Falta um mês (menos um dia) para o Fora da Caixa ir para o ar (se ainda não sabem o que é, leiam o post aqui). As coisas estão a andar, vão-se fazendo coisas, mas olhando para o panorama geral tenha a sensação de que ainda falta... tudo. Já não durmo direito, não largo o telemóvel, passo horas e horas no planeamento das coisas e outras tantas com a agenda de um lado, bloco do outro e o computador com trinta coisas abertas ao mesmo tempo. Marco reuniões gerais, saio em filmagens, vejo-as a todas (só ontem vi para cima de 120 vídeos), chateio-me à séria, visito a régie e quase me dão ataques de pânico. Têm sido semanas animadas.
Por tudo isto, e porque o programa tomou conta da minha vida - e vai continuar nas próximas quatro semanas - decidi partilhar convosco um bocadinho desta minha experiência. Apesar de tudo - e do cansaço, do trabalho e das chatices - tenho-me divertido muito. Nenhum de nós tem experiência nisto, quase nenhum de nós trabalhou sequer com estas câmaras semi-profissionais, nenhum de nós tinha saído em reportagem. O acompanhamento dos professores é quase nulo (a todos os níveis), por isso pode classificar-se tudo isto como desenrascanço puro e duro. E, claro, um mundo novo para todos, onde (quase) todos os erros dão para chorar de rir. Como acho que tudo isto é um mundo desconhecido para a maioria das pessoas, decidi criar esta rubrica e mostrar um bocadinho do que andamos a fazer. Espero mesmo que gostem.
AS REPORTAGENS
Saí em reportagens com as "jornalistas" duas vezes - ainda devo ir mais três, pelo menos. Não seria propriamente essa a minha função, andar aí a vadiar, mas é importante definir planos e algumas questões de forma a dar coerência ao programa: a jornalista aparece ou não aparece?; aparecem as caras, meio corpo ou corpo inteiro?, fazem-se entradas e saídas ou é tudo com offs (jornalista a falar em fundo)?. Como também sou uma control freak, gosto sempre de ir vendo como correm as coisas, por isso fui de boa vontade - embora estivesse de pé atrás com o facto de ter de estar com pessoas, falar com elas e todas essas coisas estranhas para mim.
Da primeira vez fui para Famalicão filmar com a primeira vencedora do Masterchef, com mais três raparigas - primeira reportagem, primeiro contacto com o material fora de aulas. Resultado? Quase vinte minutos só para montar o tripé, a pershe e a câmara. E depois ver se a câmara estava a filmar no formato que queríamos, se o som se ouvia bem, se o tripé estava nivelado com o chão. Ou seja, mais outra catrefada de minutos.
A segunda reportagem já correu melhor, embora a nível logístico fosse mais complicado, pois tínhamos de "perseguir" desde carro um Side Car, o alvo da nossa reportagem. As câmaras são muito leves, as ruas do Porto têm imenso paralelo e eu muito pouca experiência a filmar - ver aquelas filmagens quase que enjoa de tanto tremor! Mas foi, sem dúvida, a reportagem mais divertida - andamos por ruas estreitas, "mal frequentadas", mas onde toda a gente sorria para nós. As senhoras diziam todas "boas fotografias!" e "ai que lindas!!!" e os senhores elogiavam sempre a mota e pediam boleia - não sei se da mota ou de quem andava nela. O resto das pessoas e os turistas sorriam, pediam para tirar fotografias, acenavam e, em cima da mota, elas faziam um mesmo, deixando um rasto de boa disposição pela cidade.
Tivemos uma sorte incrível com as entrevistadas - nunca pensei que as pessoas aderissem tão bem e que fossem tão simpáticas e com tanta vontade de colaborar. Nós somos super verdes nisto mas em nenhuma das ocasiões se mostraram impacientes ou irritadas - chegaram a repetir respostas uma e duas vezes e a rir connosco, o que também nos ajudou a destressar e dar o nosso melhor.
Tudo isto está a contribuir para que a vivência neste curso seja incomparavelmente melhor - tanto pelas experiências que não devo esquecer tão cedo, mas também por conviver (ainda) mais com algumas pessoas, que estou a gostar muito de conhecer melhor. Longe de mim querer ser jornalista - isto veio confirmar ainda mais as minhas certezas - mas todo este trabalho de backstage, com tantas asneiras e gargalhadas à mistura (descansem, que vai tudo para bloopers) está a dar-me um gozo inacreditável.
Na "perseguição" do side car, a rir-me a bandeiras despregadas (embora não se note):
Podem ver mais fotos e descobrir os novos conteúdos que vamos produzindo na página de facebook do programa. Quem ainda não tiver posto like é um ovo podre escalfado (se fosse só podre não era Fora da Caixa, percebem a ideia?).