Professora,
Desde o ínicio que estabelecemos uma relação especial. Quase diria que "infelizmente", porque tudo se deveu a uma carga enorme de problemas. Lembro-me de estar nos gabinetes dos directores de turma consigo e de chorar, e da professora chorar comigo, agarrando a minha mão. E de me dizer para parar de chorar, porque nada de mal ia acontecer, e eu responder com um "sure" enfraquecido.
Os anos passaram e os problemas também, mas nem por isso deixou de ser a minha professora favorita. Lembro-me muitas vezes dos seus comentários despropositados e das piadas que insunuavam ser para maiores de 18. Até dos seus sermões eu tenho saudades. Mas, enfim, o básico acabou e o francês também - e assim as melhores aulas de sempre. Lembra-se daquela última aula em que nos obrigou a fazer uma fila indiana para lhe dar um beijo de despedida? E do abraço sentido que me deu, quando se encostou ao meu ombro e começou a chorar? Eu lembro.
Mas não é isso que lhe quero dizer hoje. Hoje quero, simplesmente, agradecer as palavras que teceu enquanto eu esperava que a psicologa me atendesse. Foi a primeira pessoa que, pessoalmente, me disse: "a menina consegue", "siga o seu sonho e não viva nesta angústia constante", "vá atrás daquilo que gosta", sem sequer questionar. Porque nunca as tinha ouvido e nunca tinha sentido a confiança de alguém que me conhece logo assim à partida. E foi o melhor que podia ter feito, porque a minha decisão (se tudo correr bem), foi tomada nesse mesmo instante. Só precisava que alguém depositasse o mínimo de confiança em mim. E a professora estava lá. Como sempre, aliás. Por isso, o meu gigante obrigada.
De uma aluna que a trará sempre no coração,
Carolina