Os ódiozinhos de estimação
Fiz um post há mais de um ano a mostrar a minha irritação para com a apelidação das selfies e da conotação negativa que ganharam ao longo dos últimos tempos. Porque já antes de se chamarem selfies eu tirava fotos a mim mesma, por vinte e sete razões diferentes - e plausíveis - que não vale a pena enumerar, sendo a maior delas passar e passear muito sozinha. Sempre tirei fotos a mim mesma e vou continuar a fazê-lo - porque se isso não acontecer não tenho fotos praticamente nenhumas.
Mas enfim, como se um ódio não chegasse, teve de se juntar outro: os selfie sticks. Mal vi aquilo achei uma ideia genial (ainda não estava em voga nem se via por aí, e custou me bem mais do que o que custa agora - e utilizei o pouquíssimas vezes). Todas as pessoas que tiram fotos a si próprias sabem que, muitas vezes, o braço não chega e têm de se fazer manobras de contorcionista para que a foto fique como queremos - e só por isso aquilo dá jeito, uma vez que funciona como extensor.
O mais interessante disto tudo é que, desta vez a embirração não é só das pessoas mas também das instituições e eventos, que baniram estes aparelhos. Começou pelos museus (onde posso admitir que faça algum sentido, tendo em conta haver peças de valor um pouco por todo o lado que podem estar em "perigo") e agora passou aos festivais - na lista de proibições, onde se incluem bebidas, comida e etc., passam também a constar os selfie-sticks. E eu para isto só tenho um nome: embirração.
Nunca vi ninguém a morrer por isto, nem sequer vi alguém muito incomodado. Se as pessoas parecem umas totós com aquilo? Parecem, mas não acho que ninguém deva intervir por causa disso. Tudo depende, como em tudo, do bom senso: de como é que usam e quando usam. Não é muito fixe esticar aquilo quando estamos quase na fila da frente de um concerto e estamos comprimidos e apertados até aos ossos... Mas também não é fixe que passem a vida a dançar ao nosso lado, com copos de cerveja a balançar ao som da música mesmo por cima das nossas cabeças e com os cigarros a passarem a poucos centímetros da nossa pele... E as pessoas fazem-no. Porquê? Por falta de bom senso.
Se continuarmos assim, lá para 2030, vamos todos nus para os festivais, sem qualquer tipo de possibilidade de levar "bagagem". É que até a roupa, um dia destes, pode servir de arma de arremesso para atirar aos artistas ou as máquinas fotográficas um incómodo para os outros que nos rodeiam.