Os grandes prémios do euro-milhões
Das últimas vezes que joguei no euro-milhões o prémio era exorbitante. Exagerado, mesmo. Joguei por jogar, num reflexo dos meus sonhos mais profundos mas irracionais. No fundo, não saberia o que fazer com tanto dinheiro e só acabaria por me trazer problemas.
No último grande sorteio, em que o prémio tinha mesmo de ser entregue - mesmo que dividido - um casal inglês ganhou a totalidade e foi logo parar aos jornais e à televisão, contando como foi e como deixou de ser. Eu fiquei incrédula com tamanha estupidez - mas esta gente não tem mesmo noção, pois não?
Acho que só mesmo quem tem grandes quantidades de dinheiro pode experienciar isto - e eu não me incluo neste grupo, para o bem e para o mal - mas consigo visualizar como é ser multimilionário. É seguranças para os filhos, pois de um momento para o outro podem ser raptados à custa de um resgate milionário, é cheffeurs para os levar à escola, é comprar uma casa nova sabe-se lá onde e cercada por sabe-se lá o quê, contra tudo e contra todos, é passar a duvidar dos amigos, que muito provavelmente deixarão de ser amigos, é passar a duvidar dos que poderão ser amigos, pois querem é ser é amigos da onça. É duvidar, é ter medo, é ter de ser extremamente cauteloso, é ter de saber gerir para não cair na sarjeta (é pesquisar e ver os estudos da quantidade de pessoas que ganharam estes prémios e acabaram na miséria). É, no fundo, uma vida cheia de complicações mas com um enorme poder de compra - que, até este, acaba por ser efémero. Aquele casal expôs-se e, basicamente, atirou-se aos cães - coisa que, curiosamente, cá em Portugal não é muito comum; regra geral, pelo que me apercebo, mantemo-nos de bico calado. Espertinhos, nós!
Eu joguei, mas se pudesse ganhava só um milhão ou dois (e já era muito!). Tenho a certeza que com um prémio daqueles deixaria de ser quem sou, para ser alguém com demasiadas preocupações.