrangeira é valioso, eu e a minha mãe optamos por ficar. Apesar de tudo, penso que esta foi a nossa visita guiada mais "limitada", pelo que poder andar sozinhas a descobrir todas as ruelazinhas da cidade velha foi uma grande mais valia. Esta parte da cidade é simplesmente um mimo: as casas parecem tiradas de um conto de princesas, em construções que não sei descrever mas que nos levam a cabeça para mundos encantados. Por outro lado, muitas das pessoas locais e das lojas têm inspirações claramente medievais - tanto nas roupas que vestiam, como no estilo das lojas ou a grafia dos letreiros. Talvez por ter esta junção de dois "mundos" de que tanto gosto, Tallinn revelou-se a maior surpresa desta viagem e ganhou o título da cidade mais "mimosa". Apaixonei-me por todas aquelas vielas.
Praça central da parte velha de Tallinn
Loja na parte velha de Tallinn
À saída da parte velha de Tallinn
Em consonância com a cidade, as lojinhas também eram muitos giras. As paredes normalmente estavam "forradas" com as malhas de lã, super quentes e fofas, mas também tinham muitos souvenirs giros e diferentes do normal. Foi de Tallinn que trouxe a maioria das recordações desta viagem, porque acima de tudo achei que marcavam pela diferença. Trouxe umas palmilhas forradas a lã, já a pensar no frio que passo sempre no Inverno; a minha mãe ofereceu-me um caderno feito à mão e com um ar super antigo, que me lembrou imenso o Harry Potter e me conquistou no primeiro segundo em que lhe pus a vista em cima; por fim trouxe dois postais também feitos à mão, com papel reciclado e uns desenhos à moda antiga, muito diferentes daqueles que se vende aos milhares, todos iguais e que recebo através do Postcrossing.
Souvenirs