Para o lanche apeteceram-me panquecas. Fiz a receita que mais gosto, de que resultaram, nada mais nada menos que... dezasseis panquecas. Só para mim. E eu olhei para aquela torre de panquecas e só comi duas, não tive fome para mais.
Agora ando numa fase em que me apetece cozinhar (doces, claro), mas nem sequer lhes toco. Faço-os de livre e espontânea vontade, mas longe de mim come-los - no máximo provo-os e não consigo mais. Enfrentei a mesa do pós-programa Fora da Caixa, do aniversário da minha mãe, do churrasco que fiz com os meus colegas de turma aqui em casa e até do São João (onde só me aventurei na tarte de maracujá que adoro de paixão) e raramente toquei em doces. Tenho feito imensos gelados e a única vez em que toco neles, para os experimentar, é quando os tiro da sorveteira; fiz tartes de amêndoa, tarte gelada, natas do céu, mousse de chocolate. E... nada. Imaculada!
Desde há uns meses para cá que me mentalizei que tinha de emagrecer uns quilos. Já consegui o objetivo (perdi cerca de quatro quilos, resultando assim nuns maravilhosos 59 quilogramas - que bem que sabe ir à balança!), mas acho que o meu corpo perdeu a tolerância que tinha ao açúcar. Não sou de fazer dietas rigorosas, mas quando me mentalizo, é para levar à séria - e o que fiz foi aproveitar-me da chegada do verão para comer muita fruta, excluir os cereais de pequeno-almoço (bombas escondidas), trocar os iogurtes normais pelos magros, cortar um bocadinho no pão e, claro, jantar sempre sopa e pouco mais. Nada de exageros, nada de fome - e nunca abdicar de nada que me apetecesse realmente. E enquanto andei stressada e a mil a hora nem tinha tempo para pensar em comer, o que ajudou neste processo todo.
Agora, com a fase de exames, já não se passa isso. Ando ali às voltas na cozinha, com fome de algo bom. Vingo-me na fruta (ainda hoje fui, com as galinhas, comprar fruta fresca e deliciosa à feira), mas há sempre aquela fome de coisas desgraçadas que nunca se mata. E que, ao contrário do costume, não são coisas doces (nem panquecas!) - são pizzas, são francesinhas, são lasanhas. E é sempreee à noite, um verdadeiro inferno. Mas o curioso é a minha falta de apetite doceiro que se evaporou, enquanto que me continua a apetecer cozinhar essas porcarias. Há cenas estranhas nesta vida.