Estou em Inglaterra, gente minha! Aterrei ontem à tarde, enquanto a neve caía (omg!, vi nevar pela primeira vez!), para visitar o mais recente rebento da família que nasceu na quarta-feira. É lindo, moreninho (ao contrário do irmão que é loirinho) e super perfeitinho, com aquele cheiro a bebé delicioso que lhes é tão característico. Já tirei a barriga de misérias e já passei horas com ele ao colinho, a embalo-lo e a dar-lhe quilos de mimo.
Mas antes disso tive que cá chegar - e não foi bonito. Já percebi que, a menos que viaje sozinha, alguma coisa corre sempre mal (se calhar, mesmo viajando sozinha, há coisas que não correm bem). Resumindo, foi assim: tínhamos planeado chegar a Lisboa bem cedo, para não haver percalços com filas, voos e etc. À hora estipulada eu estava pronta, com a mina malinha feita, e esperava a minha mãe - nisto ela chama-me e diz "a mala está partida". Eram horas de sair, mas lá fui eu buscar duas malas - uma para ir no porão, carregada de comida até ao tutano (coisas como perceves, croissants, nestum, marmelada, alheiras, salpicões e mais estavam incluídos na panóplia) e outra para levar a roupa da minha mãe. Enfiamos tudo lá para dentro em tempo record (julgava eu), conseguimos fecha-las (milagre #1) e seguimos viagem.
Já na fila do aeroporto para despachar a mala de porão, comecei a olhar para as pessoas que estavam a ser atendidas. A certa altura vi uma senhora, com uma mala de mão igual à nossa, a ver-se enrascada para meter a sua mala naqueles suportes de ferro que determinam o tamanho máximo das malas de mãos (e, neste caso, ver-se enrascada é sinónimo de começar a partir "à martelada" - com a mão - os suportes e as rodas da mala). Soube que estava em maus lençóis e comecei a dizer à minha mãe "vamos ter de trocar tudo de uma mala para a outra - a que ia de porão vai na mão e viceversa". Custou um bocadinho a entender. Éramos as próximas a ser atendidas e aquela mala não se ia enfiar no suporte e...! Nisto, a minha mãe troca - com uma rapidez digna do Faísca McQueen - tudo de uma mala para a outra, sem eu sequer perceber como. O problema foi fechar, mas o nosso desespero era tão latente que até outros passageiros nos vieram acudir (milagre #2). Fomos simpaticamente atendidas, despachamos a mala carregada de comida e, como remate final, a senhora diz-nos "depois, quando fizerem o embarque, têm de meter as vossas carteiras nas malas, uma vez que só podem ir com uma mala de mão". Acho que até nos saltaram os olhos das órbitas. Eles só fazem isto quando lhes apetece? Tinha uma mala relativamente pequena a tiracolo, só com o meu porta-moedas, documentos e um livro de bolso. Já viajei várias vezes pela Easy Jet, em que tinha uma mala de mão e uma carteirinha comigo e não houve qualquer alarido. Ontem - logo ontem, com as malas a arrebentar pelas costuras e pesadas como tudo - deu-lhes para aquilo.
Até fiquei zonza. Sentei-me nos bancos, a tentar pôr as carteiras dentro das malas, mas mal me conseguia baixar - estava a ver que ia desta para melhor em pleno aeroporto. Deixei a dieta de lado e emborquei uma BigMac que me salvou a vida. E aí sim, abrimos as malas, fizemos uma série de acrobacias que nos pareciam impossíveis e, com algum suor em cima, conseguimos fechar as malas (milagre #3). Vamos esquecer o facto de eu ainda ter aberto a mala outra vez, para tirar o tablet.
No avião a viagem foi calma, pus a leitura em dia e um bocadinho de sono. Depois chegamos, estava a nevar (mal pus um pé fora do aeroporto parou, mas foi mágico na mesma) e passado meia hora estava em casa, com o bebé ao colo. Esse sim, foi o quarto milagre e o maior de todos, e que faz com que tudo isto valha a pena (mesmo todas estas chatices das viagens que me perseguem). Não consigo pôr aqui a foto, mas podem ver nas que eu partilhei no instagram, aqui ao lado direito. Agora tenho de ir, que já sinto o chamamento para o melhor colinho do mundo, sim?