Acho que sou um bocadinho paradoxal. Se por um lado sou conformista e me deixo estar no meu canto em alguns casos, noutros não me consigo deixar ficar e procuro uma mudança para melhor. O pior das mudanças são as decisões prévias que se tem de fazer. Custa-me tanto, tanto, tanto tomar decisões! E depois eu fico moída por dentro, penso desde que acordo até que me deito e se for preciso ainda sonho com o assunto. É horrível.
Mas mesmo as decisões pequenas são um pequeno problema: coisas como "o que vou jantar?". E depois não quero nada, já não sei nada, fico insatisfeita e começo a procurar comida quando nem sequer sei o que quero, enfim, uma canseira. Com sorte, acabo por nem comer: só como horas depois, porcarias que nem sequer devia tocar, mas naquela altura a fome já é tanta que nem penso na dieta que comecei há não sei quantos dias.
Portanto, se isto é assim com coisas mínimas, imagine-se o que é mudar de curso, mudar de turma ou algo mais pesado. É o terror. Penso, peso os prós e os contras, escrevo-os, choro, rio com a minha própria estupidez e angustia, penso, desespero, penso mais um bocadinho, falo com pessoas mais experientes e torno a pensar. E uma tortura chinesa, quase. E a verdade é que, nos últimos tempos, tenho tido a necessidade de me pôr neste tipo de situações que, para mim, são difíceis de enfrentar, porque tenho noção de que não estou bem, que preciso de mudar, nem que seja de atitude, pensamento ou objetivos.
Por acaso, e antes de mudar de curso (se é que vou mudar, isto está tudo num gigante banho maria) estou a pensar mudar de turma. Pelo que parece, a minha é a mais desejada de todas e cresce a cada dia que passa: ou são alunos de erasmus que assistem às aulas, ou alunos de outros cursos ou alunos de outras turmas que também já se mudaram. Tanta gente que já nem há computadores para todos. E a verdade é que eu gosto da minha turma, mas também gosto de pessoas que andam na outra em que estou a pensar mudar. Mas depois penso nos prós e nos contras e nisto e naquilo e a minha cabeça fica cheia de macaquinhos e a minha decisão adiada(que nem seria decisão porque nem uma autorização tenho para fazer o que queria, mas enfim). Sou uma chata, tão chata, que até me chateio a mim mesma.