O novo Presidente da República
Gostei mesmo muito de ver a reportagem que a TVI fez sobre a campanha de Marcelo Rebelo de Sousa (que passou no domingo e na segunda). Só hoje tive oportunidade de a ver e vale cada minuto. Já o disse e repito: a TVI pode ter todos os defeitos do mundo, ter apresentadores escandalosos, programas popularuchos e reality shows indecentes - mas tem reportagens muito boas, com temas pertinentes, testemunhos poderosos e uma edição espetacular. E a última, sobre o novo Presidente da República, não foi diferente.
Apesar de ter escrito aqui que não queria Marcelo a presidente (não por ser um potencial-mau-presidente, mas sim porque se perderia um bom professor, comentador e um rol de características que apreciava nele e que vão ter de se desvanecer enquanto estiver nesta posição), foi nele em quem votei. Por várias razões: primeiro, porque se aproxima do quadrante político com que simpatizo; segundo, porque estava cansada da campanha e da lavagem de roupa suja daquelas duas semanas, em que o que menos se ouviram foram ideias políticas mas sim ataques pessoais entre candidatos; e, por fim, porque queria que isto se resolvesse à primeira volta, que gastar dinheiro noutra volta às urnas, quando todos sabíamos que ele ia ganhar, pareceu-me altamente desnecessário.
E, depois de ver a reportagem, não me arrependi do meu voto. Para além do interessante que é ver o "behind the scenes" de uma campanha presidencial, deu para perceber um bocadinho mais da pessoa que ele é, dos tiques de "pessoa normal" e a forma coloquial como levou esta campanha avante. A mudança de Cavaco Silva para Marcelo Rebelo de Sousa no cargo da Presidência da Républica vai ser, para mim, semelhante à mudança do Papa Bento XVI para o Papa Francisco no Vaticano. No fundo, uma transição de algo muito tradicional, formal e rígido para outra coisa mais leve, próxima do seu povo, sem tantas manias e altivismos. Alguém que sabe ser um de nós. E, neste caso - e espero eu! - alguém mais ativo na vida política do país.
Que Marcelo tenha a coragem de ser coerente com todos os comentários que fez ao longo dos anos e que tenha mão nisto. Que seja ativo, que tenha a capacidade de tomar decisões duras quando tal é preciso e que não sirva só de corpo presente, como aconteceu nos últimos dez anos. Acho sinceramente que pode fazer a mudança. Já que se sacrificaram tantas facetas de Marcelo em prol desta, que o faça bem. Estou esperançosa.