De volta à primária (ou quase)
Este fim-de-semana os meus colegas da primária decidiram juntar-se para tomar um café e estarmos juntos, depois de tantos anos sem nos vermos. Fomos poucos (acho que não chegamos a dez, quando na nossa turma éramos cerca de vinte e cinco), mas mesmo assim não perdeu a piada.
A verdade é que já mal me recordo de quem era da minha turma - lembro-me de praticamente de todos mas já está tudo confuso na minha cabeça: não sei quem foi da primária, do básico e quem continuou comigo no secundário - porque foram sempre ficando alguns, outros desapareceram de vez e outros ainda os reencontrei nos últimos anos de escola depois de vários anos de ausência. Dei por mim a ir ver fotos antigas para verificar se estávamos todos no evento do facebook, de tão perdida que estava.
É engraçado pensar que passamos quatro anos com aquelas pessoas (aliás, no meu caso foi mais, porque ficamos quase todos juntos até ao sexto ano) - que até considerávamos amigos na altura e com quem tínhamos alguma intimidade - e depois o corte foi tão grande que, agora, até parece estranho estarmos todos à conversa. Dei por mim a não saber bem o que perguntar para além daquela conversa de treta que temos sempre com quem não sabemos do que falar: "então e a faculdade?", "então e ainda andas com a outra?", "como vai a tua irmã?". E depois de tudo respondido, restam-nos as coisas que ainda temos em comum: o passado.
A certa altura parecíamos um bando de velhos a rirmo-nos de peripécias que aconteceram há dez anos atrás (e eu acabei de fazer uma pausa para fazer esta conta dolorosa - estou velha!): dos casamentos, em que um colega era o padre, onde havia alianças de papel de prata, véus feitos com pano que eu trazia da fábrica e onde o copo de água tinha iguarias e bebidas tão boas como terra misturada com água; de quando nos vestimos de legumes para o carnaval; de quando fomos fazer húngaros e pão a uma pastelaria ali próxima. Enfim! Tanta coisa! E é incrível como eu me lembro de muitos pormenores - talvez até mais do que no básico.
Resumo da história: foi giro, estranho (o mais estranho de tudo foi mesmo ouvir as vozes dos rapazes - completa e totalmente diferentes, parecia que estava a ouvir uma voz do além - estranhamento grossa - num corpo que me era conhecido) e onde houve promessas de um jantar no futuro, com a nossa professora incluída. A ver vamos.