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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

06
Fev24

Chávena de Letras: "As Coisas Que Faltam"

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Eu gostava muito de ter gostado mais deste livro - mas não consegui. Queria gostar porque sendo uma autora recente, queria muito apoiar este pontapé de saída; queria porque sinto que "conheço" a Rita dos podcasts e, de certa forma, desenvolvemos uma relação emocional e queremos fechar um círculo perfeito. E continuo a apreciar a força que é preciso ter para se publicar em Portugal e a capacidade que é preciso para se escrever um livro. Acima de tudo, acredito que a prática conduz à perfeição - e que este é um início para algo ainda melhor.

Não que este tenha sido mau, que não foi. Mas, primeiro, talvez este não seja o meu tipo de livro - isto não é um romance, é uma narrativa de personagem (?), uma história centrada na vida da Ana Luís, em que é ela o objeto principal da história; mas, acima de tudo, sinto que não me consegui relacionar com a história nem ambicionar continuar a ler. Não me é fácil encontrar adjetivos que classifiquem a esta personagem principal, mas talvez "desenxabida" sirva o propósito; ou amorfa, talvez. O que não tem nada de mal, mas não é um tipo de pessoa que me puxe - e, talvez por isso, também a obra não me tenha agarrado. Sinto que a vida passava por ela e que, apesar de haver ambição, não havia a iniciativa nem a garra para fazer mudar o rumo da sua própria história.

Percebo o moto da narrativa e, quer seja intencional ou não, acho que o vazio que a personagem principal sente é de facto refletido no livro. Falta algo. Há, de facto, "Coisas que Faltam" neste livro - mas para mim são detalhes importantes, que deixam mais que o dissabor da personagem na boca. Acho que é possível não adorar uma personagem mas gostar do livro - e não foi bem o caso.

A escrita da Rita da Nova é corrida, simples e sem grandes floreados, com alguns detalhes de que gostei e outros que nem tanto; às vezes era corriqueira demais, outras meio poética (exemplo: "Engraçado como o vazio pode ser tão pesado. Achar-se-ia que não, já que o vazio é só ar, e o ar é só nada, e o nada não existe, logo não pesa - mas só quem se habituou a esperar sabe reconhecer essa pressão, que nos impede de respirar como deve ser"). Isto na voz da mesma personagem, que no meio disto tudo era pintalgada por uma voz um pouco infantil, uma mistura que me pareceu mal envolvida e trabalhada (exemplo: "Seria incapaz de imaginar o meu pai com a minha mãe, a ideia deixava-me ligeiramente enojada, como se eles fossem feitos de ingredientes diferentes, daqueles que não se deve misturar porque dão dores de barriga") . A parte final, das cartas, sofre o mesmo problema - aquela linguagem não me pareceu nada "casar" com aquilo que conhecíamos da mãe até então.

 

Destaque muitíssimo positivo para a capa, que está muito bonita e trabalhada até em relevo - mas que, na minha opinião, não casa com o interior.

De qualquer das formas, é uma autora que quero manter debaixo de olho.

29
Jan24

Crónicas do SNS 1#

As coisas que faltam

Assisti sempre de longe aos dramas da saúde pública. Saudável, felizmente, tenho passado pelos pingos da chuva sem ter problemas de maior. Uma dor aqui, um mau estar ali, duas operações pelo meio, mas nada de tão sério que me obrigasse a recorrer aos hospitais de peso do nosso país. Para além disso, tenho a sorte de poucos: de ter acesso ao SNS mas de, até agora, não precisar dele. Desde que me lembro de ser eu que fujo de médicos e hospitais como o diabo foge da cruz, interagindo o mínimo e indispensável com esta classe e com estes lugares, a bem da minha saúde mental. Mentiria se dissesse que esta minha fobia - que em tempos teve direito a muitos ataques de pânico - não tem vindo a suavizar com o tempo. Hoje escrevo na sala de espera de um hospital - e ainda que não seja de ânimo de leve que o faço, as mãos não tremem, a garganta não custa a engolir e não tomei nenhum ansiolítico antes de vir. Em parte por não ser eu a visada de tantas vindas ao hospital - mas também porque, se não havia crescido até aqui, agora é hora de crescer.

Sendo novata nos corredores do hospital de São João, faço muitas perguntas, questiono tudo, olho com atenção para os detalhes na esperança de obter respostas, reparo nas pessoas e nos pormenores. E percebo que um hospital não é só um sítio triste por ter pessoas doentes, mas acima de tudo por ter pessoas desamparadas. Sozinhas. Porque se eu tenho algumas questões, elas têm muitas mais: não percebem o sistema de senhas, não sabem para onde ir, têm dificuldade em deslocar-se sozinhas até ao fundo do corredor fazer uma pergunta ao balcão onde, provavelmente, nem sequer terão resposta. A solidão, a velhice e a atrapalhação inerentes à idade misturadas com a tentativa meio frustrada de implementação das novas tecnologias é muito triste de se testemunhar. Faltam respostas - e exaspera-se por quem as dê.

As novas tecnologias vieram agilizar processos: é suposto serem mais fáceis, mais ágeis, mais rápidas. Mas isto parte do pressuposto de que 1) se sabe funcionar com elas e de que 2) elas trabalham convenientemente.

O sistema de admissão é feito, hoje em dia, em máquinas. Das seis que lá estão, julgo que só duas funcionam. Das duas que trabalham, poucos sabem mexer com elas - ou então poucos são aqueles com quem elas gostam de trabalhar. Às oito da manhã, dois voluntários vestem a bata amarela que os caracteriza e tentam ajudar quem chega; escrevi "tentam" pois, apesar da hora madrugadora, já exasperam com a falta de resposta das máquinas, que não permitem os doentes fazerem a admissão, mandando-os para o balcão onde estão zero funcionários e oitenta pessoas para serem atendidas. Quando questionado sobre a hora de abertura do balcão, um funcionário returque: "acho que é às oito, mas vá lá perguntar". Só faltava tirar senha. Seria a número 81, mas sem saber a que horas o balcão iria abrir. 

No ecrã das chamadas às consultas aparece uma mensagem de erro. Em dúvida, quando perguntamos se o ecrã está a atualizar devidamente, dada a mensagem que aparece, dizem-nos que "é assim". Na verdade, o facto de não estar pintado de negro - como tantos outros espalhados por todo o hospital - já é uma sorte.

No meio disto tudo, os pedidos de ajuda são sucessivos. Acredito que ao fim de umas horas de trabalho, de tão repetidas as questões, as respostas já não saiam com um sorriso de bónus. Mas a verdade é que as pessoas com consultas às 17h não têm de ser mais aptas ou informadas para as tecnologias do que aquelas que as têm às 8h da manhã, em que a paciência do pessoal do balcão ainda está renovada após umas horas de sono. O resultado disto são respostas ásperas, rudes, muitas vezes a roçar o mal-educado - e assistir a isso é duro, vendo as pessoas a sair guichê ainda mais trôpegas do que lá chegaram. 

Sinto que falta o básico nos nossos hospitais. É como se tivessemos uma pirâmide em que a base está assente em alicerces de palhota. Não falta eficácia, não falta pessoal qualificado, não faltam máquinas, não falta competência nas pessoas de quem está é realmente necessária: isso, apesar de essencial e eventualmente desfalcado e com muitas falhas, está lá e funciona. Connosco tem funcionado. Mas falta a parte simples: faltam placas informativas atualizadas, faltam cartas que elucidem mais e confundam menos, falta calor nos corredores, falta cimento em alguns tetos, faltam monitores e máquinas funcionais, faltam mapas do hospital, falta... tanta coisa. 

Diria que no SNS falta tudo, menos aquilo que é realmente importante. O que podia ser o suficiente, se o menos importante não fosse aquilo que faz um hospital - e um sistema nacional de saúde - andar para a frente.

21
Jan24

Chávena de Letras: "Ontem à noite no Telegraph Club"

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Este foi um livro em que me custou um bocadinho a entrar - não mergulhei imediatamente na narrativa nem o livro me agarrou de início. Foi pouco a pouco que comecei a perceber a Lilly e onde a obra me levava - e no fim já seguia com a onda, emocionada e a vibrar com a história como se fosse minha.

A meio do livro fui ler sobre a autora, porque pensei: "é impossível que quem tenha escrito isto não tenha estado na pele da personagem principal". Acertei. A dor presente no livro, a incerteza, a confusão, o sentimento de que algo está certo mas que para os outros está errado... É um livro que ensina a ter empatia por todos os que nascem a gostar do sexo "errado"; porque se hoje não é um caminho fácil, antes era um caminho dificílimo, que implicava escolhas terríveis. Neste "Ontem à noite no Telegraph Club", para além da questão da sexualidade, há ainda o factor da raça: Lilly é chinesa e vive numa América dos anos 50, cada vez mais hostil para com os asiáticos, numa época em que a China de transformava numa potência comunista e oposta à visão americana. Juntar "lésbica" ao rol de entraves que um chinês tinha na altura era uma escolha que só os mais arrojados se atreveriam a tentar - mas Lilly era uma "chinesa bem-comportada". Será que as duas coisas são de convivência possível? Será que não é redutor sermos só uma coisa, termos uma faceta?

Sobre a obra: adorei o facto do romance ser linear, não ter triângulos ou outros fatores típicos de entraves neste tipo de narrativas mais jovem. Aqui, o grande obstáculo era o contexto - e esse já é mais do que dissuador para todos os envolvidos - a autora foi inteligente por perceber isso. Não percebi a necessidade de determinados flashbacks da família de Lilly, a não ser a oportunidade de entrarmos num contexto mais completo. E Shirley... É uma red-flag desde o início! Que vontade tinha de a esganar a ela e a Lilly por se deixar levar... Mas enfim, tudo encontra o seu caminho.

Gostei muito. Acima de tudo pela empatia que cria com todas as pessoas que, por gostarem de alguém que não era suposto, têm de sair de um armário cuja porta tem definitivamente muitos espinhos.

17
Jan24

As minhas leituras em 2023

Passou-se um ano desde que defini os meus objetivos de leitura para 2023. Quando escrevi este post tinha acabado de receber o Kobo e de perceber as suas maravilhas, mas nunca imaginara o impacto que este teria na reimplementação dos meus hábitos de leitura. Por muito que me custe relegar o papel para segundo plano (aliás, diria que este ano foi quase para terceiro, depois dos audio-livros), são inegáveis as vantagens que há em ler em e-readers: é a capacidade de ler em todos os lugares sem ter a necessidade de carregar o peso de centenas de folhas; é a poupança; é a flexibilidade que nos proporciona no que diz respeito a posições de leitura e locais. É a oitava maravilha do mundo!

Mas foquemo-nos na revisão dos meus objetivos: em 2023 tinha-me proposto a ler 18 livros. Li 30 - o meu recorde pessoal, que estava fixado nos 25. Queria ler todas as noites - e assim o fiz, com muito raras excepções, claramente compensadas pelas noitadas em que li obras inteiras graças às dezenas de insónias que tive o ano passado. Queria experimentar livros num outro formato (audio-livros) e ler não-ficção: e por isso juntei o útil ao agradável e ouvi vários audio-livros, todos eles não-ficção, num combo que para mim é vencedor, principalmente quando quem os narra é o próprio escritor. Mas como isto não é tudo um mar de rosas, falhei redondamente nos três livros específicos que tinha listado para ler: não foi em 2023 que li "A Breve Vida das Flores", "Uma Educação" e "A Lista de Leitura" (embora, este último, tenha começado). Ainda assim, o balanço é muito positivo. O regresso aos livros é uma das grandes vitórias do meu ano e uma alegria imensa para mim. 

Dos 30 livros que li, apenas cinco foram em formato físico - o que comprova que o Kobo roubou mesmo o meu coração. Mas, para além disso, deu alegrias à minha carteira. Isto porque subscrevi o serviço do Kobo Plus - o que quer dizer que, por sete euros por mês, tenho acesso a uma vasta biblioteca de livros, nacionais e internacionais, sem ter necessidade de os comprar. É como adquirir um passe para uma biblioteca, em que posso "requisitar" todos os livros lá presentes desde que pague a mensalidade. Isto fez com que poupasse em duas vertentes: primeiro porque com sete euros dificilmente compro um só livro em português, portanto há garantia de poupança mesmo que só leia um livro a cada dois meses no Kobo Plus; segundo porque ao saber que tenho lá muitos livros para ler, opto por não comprar e ir gerindo os que lá estão disponíveis. Por saber que as minhas leituras em formato analógico também diminuíram muito, e apesar de continuar a adorar visitar livrarias, aprendi a conter-me e a ser racional - como sei que leio muito mais facilmente o Kobo, opto por comprar o e-book caso queira mesmo ler aquela obra. Só compro o livro físico se souber que o quero ter na minha biblioteca ou caso este não exista em formato digital.

Para tornar tudo isto mais claro, aqui vai uma dose de matemática: no final do ano havia lido 17 livros no âmbito do programa Kobo Plus. A primeira subscrição foi grátis, por isso paguei onze mensalidades - ou seja, 77 euros. Fiz um apanhado dos preços desses livros na sua versão física (a maioria das vezes até com descontos de 10%) e obtive o valor de 242 euros - ou seja, mais do triplo do que gastei com a subscrição. Por isso, para mim, é indubitável... doloroso para o coração, mas muito bom para a carteira.

No entanto, devo também dizer que o Kobo compensa se de facto aderirmos a este plano ou se tivermos facilidade em ler em inglês, língua onde as obras são muitíssimo mais baratas. Porque a verdade é uma: comprar e-books em português não é assim tão compensatório. Vejamos três exemplos práticos de livros que estão na moda: "A Criada" - 13,99€ em formato digital, 17,51€ na Wook. "Olá Linda", 13,99€ em e-book, 18,86€ na Wook. "Leme", 9,99€ no Kobo, 13,91€ na Wook. 

Nenhum destes, por exemplo, está disponível no Kobo Plus. Se eu gostava de os ler? Gostava. Se os vou comprar? Provavelmente não, pelo menos enquanto houver outros que me entretêm na subscrição, enquanto espero que os preços baixem quando estes livros deixarem de estar em voga. No ano passado comprei apenas três e-books, porque me apetecia mesmo lê-los no momento - de resto, faço uma gestão de expectativas e vontades, ligando ao racional e tentando tirar o maior proveito possível da imensidão de livros que tenho disponíveis para ler. De qualquer das formas, não entendo muito bem o porquê dos preços dos e-books nacionais - não havendo os encargos de impressão e distribuição, que diria que são aquilo que tem mais peso no mercado editorial, os valores deviam ser muito mais baixos. Existe, de facto, alguma diferença de valores entre a versão em papel e a versão digital - mas é muito pequena para ser compensatória, principalmente tendo em conta que de um lado trazemos para casa um bem (que podemos oferecer ou até vender à posteriori) e do outro só temos um ficheiro digital, inócuo. Não nos podemos depois queixar e admirar que os jovens leiam cada vez mais em inglês - a necessidade aguça o engenho e, neste caso, o saber outra língua apela à poupança.

Por fim, destacar que li sete autores portugueses, o que muito me alegrou!

Este ano fixei o meu objetivo em 25 livros - fui razoável, até porque espero não ter tantas noites de insónia como em 2023. Entre livros físicos e Kobo, audio-books e virar de páginas ou romances e bandas-desenhadas... o que importa é ler. Fica, apenas, um pedido para mim própria: não ter medo de arriscar. Há obras que, pelas opiniões que já ouvi, pela base da própria história ou por não querer beber da tristeza que está lá dentro, vou sempre a medo, com receio de não gostar. Mas sei que nem sempre faço bem em adiar ou pôr de parte. Porque este ano, quando arrisquei, tive as minhas leituras mais saborosas.

 

O melhor livro de 2023: Terra Americana, de Jeanine Cummins

A maior desilusão de 2023: Pessoas Que Conhecemos nas Férias, Emily Henry

Melhor surpresa de 2023: Onde Cantam is Grilos, de Maria Isaac

Melhor audio-book de 2023: Maybe You Should Talk With Someone, Lori Gottlieb

14
Jan24

Em 2023 eu...

- Fui pela primeira vez a um festival com o Miguel;

- Percebi o impacto que o silêncio pode ter numa fábrica... e achei que ia fechar portas;

- Fui à China e a Cabo Verde;

- Vi o meu sobrinho mais velho tornar-se maior de idade;

- Fui a Fão comer Clarinhas e a Viana do Castelo comer bolas de berlim;

- Fui conhecer o Bolhão renovado e levei lá os meus sobrinhos;

- Vi partir a minha cadela mais velhinha, a Ziva;

- Fui à Madeira - e fiquei lá retida dois dias depois de terem cancelado o meu vôo;

- Continuei a treinar, numa média de três a quatro vezes por semana;

- Ouvi um concerto dos Candlelight e vi também um concerto do Miguel Araújo com o António Zambujo;

- Comi demasiados churros no Sr. de Matosinhos - e não me arrependo;

- No capítulo teatros: fui ver o "Cats" ao Rosa Mota, a "Estudante e o Sr. Henrique" e "Nem a Ponta do Mindinho" ao Sá da Bandeira;

- Eu e o Miguel estreamos um novo ritual: ir, de vez em quando, jantar (ou almoçar) cachorrinhos ao Gazela - e depois ir comer uma natinha quentinha à Rua de Santa Catarina;

- Comprei novos móveis e tapetes e redecoramos ligeiramente a nossa sala - e também fizemos um extreme makeover na nossa lavandaria e escritório;

- Fui com a minha mãe ouvir a Orquesta Strauss ao Coliseu, numa espécie de concerto de ano novo;

- Acho que só fui uma vez ao cinema, para ver o Avatar - e, apesar de ter gostado, já não aguentava mais tempo sentada;

- Andei de bicicleta elétrica - e já não me punha em cima de uma bicileta há pelo menos uma década - e achei que ia cair a cada segundo dos dez minutos que andei;

- Num recital de piano desisti, a meio, de tocar uma peça - foi a primeira vez que me aconteceu;

- Fui passar um fim-de-semana em Alvares e passeei por várias aldeias de Xisto (Talasnal, Piódão);

- Fui com o Miguel fazer um workshop de cerâmica - não nasci para aquilo, mas foi divertido;

- Voltei a ter Covid e, suspeito, Gripe A;

- Festejei, pela primeira vez, o Halloween;

- Semi-adotei um gato, na fábrica;

- Nadei no rio Vez;

- Voltei a tocar piano com mais consistência;

- Bati o meu recorde de homens nus avistados - dei por mim em vários areais de nudistas e não apreciei;

- Uma das minhas orquídeas deu, finalmente, flor - a primeira vez desde que me foram oferecidas;

- Tive notícias muito más sobre pessoas próximas;

- Não fui ver as luzes de Natal nem corri todos os mercados natalícios à minha volta;

- Nasceu a primeira orquídea desta casa!;

- Fui a Évora, à Guarda, ao Algarve, à Serra da Estrela e a Sanxenxo, onde andei de kayak;

- Comecei a ver ciclismo e fui, pela primeira vez, assistir a parte de uma etapa na Volta a Portugal e à chegada de outra etapa no Grande Prémio do JN;

- Tentei começar a aprender a tocar guitarra;

- Cortei o cabelo... e arrependi-me;

- Vi, pela primeira vez, as malhas da fábrica num desfile de moda;

- No capítulo séries: vi, claro, tudo o que era possível de "Love is Blind" na bicicleta. Foi lá que vi também "As Leis de Lydia Poet", "Squid Game: The Challenge",  "Break Point", "Down for Love", "Soy Georgina" e "Rabo de Peixe". Fora da bicicleta vi  "Volta à França - no coração do pelotão", "Mark Cavendish - pedalar até ao fim", "Queen Charllote", "The Crown", "Physical 100", "The Gilded Age", "Welcome to Wrexam", "Only Murders in the Building", "Stutz" e "XO Kitty" e "The Boy Who Lived".

- Comecei a vender coisas na Vinted;

- Eu, os meus irmãos e alguns sobrinhos formamos uma banda à última da hora e demos um mini-concerto de 4 músicas no Natal;

- Comecei a ler no kobo e a ouvir audiolivros - o que resultou em 30 livros lidos este ano!!!

24
Dez23

Feliz Natal!

Nos últimos tempos tenho pensado muito em como são curiosas as parecenças entre organizar um Natal e um casamento - têm sido tantos os mini-dramas familiares por conta desta edição-2023-natalícia que tenho recuado muito a 2021 e aos seis meses de organização do meu casório. Ora: são ambos são eventos que envolvem família - e tudo o que isso implica, se é que me faço entender...-, ambos exigem cedências, ambos requerem regras e critérios e, acima de tudo, ambos passam num fósforo tendo em conta todo o tempo que demoram a ser preparados.

E eu dei conta desta "pormaior" porque, em conversa, me apercebi de que, curiosamente, me recordo muito pouco das noites ou dos dias de Natal - são parcas as memórias que tenho da azáfama das refeições, da abertura de presentes ou do convívio. Mas lembro-me perfeitamente de determinadas prendas que ofereci e onde é que as comprei; recordo a ida anual a Santa Catarina para fazer as compras com a minha mãe; lembro-me de ir levar pencas à mãe do meu ex-patrão; recordo-me de me levantar cedo para ir fazer os doces com a minha mãe e a Dona Joaquina; lembro-me dos sacos de linho, cor de lavanda, que embrulhavam os presentes que a minha avó me oferecia e dos envelopes azuis em que o meu avô me dava algum dinheiro; lembro-me do caminho até casa do meu tio, onde festejamos alguns Natais, onde passávamos pela margem do rio Douro, com as luzes da cidade reflectidas nas suas margens; recordo as poucas vezes em que me aventurei em patins no gelo e da senhora muito velhinha que, todos os invernos, vendia castanhas na Praça dos Poveiros - e que me dava sempre uma castanha extra; lembro-me de arrastar a árvore na Natal escada acima, mesmo sem o consentimento da minha mãe, pois todos os anos teimava em montá-la antes do dia 1 de Dezembro.

O Natal é a minha quadra preferida do ano inteiro, mas não é pelo dia em si; é pelo caminho até lá. Há poucas coisas que me deixam mais feliz do que uma casa decorada com luzes amarelas e quentes, uma árvore recheada de bolinhas e muitos presentes a seus pés. Amo andar ao final do dia na cidade, apreciando as suas luzes; adoro dedicar tempo a pensar nas prendas para as pessoas que me são mais próximas e sentir que aquele objeto tem mesmo a cara da pessoa em que questão; delicio-me com músicas de Natal, com as feirinhas e com a ideia de ter de embrulhar um montão de presentes. Gosto muito de planear as mesas, de pensar na disposição da sala e de ir provando as sobremesas na véspera de manhã. Depois a noite chega e o dia evapora-se - e tudo o que parece ficar é o que veio antes.

Compreendo que haja pessoas que não gostem do Natal - principalmente por ser uma quadra altamente emocional, em que faz ainda mais falta quem cá não está e onde se recordam facilmente traumas que preferimos esquecer. Também tolero todas as outras razões (o facto de ser uma época consumista, por dar muito trabalho, por ser só mais uma obrigação ou mais um foco de intrigas e chatices familiares), mas estaria a mentir se dissesse que lhes dou crédito ou que as perceba. É mais ao menos como me dizerem que não gostam de chocolate: não entendo, recuso-me, alguma coisa não está bem ali. Porque o Natal é um caminho de ansiedade para algo bom, com um cheirinho quente e característico - é, na verdade, a única altura do ano em que fazemos uma contagem universal decrescente, em forma de calendários do advento docinhos. E isso não é por acaso, certo?

Hoje percebo o porquê de, durante muitos anos, os dias de Natal serem um bocadinho agridoces. Sempre que chegava a casa com o saco cheio - e mesmo durante o decorrer do caótico dia - sentia-me sempre algo triste. E acho, agora, que já entendo a razão por detrás disso: porque a parte que eu mais gostava tinha, infelizmente, chegado ao fim. Porque aquilo que eu sempre apreciei foi o caminho - um, que hoje acaba, pelo menos por este ano.

Hoje é só o epíteto de um mês de expectativa, trabalho, esperança e reflexão. É mais um que posso passar com os meus... E é, claro, a oportunidade perfeita para começar a contar os dias para o ano que vem.

Que este ano o saco do Pai Natal me traga, em forma de prenda, a sabedoria que, aparentemente, eu sempre tive em relação a esta época: a aprender a saborear o percurso, em vez de ter sempre o olho num qualquer fim. A dar valor aos dias bons, ainda que o caminho não seja sempre asfaltado. E tempo. E, acima de tudo, saúde.

A vós, desejo-vos o mesmo.

Um Feliz Natal! 

 

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(o ano passado, com os meus pais)

14
Nov23

Chávena de Letras: "No Início eram Dez"

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Creio que este foi o segundo livro de li de Agatha Christie - mas o primeiro não me deixou marcas. Este, que não tem nenhuma das suas personagens mais icónicas, talvez deixe - li-o num ápice, como há muito tempo não me lembrava de ler um livro. É viciante, praticamente impossível de o deixar a meio. Óptimo para alguém que esteja a passar por um "reading slump" porque é daquelas obras que nos agarra do início ao fim, com personagens que nos despertam emoções diversas e uma escrita coloquial mas de tão fácil leitura que até parece ser uma coisa fácil de se fazer.

Há, de facto, várias razões para lermos Agatha Christie passado todos estes anos: porque mentes como a dele há muito poucas. É um génio do thriller, ainda que os seus livros consigam não ser pesados nem macabros como os thrillers contemporâneos que agora se vêem nas mostras das livrarias.

Aconselho muito.

09
Nov23

Amigos, amigos - redes sociais à parte?

Eu devia coibir-me de escrever estas coisas, pois, tendo em conta o curso que tirei, era suposto a gestão de redes sociais ser uma das minhas valências. E é, se tivesse mais paciência para elas - coisa que, na verdade, não tenho, a par de muita falta de gosto pela área. Faço o mínimo indispensável para poder promover os meus textos e tudo o que seja necessário e pertinente a nível profissional. De resto, confesso-me preguiçosa.

E isto também acontece porque há algumas dinâmicas nas redes sociais que me passam ao lado. O LinkedIn, por exemplo: é suposto eu aceitar toda a gente, fazer uma pré-seleção tendo em conta o ramo de trabalho ou "estar em rede" só com pessoas que eu conheço? E o Goodreads - qual a política que devemos seguir? Cingimo-nos aos nossos amigos ou alargamos o círculo? É que, de tanto aceitar pessoas que desconheço totalmente, tenho uma mistura de estilos e de gostos infindável, que em muitos casos não corresponde ao meu gosto pessoal no que a livros diz respeito, e que até tem feito com que eu tenha perdido o interesse naquela rede social. É tanta tralha livresca em frente dos meus olhos - coisas que amigos de amigos lêem, e gostam, e comentam, e atualizam, e criticam - que eu acabo por me perder, desligar a aplicação e centrar-me na minha prateleira de livros por ler, em vez de andar à procura de mais papel onde gastar o meu dinheiro.

Sinto que, provavelmente, não há uma resposta certa para estas questões - cada um adopta a sua política, aquela que acredita fazer mais sentido para si, passando ao lado de tudo o resto. No Facebook e no Instagram também tivemos de o fazer - há quem aceite amigos, conhecidos e desconhecidos, assim como há quem tenha contas totalmente privadas que nem a lista de amigos deixa aceder. Eu, curiosamente, tenho políticas diferentes nas duas redes (sim, eu ainda uso Facebook - não se esqueçam que lá no fundo eu sou uma velhinha de 82 anos): no Facebook só tenho gente, no mínimo, conhecida, enquanto que no Instagram tenho a conta aberta (também porque a adotei como sendo uma plataforma de divulgação do blog), de modo a que qualquer um me possa seguir. Tenho linhas que separam o publicável do não-publicável e uma série de códigos de conduta internos que nem sei bem descrever mas que sei que estão lá.

Mas no LinkedIn e o Goodreads não. Não são sites novos, já têm o seu estatuto e vários anos de implementação - mas eu continuo a navegar um bocadinho na maionese. Na rede-social-do-emprego a única coisa que tenho bem definida é que não aceito pessoal do Zimbabué, Suriname e arredores, assim como pessoas cuja escolaridade se resume à "faculdade da vida"; de resto, vou pelo tato. Aceito uns, deixo outros a marinar durante tempo indeterminado enquanto penso indefinidamente sobre aquela conexão-cibernética e outros... bem, se for um astronauta, calculo que não deva ter muito em comum comigo, por isso opto por não aceitar. O que me leva à seguinte questão: faz então sentido aceitar um amigo que seja médico ou jardineiro, se não há nada em comum nas nossas áreas de trabalho? Isso não é equiparável àquela ideia do astronauta, cujos pontos de ligação profissional são parcos (quiçá nulos)? Porque afinal aquilo tem como finalidade criar uma rede de trabalho, com alguma estrutura e que faça sentido, ou é tudo ao molho e fé em Deus? É tudo muito ambíguo na minha cabeça.

Já no Goodreads, muito por culpa da pandemia de livros que estava a tomar de assalto a minha homepage, decidi tomar medidas, apagando mais de metade das minhas amizades. Sei que muitas das pessoas que me enviavam pedidos (que fui sempre aceitando) surgiam a partir daqui, do blog -  e, por isso, deixo já as minhas desculpas antecipadas caso tenham feito parte da minha eliminação colectiva. Poque neste caso defini bem as regras: ficaram pessoas que conheço (as que interessam e que cumprem os requisitos que a seguir menciono), com quem tenho gostos em comum ou que elaboram as suas reviews, não deixando apenas classificações com estrelas ou marcando só os livros que lêem. Foi uma limpeza.

Gosto muito de saber que as minhas críticas ajudam os outros a perceber se um livro será ou não interessante para juntar à sua lista de livros - mas, para garantirem que as vêem, sigam-me em vez de pedirem amizade (porque, como já se viu, sou uma esquisitinha da pior espécie).

 E vós? Como fazem a vossa gestão de redes sociais e que critérios têm? Ajudem esta alma perdida!

26
Out23

Chávena de Letras: "Talvez Devesses Falar com Alguém"

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Este livro levantou-me, de novo, um problema com os audiobooks: há partes que eu gosto tanto, tanto que tenho pena de não conseguir sublinhar, apontar, rabiscar e levar comigo para a vida.

Para alguém que, como eu, é seguido há dois anos por um terapeuta e conhece os métodos e os meandros deste mundo, acho que este livro consegue ser ainda melhor do que para as outras pessoas que nunca tiveram esta experiência. Como é que o terapeuta nos vê, a nós, enquanto pacientes? Como é que se depuram as tantas coisas más que eles ouvem, como é que se lida com tamanha tristeza dos outros? É algo que me questiono com frequência e que Lori Gottlieb descreve um pouquinho ao longo destes capítulos.

No livro ela retrata alguns pacientes com quem lidou mas, acima de tudo, fala sobre si própria - como lidar com os outros quando nós próprios temos problemas. E não somos todos assim - mesmo quando a nossa profissão não implica ouvir nem tentar ajudar a resolver problemas alheios?

Ver o ponto de vista de um terapeuta a fazer terapia é muito interessante. Gostei imenso deste livro e aconselho-o a todos - quer sejam ou não novos neste mundo, quer achem que precisam de ajuda, quer não.

23
Out23

Porque é que as bolas vêm sempre aos pares?

Calma, suas mentes depravadas. Estou a falar das bolas de berlim.

O verão acabou há um mês, mas eu já estava em modo-luto de bolas de berlim há muito tempo. Isto porque podem fazer o que quiserem, mas não há nada que saiba igual a uma bola de berlim na praia. Podem inventar todo o tipo de marmitas (são, no entanto, automaticamente elegíveis para uma picada de peixe-aranha se levarem coisas saudáveis para a praia - sabiam disso, certo?) ou até comprarem a bolinha na pastelaria mais próxima e levá-la na mochila térmica - está cientificamente comprovado pelas minhas papilas gustativas que não é igual. A bola de berlim a sério compra-se (e come-se!) na praia, aos vendedores que gritam "bolinhaaaaa" e que, preferencialmente, fazem rimas e trocadilhos como ladainha para a sua venda; tem de sair de uma arca em forma de mala de picnic e ter como vizinhas muitas outras bolas, ainda que de sabores e recheios diferentes. Só o preenchimento de todos estes requisitos é que determina a compra da verdadeira bolinha de berlim. Isto faz com que só no verão é que tenhamos hipótese de degustar esta iguaria que, apesar de nome de capital alemã, é bem portuguesa.

Dados os meros três a quatros meses de vida, por ano, da real bola de berlim, somos muitas vezes obrigados a recorrer à contrafação. É mais ao menos como as Louis Vuitton - quando não há dinheiro para uma verdadeira, compram-se na feira, parecidas, mas com um preço mais simpático. Aqui é semelhante: à falta de berlineiros de serviço, pode-se sempre ir a uma pastelaria ou supermercado. Ainda há dias vi um vídeo da La Dolce Rita (pasteleira cujas receitas eu adoro) a comparar as bolas de berlim de supermercado. Como boa pasteleira que é, não conseguiu eleger nenhuma como a melhor (pois essa, a real, e se leram bem os parágrafos acima, só pode ser encontrada num certo e determinado local, com areia e água à volta) - mas provou-as e apontou os pontos fortes e fracos de cada uma delas. 

E eu não consegui ficar como mera espectadora - a saliva crescia-me na boca à medida que os minutos do seu vídeo iam passando. E eu, que não punha o dente em nenhuma bola desde Julho, fraquejei e tive de recorrer à contrafação de supermercado. Vi as várias opções disponíveis nos estabelecimentos mais próximos e foi no Lidl que descobri a que mais me agradou (e que, por acaso, a Rita não provou): a bola de berlim de alfarroba, com creme. Não me posso queixar - era boa, tendo em conta que é uma bola pré-congelada e que eu não estava de férias a apanhar sol na praia.

Há, no entanto, um problema generalizado: em todos os supermercados as bolas são sempre vendidas aos pares. E eu, que tenho um marido pouco dado a doces, deparo-me com uma constatação difícil: se quiser uma bola, terei de comer duas. É um verdadeiro problema de primeiro mundo - principalmente para as minhas ancas, que gritam de horror só com a perspetiva. Mas agora a sério: depreende-se que as bolas de berlim são para ser partilhadas? Ou que são tão boas que nunca se consegue comer só uma? Ou que as bolas... vêm sempre aos pares? São muitas dúvidas. Preciso de esclarecimentos. 

 

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(esta é das reais, com certificado de qualidade)

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