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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

29
Mai16

Acabei de descobrir o meu instagram favorito

Quem me conhece sabe que eu adoro porquinhos anões e que gostava imenso de ter um de estimação. As pessoas acham que os porcos são necessariamente animais de quinta e é mentira: conseguem ser limpos, ter uma vida doméstica normal e, para além disso, são super inteligentes. E, claro, já não estou a falar da grande evidência: são só a coisa MAIS FOFA deste mundo e do outro.

À custa disto já tenho dois porquinhos de peluche algures pelo meu quarto. De tanto pedir um porquinho de estimação, a minha mãe e irmã - já por duas vezes! - me presentearam com porcos no Natal. Esqueceram-se do facto de que aqueles que me deram eram de peluche, mas esse é um pormenor que não interessa nada, não é verdade?

Mas bem: hoje, enquanto recuperava da minha gripe e passeava pelo instagram, fui ver o que estava "trending" e dei de caras com o melhor e mais fofo instagram de sempre. Já estão a ver o que é, não já? Passo-vos então a apresentar o instagram do "Paddington, The Pig", um porquinho anão de seis meses que "publica" fotos e vídeos diariamente (para meu delírio).

Passei a hora seguinte a ver a rever as fotos e os vídeos dele e a não acreditar como é que há coisas tão fofas neste mundo. Ainda por cima a dona veste-o, dá passeios na rua com ele e filma-o a brincar na sua piscina de bolas, a ressonar ou a adormecer enquanto ela lhe faz festinhas na barriga. A sério, isto é demasiado para o meu coração. (e a forma dele andar??? não se aguenta!)

 

 

28
Mai16

As coisas que não têm lugar

Andei durante os três meses de estágio a acumular tralhas dentro de gavetas e armários. Pensava sempre "para o próximo fim-de-semana tenho de arrumar isto", mas nunca acontecia: ou porque estava sol e eu queria aproveitar para apanhar vitamina D e pôr a leitura em dia; ou porque estava cansada e queria dormir; ou porque tinha outras coisas combinadas; ou, simplesmente, porque preguiçar me parecia melhor ideia. Até desabafei isto com as minhas colegas de trabalho, muito mais experientes nisto de trabalhar-5-dias-por-semana-e-ainda-ter-de-fazer-tudo-o-resto e elas bem me avisaram que eu tinha de me obrigar a fazer as coisas, senão bem que tudo morria no sítio onde eu tinha acumulado a tralha. Até consegui faze-lo uma vez ou outra (arrumei os postais, algo que estava para fazer há uns 3 anos!), mas a maioria dos "arrumos temporários" ficou por tratar.

Essa é uma das tarefas que quero fazer nestes primeiros dias de férias. Arrumar tudo - e não só aquilo que está à vista (sim, porque a minha secretária está sempre impecável... o truque é não olhar para as gavetas). Já comecei pelo quarto-de-banho e aproveitei para fazer umas mudanças e agora falta tudo o resto: a secretária, os armários, as gavetas, as mesinhas de cabeceira, as estante. Enfim, todo um mundo de coisas. 

Mas a verdade é que, por muito que limpe e arrume, há sempre coisas que continuam ali encravadas no mesmo sítio... porque não têm mais sítio para ir. Os livros vão para a estante, as canetas para o copo em cima da secretária, a máquina fotográfica para a mochila, as sapatilhas para o armário. E aquelas tatuagens temporárias que há um ano estavam na moda e que temos enfiadas numa gaveta algures? E aquele papel muito giro que vinha numa revista e que guardamos para fazer um recorte que nunca mais na vida vamos fazer? E aquele mapa de Londres que guardamos porque nos pode vir a dar jeito no futuro?

São coisas totalmente aleatórias, que muitas vezes nem sabemos como nos aparecem nas mãos mas que, pelos vistos e numa altura qualquer, decidimos guardar e esperar que numa próxima vida sirvam para alguma coisa - ou que temos simplesmente pena de deitar fora. O pior  é que não cabem em nenhuma "categoria de arrumação" e tudo o que apetece é deita-los numa qualquer caixa, estilo pandora, e esperar que elas se auto-arrumem e encontrem o seu caminho para uma vida arrumada e organizada, como todos os outros items do nosso quarto. 

E pronto, isto tudo para dizer que DETESTO coisas que não têm lugar. Digam-me, por favor, que não estou sozinha nesta luta.

 

27
Mai16

Sobre a passagem do tempo

Hoje - o meu primeiro dia de férias daquelas que serão, provavelmente, as minhas últimas férias grandes - fui fazer uns recados, incluindo uma ida ao correio, que fica mesmo ao lado da minha escola secundária. Como de costume estava meio mundo dentro dos CCT - uma pessoa perde uma vida de cada vez que lá vai. Tinha vinte pessoas à minha frente e o que me sobrou foi tempo para ver o que me rodeava.

Pouco depois de eu ter entrado, entrou também um grupo de amigas que tinham claramente aproveitado o intervalo da escola para enviar qualquer coisa. Ficaram ali perto de mim e eu estive a reparar nelas, de calções curtinhos ou super skinny jeans, mochila pousada só num ombro mas, ainda assim, com o caderno de fora para mandar alguma pinta e uma maquilhagem mais perfeita do que eu alguma vez consegui fazer a mim mesma. Nos aspetos físicos eram diferentes de mim, mas as conversas delas fizeram-me retroceder no tempo. Falaram dos professores, das aulas, dos testes, dos dramas do tão afamado concurso de dança que sempre houve lá na escola - e, por fim, inventaram uma desculpa conjunta por chegarem atrasadas às aulas seguintes por estarem nos correios com meio mundo à frente delas (tal como eu estava). E nisso eram iguaizinhas a mim. No fundo, iguais a todos os estudantes do secundário.

E eu sinto que aquela realidade me é super próxima. Sempre que passo em frente à escola sinto que continua a ser a minha escola; espreito sempre para ver se estão professores à porta e sinto que aquele ainda não deixou de ser um mundo meu. Não sei porquê, mas a minha cabeça dá o salto automático desde o secundário para a fase em que estou agora, pré-mercado de trabalho, sem dar grande conta dos três anos da faculdade. De tal forma que, quando me perguntam que idade tenho, disparo automaticamente "18". E isto não aconteceu uma ou duas vezes: acontece sempre. O meu cérebro parou ali e acho que também por isso continuo a achar que só saí da escola o ano passado e que tudo continua igual a sempre.

É difícil acreditar como as coisas passam tão rápido. Como há decisões que custam tanto a tomar, como nos dói e como sofremos e, depois de tomadas, a vida avança como se nada fosse até à próxima etapa, cheia de novas e difíceis decisões pelo caminho. Sinto que foi há um par de dias que saí de lá com a mala no ombro, sem carta de condução e à espera da boleia do meu pai para me levar a casa; e agora estou a uma cadeira de terminar a faculdade e com um posto de trabalho à minha espera em Setembro. É assustador.

 

 

27
Mai16

Este post pode ser polémico e não é aconselhável a fãs de Johnny Deep

Pois, meus caros amigos (ou deverei dizer amigas?), podem esfolar-me viva e chamar-me louquinha, mas eu nunca - mas mesmo nunca! - percebi o encanto do Johnny Deep. E eu admito que quando soube de que a sua "soon-to-be-ex-wife" meteu os papéis para o divórcio fiquei admirada. E quando digo admirada é precisamente por ela não o ter feito mais cedo!

Isto ainda por cima coincidiu com o facto de ele andar a promover o seu novo filme da Alice naqueles talk-shows americanos que eu tanto gosto de ver. Como não sou fã dele, é raro ver fotos ou acompanhar a sua evolução - e fiquei em choque com o facto de ele conseguir estar ainda mais feio do que antes! Tudo bem que ele podia ter charme, que usava aqueles óculos de sol todos estilosos e que às vezes até tinha uns penteados que o favoreciam (como na altura d'"O Turista", com a Angelina Jolie). Mas agora está inchado, com um cabelo horrível, os olhinhos de carneiro mal morto que o caracterizam e com aquela voz arrastada do costume, de quem está constantemente pedrado e com o cérebro a funcionar à velocidade de um caracol. Mas o pior - e não, não vou falar dos trinta anéis que ele usa - são mesmo os dentes de ouro e/ou prata. Desculpem, mas é MEDONHO.

E pronto, tenho dito. Acho que é melhor pôr-me a frosques antes que alguém me encontre e me tire a tosse, depois de ler isto. (Mas antes, vou só acrescentar uma foto para provar o meu ponto de vista - e ai de quem diga que ele continua um "gato". A sério. Sejamos francos.)

 

Johnny-Depp.jpg

 

(será ouro? será prata? será cobre? ou é só mesmo um dente podre?) 

26
Mai16

Começo a sentir as rugas

Há uns dias estava deitada no sofá, à hora do almoço, à espera que os meus sobrinhos chegassem da escola. Estava a fazer zapping e tropeço num episódio dos Morangos com Açúcar, bem antiguinho, num dos canais que andam a repetir a série. Decidi matar saudades e deixei-me ficar a ver, nos 5 minutos que tinha até ao almoço ser servido. Entretanto chegam os meus sobrinhos. O mais velho, com dez anos, diz-me, com um ar surpreendido:

- Vês Morangos com Açúcar?! 

- Não, mas já vi.

- Ah, eu agora vejo! - responde-me ele, entusiasmado.

No breve momento em que eu respondi "mas já vi" e ele falou, ocorreu-me um pensamento terrífico. Caiu-me tudo e disse-lhe:

- Vi quando tu ainda nem sequer tinhas nascido.

 

É oficial: estou velha e acabada.

25
Mai16

O último dia da minha versão estagiária

Lembram-se de ter escrito que este era agora o blog de uma estagiária, aí há uma semana atrás? Pois, têm razão - não foi há uma semana, mas parece: foi há pouco mais de três meses e hoje, o capítulo que abri nesse dia, foi fechado. Hoje foi o meu último dia de estágio e eu já estou um bocadinho atrapalhada por saber que já não tenho para onde ir para a semana que vem.

Sofri muito por antecipação com este estágio; sofri também por, numa fase mais avançada, não saber o que escolher. Mas hoje sinto a melhor sensação de todas que é, para além de missão cumprida, saber que fiz a escolha correta. Não fiquei a servir cafés, não fui maltratada, não fui posta de parte, não estive fechada numa cave, não estive horas sem fazer nada. O meu estágio foi tudo o que eu podia pedir: foi não só uma experiência de trabalho mas também - e acima de tudo - uma experiência para crescer enquanto pessoa. 

Mais uma vez, aprendi a ver para além dos preconceitos. Quando, por exemplo, me apercebi que ia integrar uma equipa só de mulheres, até me arrepiei só de pensar. Hoje sei que uma equipa só de mulheres pode funcionar tão bem como todas as outras - ou até melhor. A alegria e a maluquice daquele escritório era contagiante e não houve um dia, nestes três meses de estágio, em que as minhas colegas não me tenham feito rir. Ri até chorar e dei por mim a partilhar experiências e pensamentos com elas que só partilhei com um par de pessoas em três anos de faculdade.

Eu sei que um dos meus problemas ao interagir com os outros é não aceitar que eles possam gostar de mim. Sinto que sou sempre substituível (aliás, agradavelmente substituível, porque acho sempre que me querem ver pelas costas), algo a dispensar, que ninguém gosta de ter por perto. Sinto isso em relação a todas as pessoas que me rodeiam, com excepção dos meus pais e dos meus irmãos. E ali, apesar de às vezes o contrário, também sempre achei que queriam a "intrusa" fora dali. Mas hoje, para minha surpresa, foram ao supermercado e compraram-me uma série de coisas para um lanche de despedida. E à saída a minha colega de mesa - que, indiscutivelmente foi a pessoa com quem me liguei mais - perguntou-me: "vais mesmo embora? Não voltas mais?". E eu disse que não, que não voltava. E depois pensei melhor e, com umas coisas ainda para tratar em cima da mesa, adiei a despedida que mais me ia magoar o coração e disse: "oh, afinal venho segunda tratar disto". E eu vi na cara dela um "ainda bem" que, na minha leitura, foi o mesmo que me dizer que, afinal de contas, eu não era um estorvo por estar a roubar o cantinho da secretária dela. E esse foi o único do momento do meu dia em que me apeteceu largar a chorar, porque percebi que podia não ser a estagiária dispensável, a chata, o estorvo. Acho que, por isso, até neste campo aprendi qualquer coisa. 

Foram três meses cheios e dos quais vou ter saudades. Do ambiente daquele escritório, da vista para o mar, dos quinze minutos de carro que demorava a viagem e, claro, das minhas colegas, com as suas conversas sobre comidas, figuras públicas e empregadas de limpeza. Foram três meses em que não custava acordar para ir trabalhar, em que sabia que todos os dias iam ser diferentes e com qualquer coisa nova para rir e aprender. Porque posso não ter ganho um cêntimo como retorno do meu trabalho, mas saio extremamente mais rica.  

23
Mai16

Adele [ou o concerto de uma vida]

É difícil descrever o concerto da Adele ontem no MEO Arena. Eu chorei como uma madalena perdida, porque a música é algo que mexe realmente comigo. Ouço música todos os dias, principalmente enquanto trabalho e escrevo - aliás, os primeiros dias de trabalho custaram-me bastante por passar tantas horas sem música como barulho de fundo (depois percebi que não havia problemas em usar auriculares e tudo melhorou). A Adele tem músicas particularmente deprimentes, o que, como sabem, coincide muitas vezes (e infelizmente) com o meu estado de espírito - por isso eu já perdi a conta às vezes que já chorei, deprimi e escrevi ao som de todas as músicas dela. Tenho fases em que ponho o spotify em repeat mode nos álbuns dela e posso passar dias a ouvir aquela voz incrível .
Ao todo foram mais de 150€ gastos só para a ouvir - e, meus amigos, valeu cada cêntimo! Não sei quando é que ela volta a fazer uma tour e não podia mesmo perder esta oportunidade - acho que ela própria não sabe se repete a aventura e tratou de não fazer a coisa menos que perfeita. Porque foi, de facto, perfeito.
Na minha cabeça, Adele fez um concerto à semelhança de um concerto que gostaria ela própria de ver - e semelhante aos que antes fazia, em espaços pequenos e intimistas. Porque nós éramos milhares ali dentro, mas ela parecia olhar e interagir com cada um de nós, como pessoas individuais. E eu adoro artistas que se esforçam por isso, que interagem com o público, que não os deixam sentir que são só mais uns - e ela faz essa gestão na perfeição. Falou imenso, chamou pessoas ao palco, tirou selfies, assinou cd's; reparou que os fãs que estavam na primeira fila eram os mesmos do dia anterior e, a meio de uma música, avisou os seguranças de que uma pessoa estava a desmaiar (e não, a pessoa não estava à frente dela - estava longe, numa lateral e no meio da multidão). Mostrou-se a artista mais humana que vi até hoje. Mais sincera.
Falou sobre a criação das suas músicas, do namorado que originou isto tudo, da comida portuguesa, do filho, de ter ido ao oceanário e à praia . Disse que estes tinham sido as maiores e melhores plateias para quem já tinha cantado - e embora eu já tenha ouvido tanto elogio à plateia portuguesa que já acho que é tudo planeado, perante toda aquela sinceridade, acreditei.
O espetáculo é aparentemente simples, sem grandes produções, mas o estilo minimalista torna-o gigante. A voz dela é simplesmente mágica (e a clareza com que se ouvia tornou-a ainda melhor). As imagens que passaram em plano de fundo eram incríveis e não pude deixar de me arrepiar quando vi Lisboa em "Hometown Glory" e de chorar perdidamente quando passaram fotos dela em pequena e adolescente em "When We Were Young" - principalmente depois da explicação que ela deu antes de a cantar.
Adele é uma artista completa e, para mim, uma das melhores de sempre. As músicas podem ser deprimentes mas ela tem um sentido de humor genial, acompanhado de uma humildade e respeito pelo público como poucos artistas têm (basta começar pelo "pormenor" de ter começado o concerto a horas). Ouvia tudo aquilo vezes sem conta - e juro que acho que não me cansava. Saí do MEO Arena tão emocionada e inspirada por ter podido testemunhar aquele momento épico que me apetecia chorar de felicidade e descarregar todas as emoções que acumulei naquelas duas horas.
O ano ainda não vai a meio, mas eu desconfio que este concerto já ganhou o troféu do melhor de 2016. E entra certamente para a lista dos mais marcantes da minha vida.

 

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 (fotos Getty Images&DN, respetivamente - eu não saquei do telemóvel durante o concerto inteiro)

21
Mai16

366 dias depois... (ou uma viagem no tempo até ao Fora da Caixa)

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Há cerca de um mês atrás tinha planeado escrever um post a propósito de fazer um ano desde que filmamos a primeira reportagem para o Fora da Caixa. Quem acompanha o blog diariamente deve ter-se apercebido que esse post não foi para o ar - porque nunca o consegui acabar de escrever. Há experiências tão complexas e indescritíveis na nossa vida que se torna difícil falar sobre elas - pelo menos de uma forma justa; é difícil dar a entender aos outros aquilo que essas experiências foram para nós, porque por serem tão "grandes" e terem tomado determinadas dimensões na nossa vida parece que, por mais que digamos e escrevamos, tudo fica aquém da realidade.

Isto serve para o bem e para o mau - há coisas indescritivelmente felizes e outras indescritivelmente tristes. Já tive das duas e todas me marcaram de tal forma que sinto que chegaram mesmo a mudar o rumo da minha vida. O Fora da Caixa foi a última experiência desse género que tive - e pode não ter mudado a minha vida completamente, mas foi definitivamente um ponto de viragem, tanto a nível pessoal como universitário.

Faz hoje um ano em que o programa foi para o ar, o culminar de vários meses de trabalho e de vivências intensas que não consigo esquecer. E por muito que não faça jus a tudo isto, hoje não podia deixar de escrever sobre o programa que marcou a minha vida, o meu "bebé". Faço, por isso, um post um bocadinho diferente do normal - quase que como uma "viagem", entre texto e fotografias, algumas que ainda não tinha mostrado a quase ninguém.

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Porque eu posso, de facto, escrever os quilómetros que quiser sobre esta experiência - mas nunca vou deixar de sentir que não estou a transmitir de forma digna e fidedigna o suficiente aquela experiência, de forma a explicar o efeito colossal que aqueles três meses de stress, pressão e trabalho brutais surtiram na minha vida. Talvez só as pessoas mais próximas consigam entender, até por verem o "antes do Fora da Caixa" e o "depois do Fora da Caixa" da Carolina. Acho que a minha família e amigos mais próximos nunca duvidaram das minhas capacidades, e todo o orgulho que sentiram em mim foi para além daquilo que foi para o ar e do trabalho que fiz - foi por perceberem que os outros também perceberam um bocadinho de quem eu era, algo que em todos os anos de escola e faculdade eu nunca tinha sido capaz de fazer.

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 A frase que mais ouvi depois do programa é que quem tinha saído fora da caixa tinha sido eu - e não posso nega-lo. A minha relação com a universidade mudou assim como a minha relação com os meus colegas - que deixaram de ser só caras e passaram a ser pessoas, a ter qualidades e defeitos, para além de estigmas e rótulos que atribuímos inevitavelmente às pessoas antes de as conhecermos devidamente. Fiz amigos e criei conexões, que foi algo que nunca tinha feito - e que a vida, no fundo, me obrigou a aprender. E tive experiências que não esperava - não esperava nunca sair em reportagem, falar com as pessoas, interagir com elas. Não esperava ter de idealizar um cenário, ter o stresse de não ter quase um convidado em estúdio. Na verdade, nem sequer esperava ter sido tão feliz como fui, uma vez que os relatos dos anos anteriores eram de zangas, brigas e chatices, mais do que outra coisa qualquer. Mas, pelo contrário, o Fora da Caixa deu-me tudo o que era previsto e muito, muito, muito mais.

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Digo-o, sem pudores, que foram dos 3 meses mais felizes da minha vida - também por terem sido vividos depois de um meio ano particularmente difícil para mim e para a minha família. Eu tenho muitos defeitos na minha lista para apontar - e sei que o meu constante estado pessimista, de não aproveitar tudo o que a vida me dá e a sorte que tenho é um deles. Mas, por outro lado, tenho a capacidade de perceber os momentos em que estou feliz e de os aproveitar ao máximo; de lhes tirar todo o sumo, até à última gota, até só ficar mesmo a casquinha. E foi isso que fiz. Dei tudo de mim, até à última gota de suor, a última lágrima, o último grito de irritação ou de vitória e o máximo dos minutos do meu dia, até cair todos os dias redonda de cansaço na cama.

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Não sei se foi isso que fez deste um dos melhores programas que CC já viu (e não, não vou ser modesta em algo que tenho a certeza), mas tenho a consciência tranquila relativamente ao meu trabalho. Ainda hoje há quem me fale do programa, que me dê os parabéns. Fiquei espantada quando há uns tempos, numa reunião pré-estágio, um professor veio ter comigo e me perguntou o que estava ali a fazer. Eu olhei para ele de soslaio, como quem diz "queria que estivesse onde?!" e ele, percebendo o meu olhar confuso, disse: "achei que estivesse em multimédia". Eu achei aquilo estranho, porque tinha a certeza que nunca tinha partilhado com nenhum professor a minha antiga ideia de ir para engenharia informática - só daí é poderia vir a ideia que enveredaria por um ramo que não assessoria. Perguntei porquê e ele respondeu, para meu espanto, que achava que a minha posição de realizadora no Fora da Caixa me tivesse feito perceber que tinha um dom. E sim, ele disse a palavra "dom". E eu fiquei abanada, sem sequer conseguir ouvir bem a conversa que se seguiu, sobre o facto de se precisarem de pessoas no cinema em Portugal e etc. Fiquei orgulhosa, não posso esconder.

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Agora restam-me as saudades - e, acreditem, tenho muitas. Agora que a faculdade está definitivamente a ficar para trás das costas, esta é a única altura de que sinto saudades e que sei que voltava atrás mal me dessem essa oportunidade. Só tenho pena que uma faculdade destas não promova mais atividades deste género e que não incentive (ou permita) os alunos a continuarem este tipo de coisas, como era a nossa vontade. Por mim ainda hoje ali estava, a fazer um programinha uma vez por mês e a alimentar o bichinho que nasceu em mim no que diz respeito à realização. Acreditem que nunca mais vi programas de televisão da mesma forma.

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Hoje, quando assisto aos novos programas de CC dos novos alunos de segundo ano, quase que consigo sentir a adrenalina deles. E, claro, o que mais sinto é saudade. Vivia tudo de novo. As alegrias, as tristezas, os fracassos, as zangas, as amizades, as conquistas, os dramas, a descoberta, o stress, a pressão, o trabalho. Tudo. 

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Mas o tempo não volta atrás e restam-me as memórias. As fotografias que partilho em cima (e muitas outras que tenho guardadas algures nos arquivos do computador) e os vídeos, do programa e do making of. Termino apenas com uma confissão: mesmo passado um ano, nunca vi o programa na íntegra. De cada vez que ligo o vídeo, a minha mente avança para as milhares de memórias que tenho em relação a isto. Lembro-me do que se estava a passar na régie, do que dizia, do stresse - e quando olho outra vez para o ecrã, os minutos tornaram a passar sem eu dar conta e sem eu ouvir - de novo! - o que estava a ser dito.

É demasiado para um coração que, mesmo passado um ano, ainda não aguenta tanta emoção. Há experiências maiores que nós próprios e esta é uma delas. 

 

 

20
Mai16

Os ovinhos de Santa Clara

Restam-m três dias de estágio e as saudades já apertam. Tem sido uma experiência enriquecedora a todos os níveis - tenho aprendido muito. Sobre mim, sobre a vida, sobre os outros, sobre a comunicação nas empresas, sobre a têxtil, sobre figuras públicas, sobre família, filhos, pais, religião, moda. Tive a sorte de cair no meio de uma equipa de mulheres que são loucas à sua maneira peculiar mas incrivelmente saudável; que trabalham mas que convivem, que riem até chorar e que choram quando assim tem de ser; que tanto falam pelos cotovelos como estão no segundo seguinte concentradíssimas a olhar para o papel que têm à frente. Mas sobre tudo isto falo daqui a mais uns dias, quando já não tiver de viajar todos os dias para a frente do mar; quando já não entrar por aquela porta e já não me rir, no máximo, nos 5 minutos seguintes por qualquer patetice que por lá se passa.

Como disse, um dos tópicos que também aprendi nestes três meses foi religião e fé. Sempre foi algo em que me senti "pobre" em conhecimento, porque apesar de ouvir falar e discutir alguns assuntos, tenho de facto pouca experiência. Cresci no seio de uma família de cultura cristã, mas aqui em casa ninguém é praticante - e dividimo-nos entre os crentes, os agnósticos e os ateus. Eu fico entre as últimas duas categorias, dependendo da fase da minha vida. Fui batizada mas nunca pus um pé na catequese - e o único ponto negativo que tiro disso é mesmo a minha falta de cultura no que diz respeito a assuntos religiosos, porque nunca senti nenhuma ligação a este tipo de coisas de forma a me apetecer ingressar nestas aulas. Os meus pais deram-me o poder de decisão e eu sempre disse que não queria ir - e não me arrependo minimamente. 

Mas nestes últimos tempos no escritório temos discutido as questões da religião e fé quanto baste - duas filhas das minhas colegas vão fazer a comunhão e eu, leiga como sou, aproveito para sorver toda a informação possível e aprender o mais possível. Também me tenho rido quanto baste - uma delas está a aprender as músicas para cantar no coro e eu vou pesquisando as músicas no youtube, para ela ir treinando, e é toda uma risota. Discutimos também os rituais, como se faz isto e aquilo, das confissões aos padres até às festas que se fazem em casa. Enfim!

Nas últimas duas semanas andamos toda atentas à previsão do tempo, sempre na expectativa de estar um sol radiante este fim-de-semana, para que tudo corra na perfeição. No entanto, depois de tanta expectativa, treino e conversas, o dia aproximava-se cada vez mais e a previsão de tempo não era a melhor. E no escritório decidiram passar para o plano de emergência. E qual é o plano de emergência, perguntam vocês? Pôr ovinhos em Santa Clara.

Não se sintam totós, porque eu também nunca tinha ouvido falar disto na vida - mas, pela pesquisa que fiz, é uma tradição até conhecida nos sites de casamentos para quem prefere ter um casamento abençoado sem ser molhado. Segundo diz a "lenda", quando se precisa de bom tempo e as previsões não são as melhores, deve-se levar uma dúzia de ovinhos à igreja de Santa Clara. Devem ser caseiros (não há cá forretices!) e, pelos vistos, devem ser levados por uma mulher amiga e próxima da família da noiva ou anfitriã da festa (dependo do evento). É deixar lá os ovinhos, ter uma conversinha com a "senhora" e esperar o melhor. 

A emergência agora era mesmo encontrar os ovos caseiros - e eu aí fiz a minha boa ação do dia e levei uma parte dos ovos, patrocinados diretamente pelas minhas galinhas. Não sou de acreditar nestas coisas, mas tinha piada se resultasse - e não custa tentar, em prol de umas festas mais quentinhas. É esperar que resulte. 

17
Mai16

Uma ideia milionária (ou não)

Escrevo-vos enquanto degusto a minha mais recente paixão, aquela por quem sonho dia e noite e que me contenho para não comer mais vezes: os húngaros. Fui busca-los ao fim da tarde, no sítio onde para mim os fazem melhor: a Padaria Ribeiro. Ao contrário dos húngaros que mais se vêem por aí, estas bolachinhas são mais duras e crocantes, mas não deixam de se desfazer quando encontram o calor da nossa boca. E o chocolate? Não podia estar mais no ponto. São só assim a melhor coisinha desta terra.

Já provei húngaros de outras pastelarias, às vezes naquela loucura de satisfazer uma paixão intensa, mas não é a mesma coisa. Até já fiz em casa, mas o resultado ficou longe do esperado - tanto no sabor da bolacha, como na textura e até no chocolate (que ficou terrível). Fiquei desgostosa por, depois de tanto trabalho a amassar, estender e cortar o resultado final não tivesse sido do meu agrado - principalmente tendo como padrão as da Padaria Ribeiro, diferentes de todas as outras que comi. 

E foi aí que eu tive uma ideia que, acredito, pode vir a ser milionária. Na têxtil (e mais propriamente na tinturaria) existe o computador de cores, que consiste em colocarmos uma amostra de um determinado tecido sobre um "scanner" especial e o computador ligado a esse aparelho deteta a percentagem de cada cor necessária para se obter exatamente uma cor igual àquela. Logo, baseado neste princípio, não era absolutamente espetacular termos um aparelho que experimentasse um determinado doce e nos dissesse que precisávamos de "50g de farinha", "100g de açúcar" e por aí em diante?

Ou isso ou vamos diretamente à padaria pedir a receita, com a maior lata do mundo. O que, vá, pode ser um bocadinho chato. Continuo a preferir a máquina.

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