3 dias em Londres (+ 1)
Já há 9 anos que não ia a Londres. Fui lá quando nasceu o meu primeiro sobrinho inglês, depois de o ter visitado em Bristol, e apenas fiquei três dias. Lembro-me relativamente pouco dessa viagem - sei que da primeira vez que vi a cidade no táxi que me levou do aeroporto para o centro de Londres, uma sensação de tristeza e desilusão me invadiu perante todo o cinzento que via à minha volta e que a cidade me transmitiu. Na altura, esperava outra coisa - e apesar de ter gostado da viagem, aquele "baque" inicial permaneceu comigo.
Curiosamente, apesar disto ter acontecido e de Londres não ter sido um amor à primeira vista, foi a cidade que mais saudades me deixou. Mal voltei a Portugal, quis voltar a Inglaterra. E sempre soube que se um dia fosse de erasmus ou tivesse de ir trabalhar para fora, este seria o meu destino de eleição (mesmo com o tempo horroroso que eles lá têm, que sei que me deixaria um tanto ao quanto deprimida).
E embora a vontade de lá voltar tenha sido imediata, isso só aconteceu este fim-de-semana - e, e propósito para me contrariar no que ao mau tempo diz respeito, S. Pedro deu-me um condições meteorológicas dignas de um país tropical. Cheguei a apanhar 27º, debaixo de um sol potentíssimo, enquanto que aqui em Portugal chovia "cats and dogs", como eles dizem. Nesse aspeto não podia ter sido mais perfeito - em todos os outros, podia ter-se dado um jeitinho.
O meu pai deixou o tablet no avião à ida para lá e, à vinda (como já devem ter visto nas minhas redes sociais), perdemos o avião graças a uma sucessão de atrasos inacreditáveis. Na altura não teve piada, mas hoje acho interessante olhar para trás e perceber a cadeia de acontecimentos: o almoço demorou uma eternidade a chegar e, quando saímos, demos de caras com a estação de metro mais próxima fechada, pelo que tivemos de fazer uma caminhada de 15 minutos até à mais seguinte; a linha de metro onde entramos tinha uma bifurcação e, para nosso azar e desinformação, seguiu para o lado que não queríamos - tivemos de voltar para trás uma paragem para podermos de novo seguir caminho; o comboio expresso para o aeroporto parou a meio do percurso, o que resultou num atraso de mais de meia hora; o sítio onde tínhamos de apanhar o avião era na área norte do aeroporto, por isso ainda tivemos de apanhar um shuttle para nos levar da parte sul para a parte norte; na segurança a minha mãe esqueceu-se de tirar os líquidos para fora e o meu pai a lâmina de barbear (que normalmente não é preciso tirar, mas que em Londres sim) - tiveram de esperar que as malas fossem revistadas e, mais uma vez para nosso azar, havia mais malas a serem paradas do que a andar. Por fim, quando chegamos à área das partidas, já o nosso avião não se encontrava no quadro.
Poupo-vos a todos os procedimentos que envolvem a saída de um aeroporto pelo sítio que não era suposto. Resta-me dizer que levei aquilo com descontracção e com a certeza de ter mais uma experiência nova na bagagem, que nem toda a gente se pode gabar - lembrei-me muitas vezes da sorte que tenha em não ter um trabalho onde me despedissem por faltar e por ter capacidade financeira para poder passar mais uma noite na capital inglesa e para comprar outro vôo de volta a casa sem ter preocupações de maior. O nosso grupo de "retornados" era de 15 pessoas, todos com vôos da EasyJet que partiram por volta daquela hora e que, presumo, também foram afetados pelo atraso do comboio maldito - e alguns deles não estavam claramente na nossa situação. Para mim, já que aquilo tinha acontecido, já só queria aproveitar as horas restantes que Londres tinha para me oferecer. E assim fiz.
Apesar de todos os percalços e peripécias - que, pelos vistos, é uma espécie de "sina" minha, porque nunca escapo a estas coisas - foi muito bom voltar a Londres. E é engraçado pensar como a minha percepção da cidade mudou, desde há 9 anos para cá - já não a vejo como a cidade cinzenta e triste que me lembro, mas carregada de histórias para contar e pessoas para me mostrar; e até uma luminosidade incrível, que sei que pode não corresponder totalmente à realidade, mas que está marcada na minha memória.Não me perguntem como nem porquê, mas sinto que esta cidade faz parte de mim; sinto que flutuo nela, que tudo me é natural lá. Adapto-me bem em Inglaterra - sei que muito por culpa da língua, que não forma nenhuma barreira para mim - e pretendo voltar em breve. Voltar sozinha é uma possibilidade que está em cima da mesa, uma vez que é uma experiência que quero muito ter e que sinto que seria perfeita em Londres.
Restam-me as boas memórias, as compras que fiz (posso mostrar, se quiserem - porque embora tenha ido com a mala vazia, veio bem mais carregada...) e, claro, as fotos! Os nossos roteiros não saíram muito dos turísticos e, desta vez, não visitei museus. Passei por Oxford Street, fui ver o Mamma Mia ao Novello Theater, fui a Leicester Square, ao Palácio de Buckingham, a Camden Town e Chalk Farm, a Picadilly Circus e à loja dos M&M's e tirei umas fotos em cima do Tamisa e com vista para o Big Ben e para o London Eye. Ah, e já que o meu hotel ficava mesmo colado a King's Cross, fui (demasiadas vezes) à loja do Harry Potter - não tirei foto à entrada da Plataform 9 3/4 porque as filas eram verdadeiramente intermináveis - mas a vontade de ir ao museu do HP aguçou-se ainda mais e está definitivamente no próximo plano de viagem.
Já fiquei com saudades. Começo a achar que Londres detém mesmo uma parte de mim.