Ontem, dia em que pensei seriamente em escrever um post sobre a desacreditação exagerada e massificada nos jovens de hoje, acabei por me redimir ao fim da noite e desistir da ideia de enaltecer algumas das boas coisas que a nossa juventude tem. Dois opostos no mesmo dia: tanto me apeteceu dizer muito bem como muito mal.
Com a saída dos resultados dos exames - praticamente todos negativos e piores em relação aos anos anteriores - disse-se mundos e fundos em relação aos estudantes. Que somos uma vergonha, que não vamos ser nada da vida, que não vamos chegar a lado nenhum. Enfim, é verdade para uma percentagem deles, receio. Mas os outros tantos que tiraram boas notas e fizeram com que as médias não chegassem aos 5 e 6 também merecem alguma consideração; sempre houve pessoas que não foram feitas para estudar, que não tiravam boas notas, que era inteligentes mas não queriam ou eram burras e não conseguiam. Sempre. A questão é que antes tinha que se fazer por ir à escola - ou as crianças ou os respetivos pais, dependendo do caso -, já hoje em dia é um dado adquirido (e obrigatório). No entanto não consigo deixar de me sentir injustiçada, sendo alvo de piadas e coisas que tais, quando me encontro num grupo tão grande como o da "juventude". E foi isto que pensei na maior parte do meu dia.
Depois, quando caiu a noite e fui jantar à Foz, apercebi-me que apesar de ser uma injustiça sermos todos incluídos no mesmo saco, era um erro eu estar a defender uma geração na qual nem eu própria acredito, apesar de fazer parte dela. Era sexta-feira à noite, dia de farra. Dezenas e dezenas de rapazes e raparigas passaram por mim - eles e mais as garrafas de vodka, os cigarros e respetivos copos na mão. A questão é que não eram só da minha idade: era meia-noite e miúdas de 10, 12 anos andavam à solta, na beira mar, com os calções mais reduzidos que encontraram na loja; muitas vezes acompanhadas de companhias mais velhas, até namorados, e também com garrafinhas na mão: umas a beber, outras a fazer que bebiam e a fazer as típicas cenas de "eu não estou bêbada, dá-me cá mais um golinho", com uma voz meia grogue de quem quer imitar alguém que está com uma borracheira mas que não sabe como o há-de fazer de forma convincente. Tabaco, àquela hora, também já havia - felizmente, retirei-me do local cedo o suficiente para não ver outro tipo de cigarros a circular.
Como é óbvio, depois do meu café, não poderia escrever o post que tinha previsto em defesa dos jovens. A minha saída fez questão de me lembrar que, tal como não se pode meter tudo no mesmo saco "mau", também não se pode fazer o mesmo em relação ao "bom". No meio das minhas próprias saídas pacíficas ao longo das últimas semanas, esqueci-me do outro lado da moeda que tanto evito: ontem recordei que a maior parte dos jovens só são felizes e se sabem divertir enfrascados no álcool, metidos na marijuana e com a maioria das prioridades trocadas. Afinal, eu não acredito na juventude: acredito em mim e em poucos mais.