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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

31
Jul15

Chávena de letras - "os 100"

serie os 100 os escolhidos serie the 100 terra fir

 "Os 100" conta a história de 100 miúdos/adolescentes que são os primeiros humanos enviados para a Terra depois do cataclismo, que aconteceu há 300 anos. O livro é escrito segundo o ponto de vista de 4 personagens, 3 enviadas para a Terra e uma que conseguiu permanecer na nave, dando uma perspectiva global de todos os locais onde se passa a narração.

A história teria muito para desenvolver mas, pelo contrário, ficou muito por explicar (embora seja mais do que claro que este será o primeiro livro de uma sequela). Porquê que a nave está dividida em três "povos"? Quais são as regras? Quais as leis de sobrevivência? Acho, por isso, que essa parte do livro está muito pouco desenvolvida - parte-se do princípio que, quando um autor cria um mundo novo, tem de o explicar aos seus leitores (e a desculpa de outros livros não consola, uma vez que são questões basilares para a compreensão de todo o livro e para ter uma visão geral do mundo criado por Kass Morgan).
Fora isso, a ideia original é interessante, assim como o ponto de vista desenvolvido. É-nos levemente contada a história que levou cada uma das personagens principais a estarem no sítio onde estão, através de flashbacks. O livro tem um ritmo intenso, o que ajuda a uma leitura rápida (ou mesmo "devoradora"), que foi uma das coisas que mais gostei.
O fim da obra podia ser o fim de um capítulo normal, pelo que ainda há muito por contar e explicar, obrigando o leitor a comprar a sequela se quiser saber o desfecho de tudo aquilo - sendo que tanto a nave como a Terra ficaram em situações pouco "estáveis", logo percebe-se que ainda há muito para acontecer. A ver vamos se continuarei a leitura com os livros seguintes (que, segundo me apercebi e até à data, ainda não estão editados em português).
É um bom livro para o verão.

29
Jul15

Eu já tive uma casa no Algarve

Eu já tive uma casa no Algarve. Era linda, pequenina; era a melhor casa do mundo. Apesar de não a visitar, como a deixei, há praticamente dez anos, podia desenha-la na perfeição, decoração incluída. Lembro-me da cozinha minúscula, onde não cabiam mais de três pessoas; lembro-me do jardim interior, um quadrado com um metro e meio de lado que não servia para nada mas que acrescentava uma mística à casa; lembro-me da ventoinha da sala, que de cada vez que se ligava dava a sensação de que ia voar; lembro-me do meu quarto, do quadro com as bolas de bilhar e dos dois guarda-fatos, um de cada lado, com uma espécie de toucador no meio; lembro-me da piscina, pequenina mas perfeita, para usar sempre que o calor não deixava respirar; lembro-me do quarto exterior, essa coisa que nunca vi em casa alguma e que fazia daquela a coisa mais gira deste universo - lembro-me dos dois beliches, da casa de banho horrenda e do cheiro a praia que lá morava; lembro-me do alpendre onde estendíamos a roupa, tapado por umas plantas de folhas fúxia que agora não me lembro do nome; lembro-me dos sofás, típicos de casa de praia, com um estampado de florzinhas cor-de-rosa; lembro-me da televisão da sala, que só dava os quatro canais e também do tabuleiro de xadrez que estava imediatamente por debaixo dela, onde, numa manhã, o meu pai me ensinou a jogar damas. 

Podia passar o dia nisto, a descrever-vos cada pormenor daquela casa. Já lá fui depois de a termos vendido, mas estava diferente - perdeu a simplicidade de uma casa de férias, deixou de ser a minha casa. Pintaram-na com mil e uma cores, em vez da simplicidade do branco; deram nomes aos quartos (o do fogo, o da água, o da terra) e anexaram o quarto exterior, dos beliches, à casa, fazendo com que se perdessem para a eternidade todas as noites de loucura que aquele quarto proporcionou. Ainda assim, e porque de cada vez que cheiro o Algarve as saudades apertam, gosto sempre de lá passar, ver que ainda é viva e que, ao menos, alguém é feliz nela. 

Ainda lhe guardo a chave principal, não deixei que a deitassem fora quando fechamos, pela última e derradeira vez, aquela porta de madeira branca. Mesmo quando falamos entre nós, quando temos a típica conversa do "se eu ganhasse o euro milhões", eu digo que não - não queria ter outra casa no Algarve. A casa que eu queria, já a tive, já existe e era aquela.

Eu já tive uma casa no Algarve e tenho muitas, muitas saudades. E hoje, se pudesse fugir, era para lá que ia. Hoje, mais do que as saudades, queria mesmo ter um sítio para onde escapar, um lugar seguro. Mais perto do sol, mais perto do mar quente, mais perto da praia que me faz feliz, mais perto do sossego de alma que só o Algarve me traz.

 

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28
Jul15

Nunca é um bom dia para um fim

Eu era para ter sido uma miúda das ciências. Segundo aquilo que desejava com dez anos, por esta hora, devia estar num curso de engenharia, a saber programar e fazer javascript com uma perna às costas; devia ter como colegas uma população maioritariamente masculina, devia ter estacionamento gratuito na FEUP. Mas não. Descobri a escrita e não quis outra coisa na vida.

Comecei a escrever para acalmar a alma, num período em que precisava disso. Por ter sido (ou estado) sempre sozinha, por ter muita dificuldade em partilhar o que quer que seja com alguém (muito mais quando se tratam de coisas íntimas), percebi que escrever era uma boa terapia, uma vez que fechar tudo dentro de mim não era uma hipótese plausível. Serviu o seu propósito na altura. Passaram seis anos e eu quase que sou outra - quer dizer, passei de uma adolescente para jovem adulta, alguma coisa tinha que mudar (mau era!). Mas até o meu propósito de escrita mudou.

É, claro, uma formula diária para desanuviar. Mas é, acima de tudo, um treino: faço questão de escrever todos os dias, sobre o que quer que seja, para não perder a desenvoltura. Eu posso não saber o que vou fazer amanhã ou quais são os meus objetivos a médio prazo, mas sei que quero uma coisa desta vida: escrever, escrever muito - livros, acima de tudo. E, para isso, escrever muito, todos os dias, como se de um trabalho de casa se tratasse, é prioritário.

Mas a verdade é que, apesar de escrever muito e de - felizmente - arranjar muito sobre o que escrever, muitas vezes não escrevo sobre o que preciso. "Acalmar a alma" já não é possível aqui, onde sinto que todos me lêem (não é verdade, claro, mas é a sensação que tenho). Quando o faço (exemplo de há um par de dias atrás, neste post), cai o carmo e a trindade porque as pessoas não estão habituadas a essa minha faceta - ficam preocupadas, acham que me vou atirar da ponte ou viver desconsolada toda a vida. Mas são estes os pensamentos que vivem dentro de mim, todos os santos dias. Posso não os escrever - o que me faz falta - mas eles estão cá.

Hoje já sinto um compromisso para com aqueles que me lêem - sei que vêm cá, esperam um post decente e sinto uma responsabilidade para não defraudar as expectativas. E isso é bom e mau. Tenho a consciência de que, se por um lado, penso muito nos textos que escrevo, por outro não percebo a forma como as pessoas os interpretam e analisam, e as conclusões que tiram. Se calhar acabam por me conhecer melhor do que aquilo que eu espero e quero e isso, admito, assusta-me. Assustam-me também as decisões que tomei sobre a exposição que dou a mim própria - aquilo que conto, aquilo que deixo de contar, o facto de mostrar a minha cara. Eu já percebi que leio blogs de uma forma muito superficial, mas há muita gente que não - e todo o ritual de as pessoas lerem os posts, tentarem ler as entrelinhas, lerem os comentários, tentarem decifra-los... cheira-me tudo a voyerismo, provocado por mim (ou por outros bloggers), muitas vezes de forma não intencional.

O reconhecimento também me assusta. Primeiro porque não sei lidar com ele, segundo porque tenho algum receio das consequências que isso acata. Penso muitas vezes: "tens vinte anos, meteste-te nisto quando tinhas catorze... achas mesmo que tens pedalada para aguentar isto? Achas que tens estofo? Achas que tens capacidade de encaixe?". E apesar de me considerar muito madura em algumas coisas, a resposta é quase sempre não. Não acho. E apesar deste blog me ter trazido milhentas coisas boas, essa nuvem paira sempre sobre mim, como que em forma de aviso. 

Nunca deixarei de escrever. Só não sei se será aqui. Como deseja o meu pai, o objetivo final é o Nobel ("e nunca menos do que isso!"). Quando um dia publicar - e tenho lido muito, tenho pensado muito, tenho percebido seriamente como quero mesmo que isso aconteça -, aí sim, terei de me sujeitar à crítica, aos malucos, ao reconhecimento, às opiniões boas e más. Até lá, não sei se é melhor respirar, voltar para os blocos de notas (gastar as dezenas que tenho por aí guardados) e, ao invés de escrever "comercialmente", como aqui faço, escrever para mim, como antes fazia - e, pelo meio, ir treinando o início de um livrito ou outro.

As férias fazem-me muito mal (e estas, então, estão a corroer-me por dentro). Em média, há sempre duas vezes ao ano em que me apetece parar de escrever aqui. Hoje é o dia.

Hoje pode ser O dia, embora nunca seja um bom dia para um fim. 

28
Jul15

Chávena de letras - "Conversas de Escritores"

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 Livro com pontos de vista e histórias de vida interessantes - de salientar, para mim, Ian McEwan, Günter Grass e Isabel Allende (autores que, curiosamente e até à data, nunca li).

Tinha esperança que as perguntas se centrassem na construção dos entrevistados como escritores, os seus rituais e técnicas mas as expectativas foram, nesse sentido, um pouco defraudadas.
Ainda assim, para amantes de livros e possíveis escritores, é uma colectânea interessante.

27
Jul15

Sozinha.

Nasci naturalmente egoísta. Gosto de não partilhar, gosto que não me toquem no prato ou me dêem uma trinca na torrada, gosto de dormir sozinha (e não gosto de dormir acompanhada), gosto de andar sozinha no carro, gosto de ter os meus objetivos sem ter de os misturar com os de alguém, gosto de ter planos construídos ao milímetro sem a interferência de ninguém, gosto de não ter de emprestar.

Se soubesse que nada disto magoaria as pessoas, era assim que eu era e agiria em conformidade. Mas é das coisas que, com muito trabalho, tenho vindo a contornar: elas continuam a viver dentro de mim, mas faço um esforço para que se dissipem para que consiga viver em alguma paz em sociedade. Ajuda-me na manutenção das relações que tenho (nomeadamente familiares), mas admito que não deva ser fácil uma pessoa relacionar-se bem comigo.

Acho que nasci para viver sozinha - já há muito penso que é isto, mas há uma certeza que se vai adensando dentro de mim. A ânsia de ver tudo da minha perspectiva, como quero, de onde quero, da forma que quero, encarregar-se-á disso. A solidão vive dentro de mim, por muita gente que tenha à minha volta (e que doloroso que é perceber isso, de cada vez que me vejo no meio de multidões felizes). Vai custar no início - talvez a mim, mas mais aos outros, a quem esta ideia não é familiar - mas eventualmente vou viajar sozinha. Vou comprar só um bilhete de avião, alugar um quarto de hotel single. Vou morar sozinha, cozinhar sozinha, lavar a minha roupa e a de mais ninguém. Vou ao cinema sozinha. Vou desenrascar-me a mudar lâmpadas sozinha e cortar a relva sozinha. Vou ao shopping sozinha, vou carregar os sacos até ao cotovelo sem pedir ajuda. E um dia, claro, vou escrever um livro. Sozinha.

Porque se não fizer isto tudo vou acabar em casa, como estou hoje, sem fazer nada mas... igualmente sozinha. Se calhar há pessoas que nasceram assim, prontas para viver sem ninguém (ou o mínimo, porque da minha família nunca me livro - nem quero!). E há que aproveitar a vida de alguma forma, vive-la da melhor maneira (tal como os outros, os "acompanhados") e aprender a ser feliz. Porque não vou deixar de fazer as melhores coisas da vida porque estou (sou) sozinha.

27
Jul15

Amor pelo postcrossing é...

Ires aos correios comprar selos, pedires 20 para o resto do mundo e a senhora sacar de uma carteira deles, todooooos do benfica, com motivos, brasão e jogadores do "glorioso" e tu, como precisavas mesmo muito deles, engolires em seco, pagares e meteres aquilo na carteira.

Foi doloroso. Acho que vou desinfetar a carteira e enviar aquilo o mais rapidamente possível.

26
Jul15

Esperança no mundo dos livros

Há uns tempos tive uma espécie de aula com uma pessoa da Porto Editora. No meio do muito que falou, disse que era extremamente dispendioso lançar um novo autor, que era muito mais fácil continuar a lançar livros de quem tem nome na praça (por razões óbvias). Isto foi tipo uma facadinha no meu coração - nada que eu já não soubesse, mas as realidades "ouvidas" tomam outra dimensão.

Ainda assim, tenho reparado que há mais autores portugueses nas livrarias - e autores de que nunca ouvi falar. Há uns dias comprei um livro de Raquel Ochoa - vencedora do prémio literário Agustina Bessa-Luís - chamado "As Noivas de Sultão", um romance histórico. Não sou muito fã deste tipo de livros (falta-me muitas vezes a paciência para pormenores exaustivos), mas gostei da sinopse e, perante a promessa de uma autora revelação, decidi experimentar.

Por outro lado, enquanto andava a passear na feira do livro do continente (de aproveitar, o livro da minha última review foi comprado lá por metade do preço!) dei de caras com um livro para jovens que nunca tinha visto, chamado "Broken". Decidi folhear - tenho uma queda para romances adolescentes -, li a sinopse (que me soou familiar) e apercebi-me que a autora era portuguesa. Fiquei espantada e, quando fui ver à badana, percebi que a autora tinha, nem mais nem menos do que... 14 anos. Quando cheguei a casa procurei mais e percebi que o livro era uma adaptação de uma fanfic dos One Direction, escrita por uma fã, que trocando os nomes das personagens conseguiu ser publicada (ao estilo de Fifty Shades of Grey mas, suspeito, com menos sexo - e sucesso - pelo meio). Nada contra, claro, mas acho muito difícil uma rapariga de 14 anos ter maturidade (e vocabulário e desenvoltura) para escrever um bom livro, por isso não equacionei sequer a hipótese de o trazer para casa.

Mas bem, isto são só dois exemplos dos vários que tenho visto por aí. Há muitos autores a ganhar nome na praça, o que contraria um bocadinho a tendência e daquilo que ouvi na aula. Há esperança no mundo da escrita! Agora é esperar que continue até 2052, quando tiver um livro pronto (ok, talvez esteja a ser um bocadinho generosa na data - 2060 é mais verosímil, pelo andar da coisa).

26
Jul15

Chávena de letras - "O livreiro"

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 Estava sedenta de um livro delicioso, que não me deixasse respirar por entre páginas e que quisesse sorver de uma só vez! E foi este!

Esta obra tem tudo o que se quer, na medida certa e perfeita. E, claro, mete livros e Paris à mistura, uma receita que, para mim, se revela quase infalível.
Hugo Marston, a personagem principal, ao contrário de muitos "heróis", não é parvo, nem demasiado óbvio, nem super perspicaz, mas também não deixa que as coisas lhe escapem. No fundo, é uma personagem escrita à imagem real de alguém, com qualidades e defeitos, o que me fez gostar ainda mais do livro.
A escrita é simples e fluída, que impõem algum ritmo em algumas ocasiões, o que ajuda à leitura. Há sempre mais uma razão para não pararmos de ler, independentemente da parte da história em que estivermos - há muita "coincidência" que se entrelaça mas que, no fim, se compõe, sendo que o autor não deixa grande margem para pontas soltas ou dúvidas.
A história não é nada do outro mundo, mas atrai, intriga e envolve: tudo o que procuro num livro. "O livreiro" é o primeiro livro de uma sequela que tem sempre a mesma personagem principal e que tenciono, mesmo muito, continuar a ler. Fiquei fã de Mark Pryor.

23
Jul15

Da blogosfera cada vez mais pobre

Depois de ter passado os últimos tempos de faculdade e inicio de exames atolada de coisas para fazer, desleixei-me aqui no blog e na leitura de todos os outros blogs que sigo. O meu feedly ficou a abarrotar pelas costuras - chegou a uma certa altura em que deixou de contar os posts por ler (e eu agradeci, para não deprimir ainda mais).

Pouco depois de tudo isto ter acalmado decidi dedicar-me aquilo e rapidamente percebi que o melhor era marcar tudo como lido, porque nunca nesta vida conseguiria despachar quase dois mil posts por ler. Como clicar no botão "marcar tudo como lido" é rápido, acabei por fazer uma limpeza breve pelos blogs que lá tenho. Fico sempre triste sempre que o faço porque, eventualmente, acabo por me aperceber que vou perdendo blogs de leitura habitual. A verdade é que no meio da azáfama do dia-a-dia, e a menos que seja mesmo o nosso blog preferido, vamos deitando os olhos a tudo mas em nada de forma muito particular - às vezes um dos blogs deixa de publicar e só damos conta disso uns meses largos depois, quando vamos à página individual de cada um e vemos que aquele blog está tão parado como as águas de uma lagoa choca. 

Enfim: em resumo, apaguei uns dez blogs da minha lista. Cada vez leio menos coisas aqui na blogosfera. Sinto que aparecem muitos blogs novos, muitos bloggers ambiciosos, mas pelas razões erradas: atraídos pelo dinheiro da internet, pela fama, pelas coisas grátis. E, ou têm muita sorte, ou acabam rápido - ainda mais rápido do que todos estes blogs que acompanhei durante tanto tempo. 

Talvez a redução drástica destes blogs que gostava se deva mesmo ao imenso trabalho que dá alimentar um casa virtual destas - mais um erro que os "caloiros" destas bandas cometem, ao achar que em dez minutos se trata disto, todos os dias. Ou então os bloggers fartaram-se disto, dos comentadores (ou da falta deles) ou simplesmente arranjaram coisas mais giras para fazer da vida do que escrever para leitores invisíveis. Não sei.

Sei que fico triste de cada vez que me apercebo desta redução gradual na minha lista de leituras. Pagava para poder ler alguns blogs outra vez ou tê-los de volta; algumas dessas pessoas - que nunca conheci na vida nem sei o nome - ajudaram-me em algumas fases menos fáceis, deram-me incentivo, coragem, partilharam comigo histórias de vida. E isso, talvez por também eu ter mudado, já não consigo encontrar. Esse sentimento de partilha (e agora de muita, muita saudade) desapareceu tão rápido quanto todos esses blogs.

23
Jul15

Em review: um mês e meio de festivais

Antes deste verão só tinha ido a um festival. Foi há uns quatro anos, no MEO Marés Vivas, quando fui ver - muito inocentemente - Manu Chao, Xutos e Natiruts. Fui mais pela companhia do que pela música, mas Manu Chao era algo que me lembrava a infância (o que eu saltei em cima da cama da minha irmã enquanto ouvia os discos deles...) e por isso fui de bom grado.

Arrependi-me amargamente e disse que nunca mais punha os pés noutro festival. Apanhei com tanta ganza no nariz, na cara, na boca, nas orelhas, nas costas e em todas as partes do meu corpo que eu própria saí de lá, às 4 da manhã, aos caídos, a dizer coisas que não lembravam ao menino Jesus. 

A verdade é que, em plena idade de ir e desfrutar deste tipo de eventos, me recusei a ir durante estes quatro anos. Não se cumpriu o "nunca mais", mas quatro anos, na minha idade, é quase uma vida. Este tempo, no fundo, foi bom e serviu para me esquecer e, finalmente, querer voltar. Em grande. Porque em menos de dois meses foram três festivais, sete dias ao todo. Cheguei ao fim estouradinha.

Guardo as melhores memórias do NOS Primavera Sound, porque me deu uma outra visão de tudo isto que são os festivais e a possibilidade de entrar no mundo da imprensa e dos jornalistas; não foi tanto pela música em si mas mais pela experiência inesquecível que me proporcionou. Admito também que a onda do festival - mais calma, com pessoal mais velho e um bocadinho mais "premium" e toda aquela história de se estar deitadinho na relva a ouvir música - me atraiu enormemente. Ainda assim, deu para perceber que três dias de festival é uma estopada valente.

Como se já não chegasse, meti-me no Alive (com uma viagem ao Porto pelo meio). Não acho que este tenha sido o melhor cartaz de sempre mas, mais uma vez, fui muito pela companhia e pela experiência. Nunca tinha ido a um festival tão grande, com nomes tão grandes, filas tão grandes, um público tão grande e... pronto, tudo muito grande. Retiro coisas positivas e negativas, mas repetiria a experiência num abrir e fechar de olhos. Mais uma vez, cheguei aos três dias a pedir misericórdia, mas com o coração cheio e o Sam Smith ainda nos ouvidos e na memória. 

Por fim, e para fechar esta época de festivais em beleza, fui ao último dia do MEO Marés Vivas, fazer as pazes com o festival que me manteve há distância de todos os outros festivais durante todo este tempo. Foi depois do picnic, eu estava arrasada após de um dia de praia e de uma noite metida na cozinha, mas ia subir ao palco o meu Jamie Cullum e eu não podia faltar. Onde ele está, eu estou - faltar nunca é opção, a não ser por um motivo de força maior. Gritei muito, cantei tudo o que havia para cantar (só não sabia uma das músicas da setlist), verti umas lágrimas pelo caminho e, num ápice, o concerto acabou. Passou a voar, acabou cedo demais. Apesar das minhas pernas gritarem por descanso, ficava a noite toda a ouvi-lo. Depois subiram ao palco os The Script, que eu gosto, mas sem a adrenalina do Jamie Cullum fui-me abaixo e não aguentei (estava a ver que precisava de chamar um táxi para subir a avenida até onde tinha o carro estacionado, tal era o cansaço).

E pronto, foi isto. Foi bom. Foi um início de verão promissor (por ventura demasiado...), que ansiei muito e que aproveitei em toda a sua plenitude. Fiquei cansada até ao tutano, a minha conta bancária bem mais leve (não foi só o dinheiro dos bilhetes mas também as viagens, alimentação e etc.) mas, em compensação, toda eu sou mais rica em experiências e felicidade que trouxe na bagagem de mim mesma. Para o ano há mais!

 

 

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