Verão atípico
Este Verão tenho sentido algo que nunca havia sentido nesta vida: obrigação de estar ao sol. Quero com isto dizer que se acordo, saio do meu quarto e vejo que está um dia solarengo lá fora, o meu instinto é pôr-me de bikini e estender-me em frente à piscina - e se por ventura está demasiado calor e eu penso em ir para a sombra, quase me culpo, com o diabo em cima do meu ombro a gritar-me "mas vais-te pôr à sombra depois destes dias todos em que quase choveu?".
O tempo está tão mau que eu sinto-me no dever de aproveitar cada segundo que S. Pedro nos dá de solzinho. Juro! Encharco-me de protetor, leio dentro da piscina, faço trinta por uma linha: mas deixar de estar ao sol não é uma opção nestes raros dias de Verão (verdadeiro) que se fazem sentir. Nunca vi estação tão fraca, com dias tão cinzentos, tão carregados de nuvens. É uma tristeza acordar e ver que naquele dia não nos está destinado piscina ou praia, mas sim a enclausura dentro das paredes de nossa casa (como se o Inverno já não nos bastasse).