Um novo corte para uma nova fase
Nos últimos dias desta minha "prisão", não conseguia parar de pensar no quanto queria cortar o cabelo. Aquilo que era só uma mera ideia há um mês atrás tornou-se uma necessidade. Precisava de mudar, de estabelecer um fim num capítulo menos positivo e assinala-lo de alguma forma. Já não é a primeira vez que o faço e as mudanças no cabelo sempre me souberam pela vida.
O meu cabelo, apesar de longo, estava como eu: resignado àquilo, "preso" por circunstâncias (e vontades) que lhe eram externas, sem forma, sem grande vida, sem personalidade. E enquanto estava deitada no sofá durante todas as horas do dia, pensava muitas vezes em como queria mudar, em como queria tanto que isto acabasse e de o assinalar de alguma forma.
Foi por isso que, mal me vi sem os pontos e vi que me conseguia sentar (ainda que por tempo limitado), liguei para o cabeleireiro e marquei para dali a duas horas. Sabia exatamente o que queria - tinha visto, ao longo dos últimos dias, centenas de penteados curtos e tirado ideias dos meus preferidos; gravei imagens no telemóvel, ponderei o que me ficaria melhor. E, quando lá cheguei, disse exatamente o que queria, com todos os detalhes, e mostrei imagens de tudo: de como queria a parte de trás, de como queria a repa, de como queria o ondulado. E mesmo antes de o secar e ver o resultado final, percebi que tinha ficado exatamente como queria. Perfeito.
Pode parecer fútil ou parvo o facto de a primeira coisa que eu fiz mal pus os pés de casa foi ter ido a um cabeleireiro, mas eu não o vejo como tal. Vejo-o como uma marcação de um novo início e de algo que já queria há algum tempo. Uma lufada de ar fresco. Arriscar, sentir aquela adrenalina do corte. Sentir-me viva e bonita como já não sentia há meses. Porque um corte pode não ser (e não é, no meu caso) só um corte; a imagem importa, a auto-estima importa e sentirmo-nos bem connosco mesmos também importa - e muito!
Sinto-me pronta para o que aí vem. Que esta fase seja tão fresca, vibrante e com tanta personalidade como o corte do meu cabelo. Devo admitir que estou ligeiramente apaixonada por esta cortadela.
(para quem não estava a par, há dois meses, estava assim - ontem já estava, portanto, um bocadito maior:)