Agora mais desperta para esta realidade da comunicação empresarial (mais uma área que adoro - é capaz de ser a minha disciplina preferida este semestre) e confrontada com a passagem da ZON e da Optimus para a "Nos", fico totalmente boquiaberta com a enormidade desta campanha. Mais agressivo que isto é muito, muito difícil. Por outro lado, pior que isto também não é fácil.
A começar pelo nome. "Ah e tal, que rede és?", "Sou nos, e tu?". Nãããã, não fica bem. E tenha-se em atenção que não é "nós", mas sim "nos", tendo em conta que não está ali acento nenhum a abrir a vogal. É, sim, um nome muito fácil para fazer slogans e boas brincadeiras com palavras, mas péssimo para andar nas bocas do mundo.
Depois foram os primeiros anúncios: uma roda toda colorida igual à coleção de pratos do continente, sem quaisquer sinais daquilo que por aí vinha. Mal!
E agora aqueles anúncios de dois minutos que passam em pleno horário nobre (nem quero pensar nos custos de uma brincadeira destas) que só transmitem informação útil durante os últimos 10 segundos: tudo o resto é o Freddie Mercury a cantar com uma miúda aos pulos, sem me dar qualquer pista sobre o quê que aquele anúncio está a vender.
Acredito que não estejam tão entusiasmados em relação a esta campanha quanto eu, mas tenho mesmo de desabafar. O mais difícil para uma marca é ganhar nome; mudar os logótipos, nomes e até slogans é algo que se faz em último caso, pois a marca vai deixar de ser reconhecida e perde, portanto, valor. Mas eu olho para trás e a ZON já mudou não sei quantas vezes num curto período de tempo. Era a netcabo, depois passou a ser ZON, depois juntou-se-lhe a Lusomundo - e nisto os logótipos também foram mudando. Já a Optimus apostou tanto, tanto, tanto na divulgação da marca e da nova imagem há relativamente pouco tempo, com aqueles anúncios giríssimos com músicas dos Beatles, e agora isto?
De facto, não me lembro de uma campanha tão agressiva como esta - só alguém totalmente isolado do mundo é que não sabe o que é a "nos". Tenho a impressão que 85% dos outdoors do Porto estão com cartazes da nova marca, toda a reitoria da minha universidade está com uma fachada GIGANTE com publicidade, as carrinhas da antiga ZON já estão atualizadas, os sites estão crivados de publicidade relativa à "nos", e até os cinemas já não se chamam Lusomundo. Foi tudo tão rápido e tão em grande que é impossível não chegar até nós. Agora pense-se nos gastos que uma "brincadeira" destas custa. É mudar carrinhas, é pôr milhares de cartazes pelas ruas, é mudar o nome nos cartões, o site, os emails, tudo o que estava já pré-feito em termos de imagem, é colocar novas placas nos cinemas e nos edifícios que são da marca, é mudar os designs das boxes, é dar novos coletes aos colaboradores, é mandar mensagens a todos os clientes. É mudar t-u-d-o. E esse tudo é tanto que até é difícil de imaginar.