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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

25
Out17

Dez coisas que ninguém nos conta sobre os cruzeiros

Para terminar em grande esta minha saga sobre o cruzeiro, quero deixar um post que idealizei há muito tempo mas que só fazia sentido partilhar depois de ter concluído todos os diários de bordo. E, finalmente, é o momento! Depois de no ano passado ter feito uma descrição exaustiva daquilo que é fazer um cruzeiro, com todos os detalhes que achei necessários, pensei em não vos tornar a maçar com algo tão pesado. Por isso selecionei dez factos sobre viajar em navios que nunca antes tinha encontrado - a maioria deles por serem caricatos ou simplesmente estranhos ao ponto de ninguém se lembrar de os mencionar! 

Este é o culminar das minhas duas experiências em cruzeiros, uma vez que muitos dos procedimentos são os mesmos. Não quer dizer que sejam medidas universais, mas parece-me que se sentem um pouco por todos os barcos de cruzeiro que navegam por aí. Vamos lá:

 

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1 - Os guardanapos querem-se no regaço. Quando chegam pela primeira vez ao restaurante principal - aquele onde jantam pratos mais gourmet, onde há as noites de gala e que está incluído na estadia completa -, ainda meio atarantados à procura da vossa mesa e sem perceber bem aquele sistema, mal se sentam e o vosso empregado se aproxima uma coisa é certa: ele vai tirar o vosso guardanapo da mesa, abri-lo e colocá-lo no vosso regaço. E não, não pedem licença. Isto aconteceu-me em ambos os cruzeiros e das duas vezes fui apanhada de surpresa (como quem diz "wow, mal tive tempo para respirar! Onde é que estás a pôr a mão?!"). Nos jantares seguintes já sabia: mal me sentava, mesmo que ainda meia torta, já estava com o guardanapo nas pernas. Just in case.

 

2 - Uma das coisas mais chatas nos cruzeiros é o "drill" - ou seja, um simulacro para estarmos preparados caso aconteça alguma coisa e seja preciso evacuar o navio. Acontece normalmente antes do barco zarpar e é obrigatório a todos os passageiros - e sim, eles contam-vos e chamam o vosso nome caso não estejam presentes (por isso não vale a pena fingirmo-nos de mortos). Os dois que fiz eram diferentes - num tive mesmo de ir para a beira dos barcos salva-vidas, no outro dirigimo-nos para o ponto de encontro para onde teríamos de ir em caso de emergência. Ambos foram chatos e eu adorava dizer que foram úteis, mas nem quero imaginar se algo acontecesse mesmo, porque tudo parece um pouco desorganizado. No fundo, contem estar uma hora calados, a ouvir o que diz o capitão. E não há mesmo ponto de fuga: todas as estruturas do barco param, há funcionários por todo o lado e não vos deixam ir para mais lado nenhum até aquilo acabar.

 

3 - Não querem lavar as mãos? Lavam na mesma! Este facto é até motivo de gozo internamente - um dos espetáculos que fui ver, com um humorista, gozava com o assunto. O que acontece, principalmente nas zonas de refeições, é que há sempre dispensadores com líquidos para desinfetar as mãos (como aqueles que, aqui há uns anos, estavam espalhados por todo o lado devido à gripe das aves). Mas nas horas de mais afluência há sempre empregados destacados, com um dispensador na mão, que vos intercetam e vos despejam líquido nas mãos - mesmo que não queiram! O que se passa ali é uma espécie de placagem disfarçada: sorriem muito, dizem-nos com imensa simpatia "hello, how are you today?" e depois, sem se aperceberem... squich! Agora não têm outro remédio senão esfregar.

 

4 - A água de beber é horrível, mas as outras bebidas podem levar-vos à falência. Se não querem gastar balúrdios em bebidas enquanto estão a viajar não vos restam muitas opções: na maioria dos sítios têm água, limonada e sumo de maçã (que eles dizem ser bom para desenjoar). Eu estou habituada a beber água em casa e por isso fazia sentido beber lá também - mas não consigo. Sei que sou pessoa de um paladar muito específico e extremamente apurado, mas acho que qualquer um notaria: a água é intragável, penso que devido ao sistema de recuperação e purificação da água que usam internamente. Nos restaurantes bebia sempre sumo, mas no quarto tinha sempre uma garrafa de água que trazia das cidades e que punha no frigorífico, para ter sempre sempre algo fresco para me matar a sede.

 

5 - Não são americanos? Problema o vosso! Isto pode não ser uma verdade universal, até porque viajei sempre em companhias americanas: primeiro na Royal Caribbean e depois na Celebrity Cruises. Mas tudo está desenhado e pensado para os americanos, começando pelas línguas faladas no barco. A primeira é, obviamente, o inglês e a segunda o espanhol - mas se por acaso não perceberem ou não falarem bem uma das duas, estão feitos ao bife. Primeiro porque não percebem o drill, depois porque não entendem os espetáculos, porque não podem participar em muitas das atividades que são feitas por animadores (que falam inglês) e, em último caso, terão mesmo dificuldade em comunicar com a tripulação. As bebidas são americanas, as perguntas dos quiz são feitas para americanos e para pessoas cuja primeira língua é o inglês e as comidas do buffet são feitas muito à imagem daquilo que se come na América.

 

6 - Quem faz tours tem números colados à camisola. Sempre! O ano passado perguntaram-me porquê que nas fotos eu aparecia sempre com um autocolante com um número colado à camisola: é para identificarmos qual o nosso grupo quando vamos em excursões. As tours são compradas no barco (ou pela net, antes de embarcar) e são-nos dados bilhetes com as informações úteis, como a hora de encontro e a hora de partida. Normalmente o ponto de encontro é sempre no teatro, onde se encontram todas as pessoas que vão fazer visitas guiadas. Mas dependendo das visitas que cada um escolheu, é-nos atribuído um número, que passa a ser o número do nosso grupo e do nosso autocarro. Quando é para sair chamam pelas pessoas com o autocolante número X e lá vamos nós. Como frequentamos sítios turísticos e muito movimentados, este método é bom para encontrarmos pessoas do nosso grupo e não nos perdermos. As guias normalmente também andam com placas com o nosso número para que as possamos encontrar com mais facilidade.

 

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 Neste caso era o número 2

 

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A guia com a placa na mão

 

7 - Os empregados tratam-se pelo nome. A simpatia do staff é uma das coisas irrepreensíveis nos cruzeiros. Senti-o mais no do ano passado do que neste - todos se esforçavam, mas os da Royal Caribbean faziam-no sem qualquer tipo de esforço, notava-se que era algo natural. Isto marcou-me de tal forma que ainda hoje sei o nome dos empregados que me atenderam o ano passado: na mesa era a Cecília, no quarto era o Nikolay. Isto porque os empregados que vos servem (nos serviços constantes, como limpeza de quarto ou no restaurante principal) são sempre os mesmos e, no início, se vêm apresentar: dizem o nome, às vezes de onde vêm, e dão os contactos caso precisemos de algo. Muitos deles também nos tratam pelo nome e o serviço é altamente personalizado, o que me leva ao próximo ponto.

 

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A relação com os empregados é de tal forma cúmplice que muita gente (nós incluídos) tira foto com eles antes de terminar a viagem.

 

8 - As gorjetas são algo normal quando se faz um cruzeiro. É claro que a simpatia pode ser natural, mas a gorjeta que pode estar no horizonte também importa. Na América é regra dar-se uma agraciação num restaurante e nos cruzeiros não é excepção: na Royal Caribbean não havia cerimónias e eram até dados envelopes para se deixarem notas aos empregados, já na Celebrity as coisas eram feitas com um pouco mais de discrição (mas a sugestão era dada nos papéis que nos forneciam). É muito difícil ser empregado num barco - principalmente trabalhando em restaurantes ou na limpeza de quartos. Estamos a falar de pessoas que durante semanas não têm folgas e trabalham mesmo muitas horas por dia, num trabalho que não é descansado. Eu via o empregado que nos servia ao jantar a trabalhar às 7 da manhã no pequeno-almoço, por exemplo; e a minha room atendant a trabalhar desde as oito da manhã às oito da noite. O meu cruzeiro foi de doze dias e nenhum deles folgou enquanto eu lá estive. Para além disso, no que diz respeito aos empregados de quarto, eles estão disponíveis 24 horas por dia - basta ligar do nosso quarto para a extensão deles, e eles atendem. E, por isso, é um trabalho que (para além de ser muito bem feito e ser também bem remunerado), merece uma compensação.

 

9 - A última noite é passada sem malas, a menos que as queiram carregar no dia seguinte. Normalmente, no dia anterior ao final do cruzeiro, são-nos deixadas indicações sobre como despachar a mala. Das duas vezes que viajei tive de deixar a mala no corredor, na noite anterior à partida: elas são identificadas com etiquetas, que têm um número e a nossa identificação pessoal (caso se percam), e só depois de atracarmos e de sairmos do barco é que as vamos buscar à zona correspondente ao número que nos foi atribuído para pôr na mala. É um sistema confuso e um bocado caótico, porque normalmente têm de se deixar as malas antes do jantar, o que faz com que tenhamos de pôr na nossa mochila/carteira (ou numa mala mais pequena) todos os bens essenciais para passar a noite e para o dia seguinte, até sairmos do barco (escova e pasta dos dentes, pijama, roupa do jantar anterior, etc.). Há a opção de sermos nós próprios a levar a mala, mas nesse caso somos os primeiros a sair do barco (lá para as seis da manhã) e temos de as carregar - e malas de duas semanas não são propriamente leves. Mas é muito giro sair do corredor e ver milhares de malas lá encostadas, de todas as cores e feitios, à espera de serem recolhidas. A verdade é que durante a noite acontece magia e no dia seguinte, logo de manhã, lá estão as nossas malas, prontas para serem entregues.

 

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 Uma das secções de malas, no terminal de cruzeiros.

 

 10 - "De onde vens?" é a pergunta que impera. Não esperem encontrar portugueses - durante 80% da duração do último cruzeiro, eu e os meus pais achávamos ser os únicos lusitanos no barco. Mas, afinal, havia mais quatro - com os quais acabamos por nem falar, porque a diversidade é tanta que nem vale a pena. Na viagem que fizemos no Báltico havia mais alguns, mas nada expressivo. A maioria das pessoas são americanas ou britânicas, havendo depois pequenos núcleos de todo o mundo, que é sempre bom conhecer. O ano passado conheci imensos israelitas; desta vez conheci americanos, porto-riquenhos, sul africanos, entre outros que já não me recordo. É sempre um bom tópico de conversa, principalmente se são países mais atípicos: e para além de conhecermos novas pessoas e de aprendermos algo sobre a sua cultura, ainda ajuda a passar o tempo - o que por vezes, nos tempos mortos (que não são muitos, é maioritariamente à noite), ajuda. Já os funcionários têm normalmente a identificação do país de origem. Se virem portugueses, é provável que vos façam uma festa - esta ano cruzei-me com dois, uma rapariga da Baixa da Banheira que trabalhava nas lojas (e que mandou um berro tal quando percebeu que falávamos a mesma língua que ela que eu até me assustei) e um oficial, que sorriu imediatamente quando lhe disse "bom dia" e que me agradeceu por ouvir falar português. É uma mistura interessante entre culturas e nacionalidades, onde sabe bem apreciar tanto aquilo que nos é desconhecido, aproveitando para reter algum conhecimento daí, mas também o "doce sabor a casa", quando encontramos alguém que partilhe a nossa bandeira, a nossa língua e a nossa cultura.

 

Há muito mais coisas que ainda poderia contar mas penso que, onze mil caracteres depois, já estão provavelmente bastante esclarecidos e fartos de me ler. Com este post dou por concluída a minha saga "cruzeiro 2017", que demorou a sair, mas que está finalmente completa. São publicações muito trabalhosas mas, ao mesmo tempo, muito boas de fazer: porque enquanto escrevo vivo tudo de novo. E é sempre bom reviver memórias, viagens e partilhar ideias e experiências com os outros. Que mais venham =)

23
Out17

Roma, a cidade imponente

Já diz o ditado: Roma não se fez num dia. E, por isso, também não se visita em 24 horas... e muito menos em cinco! Mas eu tinha de tentar. A capital italiana foi a última paragem do cruzeiro que fiz e eu tinha voo nesse mesmo dia, o que significa que tinha cerca de cinco horas para "ver a cidade". Aqui não tivemos grande escolha: a tour era a nossa única alternativa se não queríamos ter problemas. O porto não é mesmo em Roma, mas sim em Civitavecchia, que fica a quase uma hora de distância do centro da cidade; já o aeroporto fica a cerca de meia hora das principais atrações turísticas. Para além disso ainda tínhamos as malas: eram três e pesavam todas mais de vinte quilos, por isso não davam propriamente para andar a passear. Ou seja: entre transferes, logísticas com as malas (guardar, pagar, ir buscar, carregar) e outros possíveis problemas, o tempo para passeio iria ser escasso (e sofrido, porque iríamos estar sempre preocupados). Esta foi, por isso, a primeira tour que compramos (e já estava praticamente esgotada!) para não haver problemas ou imprevistos. No final, comprovou-se que foi a melhor opção, até porque o cansaço já nos estava a transformar em crianças birrentas: o dia de desembarque é duro e longo - às 7 da manhã já estávamos fora do barco, o que fez com que às 6.30h já nos estivessem a correr dos quartos e que às 6h o pequeno almoço já tivesse quase tomado.

Agora vamos lá ser diretos: eu não visitei Roma. Eu vi um bocadinho da cidade (o outro bocadinho que podia ter visto passou-me ao lado, porque adormeci no autocarro). Do que vi, gostei muito e é de certeza uma cidade a visitar. O meu pai chamou-lhe "a cidade dos toldos", porque todas as casas e lojas tinham toldos para proteger do sol - já eu, apesar de não lhe ter dado nome, achei-a uma cidade muito jovial e alegre, principalmente nas zonas da margem do Rio Tibre, que me conquistaram à primeira vista.

No fundo, só fomos a dois locais, dois pesos pesados do turismo: a Basílica de São Pedro e o Coliseu - até porque ir a Roma e não ver o Papa é coisa grave de se fazer. Não vimos Sua Santidade, mas foi como se víssemos: na altura em que fomos deixaram de fazer missas na praça, porque o calor era tanto que as pessoas, ao esperarem, desfaleciam e havia episódios menos felizes que todos queriam evitar. Se não estou em erro, só ao domingo é que o Papa aparecia na janela do seu quarto para acenar às pessoas - e não foi esse o dia em que nós lá fomos.

Apesar disso, tivemos uma hora à espera para entrar na Basílica - parte do tempo ao sol. Deu tempo para tirar as medidas todas ao espaço, apreciar tudo, ver as coisas com bons olhos e tirar fotografias para dar e vender. Aqui a questão não é de bilheteira, porque a entrada é grátis, mas sim do controlo que é feito à entrada: tudo tem de passar no raio-x, o que atrasa imenso o processo. Penso, aliás, que também é este o propósito: para além de ser mais seguro, faz com que a entrada dos turistas seja mais lenta e não encha a Basílica, nunca estando o espaço de tal forma cheio que se torna intransitável.

Uma coisa curiosa: eu imaginei que a praça fosse muitooo maior! Quando a vemos na televisão, com gente até arrebentar pelas costuras, parece uma coisa enorme: mas, na verdade (e na minha cabeça) é bastante mais pequena do que parece. Nessa altura ainda não tinha ido a Fátima (curiosamente fui umas duas semanas depois) e pude perceber que Fátima acaba por ser muito maior - até porque na praça do Vaticano há umas "pérgulas" que a circundam, acabando por reduzir de alguma forma o espaço, enquanto que em Fátima isso não acontece. Mas só aí é que este espaço pode ser comparado com o português: porque em tudo o resto (arquitetónicamente falando) é mais rico.

 

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Na praça de São Pedro

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Estátuas na orla da Praça de São Pedro

 

Podem-se tirar fotos à vontade dentro do espaço porque nada é pintado em frescos, não havendo riscos das pinturas se estragarem: no entanto, há uma grande rigidez relativamente às mochilas (têm de estar na frente) e, acima de tudo, ao facto dos ombros terem de estar cobertos. Estava um calor dos ananases e eu não tinha nada com que me cobrir, por isso comprei um lenço na praça enquanto esperava.

Eu adorava falar-vos da Igreja mas, honestamente, faltam as palavras. Eu situo-me entre o agnóstico e o ateu, por isso quase todos os rituais e simbolismos da igreja católica me passam ao lado - mas, felizmente, tenho olhos para ver e gosto muito de igrejas devido à sua beleza arquitetónica. E a Basílica de São Pedro é o expoente máximo de tudo o que já vi na vida, não há fotos que lhe façam jus. Enquanto esperava e derretia na fila, pensei sinceramente se toda aquela espera era merecida: e, de facto, é. Visitei (até durante o próprio cruzeiro) igrejas de tirar a respiração, mas a imponência desta é qualquer coisa de espetacular. É tudo tão grande, tem tanto detalhe, tem tanta riqueza junta... que de facto se torna difícil descrever por palavras ou sequer por imagens. É obrigatório ir lá e ver. Independentemente das crenças ou da religião, é um edifício de uma imponência indescritível. Fiquei de boca aberta.

 

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O teto à porta da Basílica

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A sublime Pietà, de Miguel Ângelo - quando pensamos que ele esculpiu esta peça aos 23 anos, sentimo-nos verdadeiramente inúteis e despidos de talento...

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Nunca estive tão feliz dentro de uma igreja ;)

 

A nossa guia era muito simpática e estava sempre a impulsionar-nos a ver as coisas de perto e explorar a Basílica. Dizia "estiveram uma hora ali fora à espera, agora merecem ver tudo! Tirem fotos, observem, toquem!". Para mim, foi uma autêntica salva-vidas: sinto que o ramo da religião é um dos meus pontos fracos em termos de cultura geral. É um tema que, à partida, não me desperta muito interesse e por isso tenho muita dificuldade em reter a informação: ouço falar sobre o assunto, estou atenta, mas passado pouco tempo já não me lembro de nada. Para além disso, como nunca fui a missas ou tive catequese, o meu background religioso baseia-se apenas na cultura geral e nas discussões aqui de casa.

Foi por isso muito útil ouvir todas as explicações dela relativamente à igreja e a tudo o que estava lá dentro: as esculturas, o altar, o chão, as cúpulas, as paredes, o altar. Mais uma vez, lembro-me de pouca coisa, mas gostei muito e aprendi (ainda que levemente) uma série de coisas que antes desconhecia. 

Infelizmente, devido à nossa falta de tempo berrante, não conseguimos visitar a Capela Sistina...

 

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O topo do Baldaquino

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Uma visão mais ampla do espaço - que, apesar de estar cheio de turistas, é tão grande e tão alto que tudo parece dispersar-se

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Teto da Basílica

 

Depois seguimos para o Coliseu. Apesar das filas serem grandes, como éramos um grupo e já tínhamos os bilhetes pré-comprados, passamos à frente de todo aquele caos e entramos diretamente. Penso que só uma palavra pode descrever este edifício: imponente. Como é que uma coisa construída há praticamente dois mil anos continua ali, de pé, com aquela estrutura magnânime? Quantas pessoas já terão passado por ali, pisado aquelas pedras? Pessoas de épocas tão diferentes da nossa, onde nada era igual... enfim, o peso da história neste edifício é algo difícil de descrever. 

 

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À entrada do Coliseu

 

É incrível fecharmos os olhos e imaginarmos o que se passou ali - o povo aos berros, os leões esfomeados, os gladiadores a tentarem degolar-se mutuamente. É um peso que, naqueles segundos, carregamos nos ombros e que é corroborado com todas as histórias que ouvimos dos guias ou em documentários ou na internet. Eu já queria ter ido ao Coliseu há muito tempo, sempre adorei a história por detrás do edifício, mas só quando lá vamos é que conseguimos "entrar" dentro dela - vendo as bancadas, as arcadas, os subterrâneos. Se não fosse o caos provocada pelo movimento e pelo barulho dos turistas, seria muito fácil viajarmos no tempo e imaginarmos o que aquilo teria sido durante o Império Romano - porque o estado de conservação ainda é tão incrível que basta ter um bocadinho de imaginação para as coisas acontecerem por debaixo dos nossos olhos.

 

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 Coliseu

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Uma visão global do Coliseu - foto tirada do primeiro andar

 

As catacumbas não se podem visitar, mas pode-se subir ao primeiro andar e ter uma visão mais ampla do espaço. Nessa altura, depois de lá chegar, já estamos ofegantes devido à subida íngreme das escadas, mas ao olharmos para aquela vista perdemos definitivamente a respiração: a magnitude do Coliseu é incrível e merece ser vista, pelo menos, uma vez na vida. Preferencialmente com tempo (algo que eu não tinha), com um bom guia e numa época onde não existam tantos turistas como em pleno Julho. 

A viagem de regresso a Roma não está marcada no papel, mas já está na minha cabeça. É inconcebível não lá voltar. Foi uma passagem breve, mas também foi só um até já.

17
Out17

Pompeia, um "cheirinho" da Roma Antiga

Nápoles foi a penúltima paragem do cruzeiro que fiz em Julho (lembram-se? aquele sobre o qual eu disse que ia escrever mundos e fundos e ainda não escrevi nem metade do que queria e já estamos quase no fim do ano?). No entanto é uma cidade sobre o qual eu vos posso contar pouco ou nada. Porquê? Porque tal como já tinha escrito num outro post, um cruzeiro implica escolhas: e as horas que tínhamos em Nápoles eram reduzidas e as visitas guiadas em questão não eram brilhantes na oferta que proporcionavam. Podíamos ir a Pompeia e ao Vesúvio, mas não sobrava tempo para uma visita a Nápoles; o mesmo acontecia com Capri - era sair do nosso barco, entrar noutro para ir a Capri e voltar rapidinho, sem tempos para atrasos ou desvios - e apesar de eu querer muito conhecer esse sítio, a visita era tida como extenuante e o meu pai poderia não a conseguir fazer; a outra opção era ficar pela cidade, mas não conseguíamos ver mais nada nas redondezas e, segundo a maioria, Nápoles não é uma cidade tão bonita como outros ex-libris italianos (embora seja das maiores cidades de Itália). 

A nossa decisão acabou por recair sobre Pompeia, que fica a cerca de meia hora de carro do porto de Nápoles. Não queríamos ir ao Vesúvio e, se quiséssemos, também não poderíamos ir: devido à quantidade elevada de incêndios que existiam na altura, as visitas de turistas estavam interditas. Isto fez com que o nosso grupo fosse enorme, uma vez que se juntaram as visitas de Pompeia com aquelas que iam também ao vulcão, o que não ajudou particularmente. Pompeia é gigante, muito ainda está por escavar e descobrir, mas a quantidade de visitantes é proporcional ao seu tamanho: são aos milhares e milhares de cada vez. É muito fácil perdermo-nos do grupo enquanto tiramos uma foto ou quando desaceleramos para termos mais cuidado a andar num sítio qualquer, por isso toda a atenção é pouca.

A nossa visita durou umas três horas - o que só dá para ver uma ínfima parte do local - mas, mesmo assim, foi bastante dura. Estava um calor abrasador (talvez o mais intenso de toda a viagem) e o facto de sermos um grupo de 50 pessoas, de estarmos rodeados de outro grupos (inclusivamente de outros barcos, com placas e números iguais aos nossos), algumas ruas serem muito estreitas, sem sombras, com degraus enormes e o chão completamente desnivelado não ajudaram.

Começámos por entrar numa oficina de camafeus, que existia à entrada das ruínas. É um negócio típico daquela zona e é apenas uma forma de nos arrancar ainda mais euros do bolso. Há, de facto, peças incríveis - mas também muito caras. Como típicos italianos dão descontos, regateiam os preços, mas eu resisti à tentação de trazer algo para casa - até porque quanto mais pequenas são as peças, mais caras se tornam, porque o nível de trabalho e de pormenor são maiores. Logo à entrada vimos um artesão a fazê-los, como podem ver na foto abaixo.

 

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Artesão a esculpir o camafeu

 

Para quem não conhece, uma breve contextualização: Pompeia era uma cidade do império Romano que, no ano 79, foi totalmente destruída devido a uma erupção do Vesúvio. Só no século XVIII é que se descobriu a cidade soterrada e começaram as primeiras escavações que, até agora, resultaram no que está à vista de todos: um conjunto enorme de ruínas, objetos, vestígios e corpos desse tempo, que se mantiveram intactos e conservados no meio da lava e das poeiras. 

A nossa guia era muito simpática e energéca, mas eu tento sempre pôr um filtro em quase tudo o que ela (e os outros) dizia. Ela contava-nos o que é que se faziam naqueles espaços, muito detalhadamente, e eu pergunto-me sempre se de facto as coisas eram mesmo assim. De qualquer das formas, tudo o que aqui escrevo foi o resultado daquilo que ela nos disse. Para começar, ela adiantou-nos que para ver bem Pompeia eram necessários dois dias - nós vimos o que pudemos em três horas. Abaixo podem ver o campo onde os lutadores/gladiadores treinavam - os pilares e algumas paredes estavam em bom estado de conservação.

 

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Praça de treinos

 

Uma das coisas comuns em ruínas romanas eram os banhos. Também em Pompeia se via bem o espaço dedicado à limpeza e relaxamento das pessoas, inclusivamente com aquilo que ela chamou de "balneários". Estas zonas estavam cobertas de mármores que, já não me recordo bem quando, foram pilhadas e utilizadas em palácios.

 

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Atrás de mim estão "os cacifos", que serviam para guardas as roupas

 

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Banhos romanos

 

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O teto e uma janela - onde existia vidro, algo raro para a época - também na zona dos balneários

 

Não sei como é que funcionam as visitas sem guia, mas eu não aconselho. É provavelmente oferecido um mapa, mas aquilo é tão grande - aliás, é uma cidade, basta dizer isso - que é muito fácil perdermo-nos e tudo parecer igual (que é). É necessário estar com alguém que conhece para nos despertar a atenção para alguns pormenores muito interessantes e nos fazer ver certas coisas que, a olho nu, seriam só mais um conjunto de pedras.

 

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Uma das ruas de Pompeia

 

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 Aqui conseguem ver-se as marcas deixadas no chão pelos carros de mercadorias que andavam nas ruas principais de Pompeia, que mostram o grande movimento que havia nas principais ruas da cidade

 

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Não resisti a tirar uma foto estilo Beatles, versão pedras-de-Pompeia em vez de passadeira-em-Liverpool

 

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Uma padaria, onde se percebem claramente para que servem todas estruturas: à esquerda, o forno; no centro, uma mó, para fazer farinha, que era geralmente movimentada por burros, que andavam ali às voltas

 

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Uma casa de banho pública - e sim, aqueles calhaus são sanitas

 

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 Numa das ruas, onde uma arcada permaneceu intacta

 

Existe também a possibilidade de visitar o interior de uma ou outra casa. Um desses espaços - diria eu, o mais "polémico" - é o bordel. Segundo o que nos disseram, Pompeia era uma cidade onde se faziam inúmeras trocas comerciais, por isso ia lá gente de todo o mundo, que não falava latim. O bordel era um sítio popular entre os negociantes de outros países e as prostitutas comunicavam com eles através de imagens que estavam pintadas nas paredes, sobre as posições que cada um queria assumir - pinturas essas que ainda podem ser vistas. Dá também para ver os quartos, com camas de pedra que deviam ser deveras confortáveis, e também o quarto de banho, onde elas se lavavam. O caminho para o bordel estava indicado nas ruas com pénis esculpidos no chão ou nas paredes. Os símbolos fálicos eram muito comuns na altura e eram tidos como amuletos da sorte e de fertilidade - mas, pelos vistos, neste caso específico, diziam mesmo respeito aos caminhos para fazer os homens mais felizes ;)

Outro dos locais que se pode visitar é a Casa da Pequena Fonte - um espaço que teria dois andares, onde se incluía o tal terraço com a fonte (muito bonito, cheio de desenhos tanto nas paredes como no chão, feitos através de pequenos mosaicos - um pouco à semelhança do que se vê em Conímbriga). A estrutura da casa não é muito percetível, mas com a explicação da guia consegue-se imaginar bem onde seriam os quartos, a sala ou a casa de banho. 

Um detalhe importante: havia canalização em algumas ruas! Há coisas inacreditáveis na civilização romana e ainda se conseguem ver os canos de água que passavam nas ruas, em direção às casas.

 

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Uma das pinturas presentes nas paredes do bordel

 

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Um dos quartos do bordel

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Na Casa da Pequena Fonte

 

Uma das zonas mais movimentadas de Pompeia é a praça central - uma coisa enorme, cheia de pilares, que dá para perceber a imponência daquilo que foi a cidade. É lá que está também um dos sítios que tem sempre mais gente: o local onde estão os corpos "petrificados". Na verdade, só um dos exemplares que lá está é que é real - todos os outros (e serão uns cinco, ao todo - onde se inclui um cão, um velho e uma criança) são réplicas das "carcaças" que foram encontradas nas ruínas. Não é nada que impressione, não há sangue ou algo semelhante a vivo ali, até porque se não olharmos com atenção nem percebemos bem do que se trata - a única coisa que pode chocar são as posições em que os corpos se encontram, claramente em forma de sofrimento. É muito difícil sequer de imaginar o que é ver uma quantidade imensa de lava a vir na nossa direção e sabermos que a morte é a única saída.

 

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Na praça central

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A praça central (se bem me recordo, a estátua não é da Roma Antiga)

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O cão petrificado

 

Perguntam-me várias vezes se a ida a Pompeia vale a pena. Eu digo o seguinte: depende. Depende dos gostos de cada um, no interesse em história antiga. A visita a esta cidade é um injeção de conhecimentos (ou supostos conhecimentos, lá está) sobre a forma de vida da Roma Antiga e é de facto incrível ver tudo o que tinham para a época. Nós achamo-nos muito evoluídos, mas por vezes esquecemo-nos que já naquela época eles tinham sistemas de canalização e outras "tecnologias" que nos deixam de queixo caído. Mas se a visita não for bem feita, se não tiverem alguém que de facto perceba do assunto ou conheça Pompeia ou se simplesmente não se interessam por estes temas, talvez não valha a pena. As opiniões dividem-se mas, pessoalmente, gostei. Tive pena que o nosso grupo fosse tão grande e estivesse tanto calor - penso que fora dos meses da época alta a visita seja incomparavelmente mais agradável, por isso tentem ter isso em conta se estão a ponderar uma ida lá.

Quando voltamos a Nápoles, e apesar de ainda faltarem um par de horas para sairmos do porto, fomos para o barco. Olhando de fora, eu sei que isto parece um desperdício: estar numa cidade e não aproveitar para a visitar. Eu própria penso assim - e dou o litro sempre que viajo - mas, também por isso, chego a um ponto em que estou toda rota. Aqui já estava com mais de uma semana de cruzeiro no lombo, cheia de horários trocados e duros, assim como muitos quilómetros nas pernas - e o calor matou-me, não podia com um gato pelo rabo. Aproveitei para dormir uma sesta, fazer a mala (que tinham de ser entregues antes do jantar - só as vimos no dia seguinte, quando saímos do barco) e preparar-me para o dia seguinte, onde faríamos uma paragem hiper-rápida e resumida em Roma.

 

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 À saída, uma das escavações ainda a decorrer

30
Ago17

Siracusa e os vestígios do Império Grego [Sicília]

Tive uma pena enorme de só ter ficado um dia na Sicília. Acho que trocava facilmente os dois dias que tive em Malta ou em Dubrovnik por esta ilha italiana onde quero, definitivamente, voltar. Há uma coisa muito importante nos cruzeiros e que é preciso ter em conta: é preciso tomar decisões, prescindir de ver algumas coisas para poder visitar outras. Não há tempo para tudo. Em sítios pequenos e com pontos de interesse próximos, é mais fácil de resolver: mas eu sinto que podia correr a Sicília de uma ponta à outra sem me cansar e, por isso, tivemos mesmo de decidir onde queríamos ir, o sítio que achávamos que valia mais a pena. (O mesmo aconteceu em Nápoles - conto noutro texto).

Aqui tínhamos uma ajuda: os meus pais conhecem bem a Sicília e sabiam bem aquilo que me queriam mostrar primeiro. Nós aportamos em Catânia, mas decidimos ir numa tour até Siracusa. Ao todo, tínhamos umas oito horas na ilha e elas tinham de ser bem usadas - e se era para ir para longe, mais valia ir numa tour, porque assim tínhamos garantias de que o barco não partia sem nós. Não havia hipóteses de ir, por exemplo, até Palermo, a capital - só para terem uma noção, apesar de ser uma ilha e fazer parte de Itália, a Sicília é cerca de 80 vezes maior que Malta! Se era para sair de Catânia (que, relativamente a outras cidades, é mais pobre em monumentos) havia duas hipóteses: ou ir para norte, para Taormina, ou ir para sul, para Siracusa. Nós escolhemos a segunda opção, a terra de Arquimedes - um sítio que os meus pais tinham adorado, maioritariamente pelas ruínas gregas, que ficava a cerca de uma hora de carro do sítio onde estava o barco.

O meu pai sempre me disse que se eu queria ver resquícios da civilização grega não era à Grécia que tinha de ir, mas à Sicília. E, embora não saiba o estado de conservação das coisas na Grécia, há de facto muito resquícios deste império para ver nesta ilha - os mais populares estão em Siracusa e em Taorimina. Como já tem vindo a ser recorrente nestes meus textos (e na história), muitas das ruínas foram devastadas por terramotos - em particular no século XVII, segundo o nosso guia. Ainda assim, estão em óptimo estado de conservação por isso, para quem gosta de história, aconselho vivamente a visita!

A chegada a Catânia correu logo bem. Quando fui tomar o pequeno almoço olhei pela janela e algo que me pareceu familiar. Olhei melhor e percebi que o que via, uma escultura na parede, só podia ter uma assinatura: Vhils. Uma das paredes do porto, gigante, tinha o olhar de um velho, num tipo de arte que não tem outro autor senão o nosso português. Fiquei logo super contente por ter algo nosso num sítio que eu já sentia que ia gostar muito.

 

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A obra é feita em oito silos de cereais e é a maior que Vhils já fez.

 

Tudo nesta viagem correu bem. O nosso grupo era pequeno, o que facilitou imenso a dinâmica e os passeios - devíamos ser uns 16 - e o guia era absolutamente espetacular. Culto, cheio de graça e tipicamente italiano - tudo o que um guia pode ter de bom! Durante a viagem viemos sempre à conversa com um rapaz porto-riquenho, com cerca de trinta anos, que viveu uns meses em Portugal e que era apaixonado pelo nosso país, história e cultura - e sabia mais sobre o nosso passado do que a grande maioria das pessoas da sua idade. Fiquei impressionada!

A nossa primeira paragem em Siracusa foi no Parque Arqueológico de Neapólis, onde se pode ver o teatro grego e o anfiteatro romano, assim como a Orelha de Dionísio e outras grutas muito interessantes. As fotos abaixo dizem respeito ao teatro grego - aqui só se encenavam peças e não havia microfones para ninguém: tudo estava estudado para a acústica ser perfeita. Não se percebe muito bem, mas estavam a decorrer trabalhos no centro do teatro, porque todos os anos se faz lá uma peça, aproveitando as estruturas originais. A forma, as portas, as bancadas e os subterrâneos do teatro são perfeitamente percetíveis - aguentaram não só a passagem do tempo mas também as explorações e a retirada de materiais (enormes pedras) no século XVI, que serviram para fortificar a cidade.

 

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No teatro grego, do século V a.C.

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No teatro grego

 

Nas fotos abaixo pode ver-se o anfiteatro romano onde, aqui sim, ocorriam lutas entre homens e animais. Este está em muito pior estado de conservação - as ervas tomaram conta do sítio - mas mesmo assim, de um dos lados, as bancadas são percetíveis e os subterrâneos (de onde os animais saíam e onde eram mantidos durante dias sem comida, para terem fome quando fossem lutar) também.

 

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No anfiteatro romano, que data de II d.C  e é o maior na Sicília

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Anfiteatro romano

 

Outra das coisas incríveis neste parque é a Orelha de Dionísio - uma gruta artificial, com 23 metros de altura, feita provavelmente à custa de muito trabalho escravo e que serviria originalmente para armazenar água. Foi-lhe dado este nome pela sua forma e porque tem uma acústica incrível - falando normalmente dentro da gruta, parece que estamos a cantar uma ópera, devido ao eco que se reproduz de forma altíssima. Diz-se que Dionísio punha lá os seus prisioneiros, saía da gruta e ficava cá fora a ouvir aquilo que eles diziam/gritavam - algo que, por razões físicas que não sei explicar, já não acontece hoje, mas o efeito sonoro dentro da gruta e o seu enorme impacto visual já valem a visita.

 

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Orelha de Dionísio

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No interior da Orelha de Dionísio

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Nos caminhos do parque arqueológico

 

Depois partimos para Ortigia, no centro de Siracusa - mais precisamente à Praça Duomo, onde tivemos algum tempo livre, que voou sem darmos conta. Deu para comermos um gelado (o calor era, uma vez mais, abrasador), entramos numa igreja mais pequena, a Chiesa di Santa Lucia alla badia, que tem uma das pinturas mais famosas de Caravaggio, o Il seppellimento di Santa Lucia, e demos uma voltinha pelas vielas, cheia de lojas giras, com detalhes e souvenirs que arrebataram o meu coração. Por falta de tempo não entramos na Catedral, muito bonita por fora, também dedicada a Santa Luzia. 

 

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Praça Duomo

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Chiesa di Santa Lucia alla badia

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Fachada da Catedral

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Detalhes

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Nas ruelas de Ortigia

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O nosso guia

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Catedral

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Também havia coches por lá

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Mais vielas

 

Esta foi a única visita que fizemos que incluía almoço - aprendemos o ano passado que, se pudéssemos evitar fazer refeições nas excursões, o faríamos. Ainda hoje não sei, por exemplo, aquilo que comi na Finlândia - mas sei que não voltava a repetir, uma vez que nem a comida nem o sítio eram grande coisa. Fui um bocadinho receosa para este almoço mas, como tudo nesta visita, foi tudo bom: ficamos numa mesa só os três, com vista para o mar, num restaurante muito simpático chamado La Terrazza Sul Mare, que fica no topo do Grand Hotel Ortigia, bem no centro de Siracusa. Comemos uma massa com tomate e camarão e um filete de robalo, ambos bem feitos e apaladados, o que deu para desenjoar das comidas do barco. 

 

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As águas cristalinas da Sicília

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O Vulcão Etna, sempre a fumegar

 

A Sicília é, sem dúvida nenhuma, um dos sítios onde quero muito voltar, alugar um carro e correr de uma ponta à outra. Pareceu-me ter tudo aquilo que gosto: águas lindas, história e um aspeto pitoresco, com aquelas típicas ruelas italianas que tanto vemos nos filmes. Correspondeu a todas as minhas expectativas, a tudo aquilo que tinha ouvido: até o facto dos sicilianos serem uns loucos a conduzir (o nosso guia atirava-se para o meio da estrada para os obrigar a parar e nós podermos atravessar em segurança, era de rir!). Descobri ainda que a Sicília tem um dialeto próprio que contém muitas palavras iguais ao português - mais uma razão para lá irmos. Acho que ninguém se vai arrepender!

16
Ago17

Malta, o país das varandas bonitas [La Valleta e Mdina]

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A paragem em Malta ficou marcada por uma série de peripécias. Foi um país de que gostei bastante - honestamente não esperava - mas, infelizmente, para além da beleza do local, há toda uma série de coisas que me vêem à cabeça quando penso neste destino, onde passamos dois dias.

Começou com o facto de perdermos a excursão onde íamos, que passaria por Valleta e Mdina, a atual e antiga capital do país, respetivamente. Fizemos a visita toda por Valleta, com um guia óptimo e com piada, que tornava aqueles caminhos ao sol e os locais abafados em algo muito tolerável. Quando já íamos para o autocarro para nos dirigirmos para Mdina vejo a minha mãe a vasculhar a carteira - de segundo para segundo com um ar de pânico crescente - e a perceber que não tinha o porta-moedas com ela. Moral da história: o resto da visita guiada foi para as urtigas. O mais importante? Sim, a minha mãe encontrou a dita, mas depois daquilo ficamos os três completamente desgovernados. Não tínhamos um mapa, não sabíamos o que fazer ou para onde ir, e estávamos todos nervosos e irritados - ora por a minha mãe quase ter perdido a carteira, ora por termos perdido a visita por causa de uma distração.  Precisamos de mais de uma hora para alinhar os chakras e definir um plano de ataque próprio - que passou por conhecer melhor ambas as capitais. É lógico que em La Valleta, onde tínhamos estado com o guia, já tínhamos todo um enquadramento sobre a história da cidade que valorizou muito mais o passeio: e em Mdina fomos sem rede, simplesmente admirando a beleza e a pureza da antiga capital. 

A verdade é que para perceber o que vemos em Malta precisamos de saber um bocadinho de história (prometo não vos maçar). Aquilo que vemos mal aportamos é, para além de uma cidade toda em tons de areia, um grande muro. Uma muralha alta e gigante que, aparentemente, circunda a ilha (na verdade é só uma pequena parte). E ela existe porque durante 250 anos a ilha foi habitada por cavaleiros, que contra todas as expectativas conseguiram travar a entrada de inimigos - incluindo os otomanos, que na altura da invasão a malta tinham quatro vezes mais homens que os malteses. Um tanto ao quanto obcecados com a questão da segurança, os cavaleiros construíram não uma, não duas... mas dezoito muralhas, o que tornava o acesso à cidade totalmente impossível. E é parte dessas construções (que não foram destruídas na Segunda Guerra Mundial - Malta foi o país mais bombardeado a partir do momento em que Itália anunciou guerra à Inglaterra - que deteve malta até 1964) que ainda hoje vemos e que fazem de Valetta parecer algo grandioso quando, na realidade, não o é. 

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Vista do barco, à chegada

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Do outro lado de La Valleta

 

Há uma coisa que é impossível não notar em todo o país, que é coerente em cada recanto: a cor das paredes de todos os edifícios é em tons de areia, feitos de uma mármore não polida que, com a erosão do tempo, dá a ideia de todo o país ser mais antigo do que aquilo que parece. A mim, faz-me lembrar aqueles filmes romanos ou estilo Príncipe da Pérsia - não por estarmos no meio do deserto, mas precisamente por a cor principal ser este castanho muito pálido. Só uma coisa contrasta: as varandas. Aí os malteses capricham e escolhem as cores que querem: e há desde o verde tropa, passando pelo amarelo e pelo vermelho. Nunca vi um país com tantas varandas estilo marquise - assim uns paralelepípedos a sair para fora do edifício. Mas, por favor, quando eu digo "marquise" não pensem naquelas coisas horrorosas e metálicas que temos em Portugal: estas são bonitas e primam sempre pelos detalhes. Em Malta vale a pena olhar para cima e apreciar as paredes.

 

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Varandas, varandas e mais varandas em La Valleta

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Varandas, varandas e mais varandas em Mdina

 

Mas falando de sítios em concreto: em Valleta visitamos o Palácio, que é ainda hoje a residência oficial do Presidente da República e a St. John's Co-Cathedral, que é uma das catedrais mais bonitas que vi na vida. Mais do que a grandiosidade, aquilo que impressiona acima de tudo é quantidade de detalhes e de altares lá presentes (ao estilo barroco). Esta era a igreja de todos os Cavaleiros da Ordem de Malta e há muitas referências às várias nacionalidades que compunham esse grupo. Para além disso estão também presentes várias pinturas de Caravaggio - um pintor mas também cavaleiro que morreu cedo, por ser um assassino, mas que pintava com um realismo quase assustador. A visita a esta igreja é, para mim, obrigatória. 

 

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No Palácio

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O altar principal em St. John's Co-Cathedral

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St. John's Co-Cathedral (a falta de luz não ajudou à foto...)

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Teto em St. John's Co-Cathedral

 

Olhando de longe, La Valleta parece muito maior do que Dubrovnik, mas a nível prático o tempo que se despende numa, passa-se noutra. Aqui as ruas são incomparavelmente mais largas e com muito comércio e marcas clássicas, tipo Pandora ou Pull&Bear - ao estilo Rua de Santa Catarina ou Rua Augusta. Mas fugindo do centro, aquilo que há é casas: e quando nos fartamos de ver cor de areia e varandas bonitas... é sempre mais do mesmo. O que até bom, porque significa que moram de facto pessoas lá dentro, ao contrário daquilo que vi na Croácia. Porque apesar de se verem muitos turistas - principalmente quando chega um navio - as pessoas acabam por se diluir melhor nas ruas mais largas da capital ou estar enfiadas em autocarros de tours.

 

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Nas arcadas em frente ao Palácio

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No centro de La Valleta

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La Valleta

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Teatro em La Valleta, que foi completamente destruído na guerra. Optaram por o manter assim, para memória futura, e transformaram-no num teatro ao ar livre

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La Valleta

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A entrada em La Valleta, com o parlamento à direita

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La Valleta

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La Valleta

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La Valleta fica muito elevada em relação ao porto e o resto do país, por isso construíram um elevador que em alguns segundos sobe e desce, evitando muitos quilómetros a pé ou escadas. O preço para subir é de dois euros, para descer não existe controlo. Compensa e as pernas agradecem, principalmente quando não há muito tempo

 

O mesmo se sente na Mdina, para onde fomos de autocarro (público) - foi a solução mais imediata que encontramos para dar a volta à excursão perdida e até foi giro para ver uma Malta que não se vê tanto nas tours: as pessoas, os trabalhadores, as ruas com comércio local e pouco turístico, casas, descampados. Esta é uma vila medieval, com menos de uma dezena de restaurantes e lojas de souvenirs. Não sei se fui eu que tive sorte ou se é mesmo assim, mas a pouca confusão que apanhei deveu-se a uma visita de estudo que por lá havia - de resto, as poucas ruas da vila estavam praticamente desertas e podia-se desfrutar do silêncio, tirar fotos e apreciar o local sem dramas. De Valleta até lá, de autocarro, é cerca de meia hora - também é possível ir através dos Hop On, Hop Off, que demoram um pouco menos que isso.

 

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À entrada de Mdina, com os típicos coches

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No centro de Mdina

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Mdina

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Noivos em Mdina

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Mdina

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Detalhe nas paredes de Mdina. Este é um símbolo religioso que se vê à porta de muitas casas - gostamos tanto que compramos um como souvenir

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Nas ruas estreitas da Mdina

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Nas ruas estreitas da Mdina

 

E eu sei-o porque no dia seguinte foi num destes autocarros que andamos. A minha ideia inicial era ir numa excursão à Blue Grotto, a gruta azul, mas infelizmente quis comprar muito em cima da hora e já não arranjei bilhetes. Portanto o meu plano era ir até lá pelos meus próprios meios, pelo que compramos bilhetes para esses autocarros. A ilha tem apenas 300 metros quadrados (mais pequena que a Madeira), por isso este tipo de tours cobrem praticamente o território todo. Há apenas três linhas e, como estava em Malta e as coisas estavam para correr mal... entrei na linha errada, o que acabou por ditar a não-ida à gruta. 

O erro acabou por correr bem pois passamos por um museu de aviões - o meu pai adora tudo o que envolve guerras e aviação, por isso decidimos que desta vez esta paragem seria para seu bel-prazer e fomos ver o museu que, apesar de pequeno, está bem conservado. Para quem é interessado nesta matéria, Malta tem muita escolha: como foi altamente bombardeada e se aguentou histoicamente - os ingleses davam a ilha como perdida mas o povo lutou e aguentou, ao ponto de serem o único que, de forma coletiva, foram agraciados com uma medalha de honra pelo Reino Unido - há muitas memórias, objetos, fotos e destroços partilháveis, que fazem parte da história do país e deste povo. A entrada neste museu em particular custou 7 euros por pessoa. 

 

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No museu de aviação

 

Voltamos a apanhar o autocarro, com a intenção de voltar ao porto e apanhar a linha certa, mas a viagem foi tão caótica e cansativa que decidimos voltar ao barco e descansar (até porque as visitas à gruta acabavam às 16:30, assim como as voltas no autocarro, pelo que ficava apertado). O trânsito em Malta é um tanto ao quanto caótico, o estacionamento é uma balda e a ligação entre cidades não me pareceu ser irrigada com vias de grande qualidade - ah, e anda-se pela esquerda! Há muitos coches, o que para além de fazer as ruas cheirarem mal, conseguem atrapalhar bastante o trânsito nos sítios mais concorridos - até porque são precisamente estes que têm mais turistas. Só para vos dar uma imagem mental, o motorista do hop on, hop off falava ao telemóvel com o ombro a segurar o telemóvel, uma sprite na mão direita e um dedo esquerdo segurava ao volante - isto com mais de quarenta pessoas a seu cargo, várias (como era o meu caso) sem lugar sentado. E a porta do autocarro ia aberta, caso nos quiséssemos atirar de desespero (foi quase...).
Não achei os malteses particularmente simpáticos. São uma mistura de italianos com turcos, têm na sua maioria uma tês escura e tudo o que era motorista, taxista, coxeiro e etc. tinha um ar muito rude. A língua deles é perfeitamente impercetível - 80% árabe com 20% italiano - o que também não ajuda à convivência (embora a maioria fale inglês).

De todos os países por onde passei, Malta é sem dúvida o mais barato a todos os níveis - as tours, os souvenirs, os bilhetes para museus e a comida eram muito baratos. Um dos ex-libris do país é o vidro - têm peças lindíssimas,  algumas ao estilo Bordalo Pinheiro, que fazem boas recordações. Foi daqui que, sem dúvida, trouxe mais "tralhas" para casa!

Já o disse, mas uma das coisas boas deste cruzeiro foi ter visitado países que se calhar nunca visitaria num passeio isolado. Vale a pena visitar Malta, principalmente se gostam de castelos, muralhas e histórias reais que envolvem tudo isso - assim como quem gosta do assunto "Segunda Guerra Mundial". Apesar da rede de autocarros não me ter parecido má, acho que pode ser uma boa ideia alugar um carro e fazer a ilha de lés a lés, sem a rigidez de horários que os autocarros e outros transportes implicam. Acho que dois dias bem preenchidos chegam para ver muito do que interessante este país tem para ver. E aconselho um guia! A história de Malta merece ser ouvida e, quando bem contada, parece uma série de episódios sem fim.

E eu, apesar de ter gostado muito, fiquei feliz por zarpar. Malta foi sem dúvida a paragem mais atribulada desta viagem e eu só queria ir para o próximo destino - a Sicília.

 

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Num "miradouro" em La Valleta

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O verdadeiro gato maltês - e era gigante!!

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O nosso barco atracado - à esquerda podem ver La Valleta, bem alta relativamente à linha do mar

 

09
Ago17

As incríveis paisagens naturais do Montenegro [Kotor e Budva]

 

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Continuemos pela nossa viagem no Adriático! Depois de sairmos da Croácia foi um tirinho até pararmos em Kotor, no Montenegro. Lá está: este era um país onde nunca iria "do nada", sem estar integrado num plano que me levasse até lá; não acordo e penso "quero tanto ir ao Montenegro!". Mas isso não quer dizer que, depois de pensar no assunto, não tivesse vontade de lá ir - e acabou por ser uma paragem um tanto ao quanto sui generis.

E porquê? Porque Kotor não tem um porto capaz de albergar um navio de cruzeiro. O barco parou numa baía e nós saímos, em tranches, por barquinhos ou nos próprios barcos salva-vidas, o que tornou tudo muito mais engraçado. O meu primeiro pensamento foi "óptimo, assim tenho a certeza de os barcos salva-vidas funcionam!" - a verdade é que eles parecem tão arrumadinhos e fechadinhos que até nos questionamos há quanto tempo é que ninguém lhes liga o motor. Mas enfim, essa parte foi muito divertida e a viagem - de sensivelmente vinte minutos até ao porto - correu muito bem. Os barcos salva-vidas têm uma parte de cima, ao relento, e uma parte coberta em baixo - e tanto na ida como na vinda eu vim em cima, a apreciar as incríveis fiordes montenegrinas, com uma paisagem de cortar a respiração. O espaço para tirar fotos não era muito e, nessas situações, nem sabemos bem o que havemos de fazer: se tirar fotos e recordar aquela paisagem para sempre, ou olhar tudo durante o máximo tempo possível para absorver toda aquela beleza que quase nos parece sobrenatural. É uma dualidade que se põem muitas vezes nestas viagens e sobre a qual penso muito, pelo que tento arranjar um meio termo que nem sempre é fácil de gerir.

 

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Foi, aliás, por causa dessas fiordes e das paisagens que sabia que iam ser lindas que me levantei às cinco da manhã (só "atracamos" às sete). Pus o despertador, abri a pestana e fui logo para a varanda ver tudo o que tinha à minha frente. Esta tinha sido das poucas dicas que me tinham dado sobre este país e eu, que a cada dia que passa gosto mais de beleza natural, não podia perde-lo só para dormir mais um par de horas. Vale mesmo a pena ver. O céu estava nublado, o que por um lado ajudou às fotografias, mas por outro deu, ao longo do dia, alguma falta de nitidez aos locais mais longínquos.

 

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No Montenegro, para além do Kotor, visitamos Budva - uma estância balnear a meia hora de distância, que também tem uma muralha. No caminho para lá deu para perceber um bocadinho de como era o país, ver a parte "real" para além do turismo. Mais uma vez é importante termos em conta que este é um país recentíssimo - nós não temos essa noção porque vivemos num sítio antiquíssimo e pacífico, mas a grande maioria dos países lutou até há bem pouco tempo pelas suas fronteiras e independência (e continuam a lutar...) e isso é muito marcante para a sua cultura. Em 1910 o Montenegro foi considerado um país mas integrou, durante muitos anos, a união Juguslava. Depois desta se ter desfeito, o Montenegro permaneceu "junto" com a Sérvia, de quem só se separou há onze anos (!!!) através de um referendo. Ou seja: estamos a falar de um país que só foi independente já neste século. 

Aquilo que eu notei é que há uma grande falta de desenvolvimento, quase como se navegássemos atrás no tempo. O que tem coisas más, mas também coisas boas: tudo parece mais genuíno. Quando íamos para Budva passamos por estradas com imensos campos, de ambos os lados, pintalgados com casitas muito afastadas umas das outras e por imensos edifícios inacabados, só com as estruturas fundamentais para se manterem de pé. A minha tia (que já lá tinha dito) disse, e bem, que aquilo lhe fazia lembrar a Heidi: algo antigo, com campos e verdes a perder de vista. E sempre com montes a toda a volta, daí o nome: os italianos, quando viram as paisagens, chamaram aquela terra de Monte Negro. Mas depois chega-se a zonas completamente construídas, com casas e prédios e gruas e praia e tudo mais, numa confusão ordenada mas muito pouco simpática à vista. Pareceu-me tudo pouco equilibrado e feito com pouco gosto, de forma completamente arbitrária. Sinceramente, lembrou-me muitas vezes a ideia que tenho da União Soviética, ainda que obviamente mais avançados.

 

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Um dos muitos edifícios meio construídos à face da estrada

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Uma casinha no meio do campo

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O complexo de luxo

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Uma cidade construída à volta de uma praia, considerada uma das melhores do mundo (P.S.: quem fez essa lista nunca visitou o Algarve)

 

Acho que para além da beleza natural óbvia que este país tem, tudo o que é cultural é posto um pouco em segundo plano. Talvez por isso, quando agora me falam em Montenegro, a primeira coisa de que me lembro são as fiordes - mais do que as muralhas ou os edifícios. E, como eles não têm muito para mostrar, tudo o que é digno de referência é-nos dito: como os sítios onde foram feitas algumas das filmagens do 007 Casino Royal ou os apartamentos onde algumas celebridades compraram casa (e dizem-nos os valores e tudo mais).

À ida para Budva fizemos um photo-stop num desses sítios: a Aman Sveti Stefan, uma ilha pequenina e muito bonita ligada à terra por uma pequena passagem. É tão bonita e pitoresca que foi comprada por uma cadeia de hóteis, cujos clientes são por vezes algumas personalidades (tipo Madonna) que alugam o hotel todo para terem privacidade. Ali à volta há muitas praia, cujas águas são obviamente lindas como as da Croácia, mas a qualidade da areia e o espaço nunca são grande coisa.

 

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A ilha Aman Sveti Stefan

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Praia em Budva

 

Budva é uma mistura estranha entre uma estância balnear e muralhas históricas. Fora da muralha vêem-se palmeiras, hotéis e mais hotéis, pessoas de chinelos e toalha ao ombro; dentro da muralha são lojinhas pequeninas, ruas apertadas e feitas em pedra (mais recentes do que querem parecer, uma vez que muito foi abaixo em tremores de terra). Infelizmente não tivemos muito tempo para passear por lá - não consegui correr as ruazitas todas tal como queria - uma vez que estávamos numa visita e de seguida íamos para Kotor.

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Dentro da Citadela, em Budva, com vista para o Adriático

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Dentro da Citadela, em Budva

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Budva

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Budva

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Dentro das muralhas de Budva

 

Dentro das muralhas de Kotor sim, já andei por todas as vielas - também cheias de lojas e muitos restaurantes com esplanadas, recheadas de pratos muito bonitos e com óptimo aspeto. Honestamente, olhando para trás, já fico confusa: muralhas e muralhinhas, igrejas e capelinhas, pedra em cima de pedra com séculos ou milénios de história foi tudo o que mais vi neste cruzeiro. Vi muita coisa com história e, dentro do diferente, tudo acaba por ser semelhante. Neste caso há muito menos turistas do que por exemplo em Dubrovnik, apesar da dimensão ser muito menor: encontram-se recantos sem gente, consegue-se apreciar tudo com menos pressa e sem avalanches de gente, o que é bom. Numa hora calcorreiam-se as ruas e vielas todas.

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A Catedral de St. Tryphon, o ponto central da cidade de Kotor

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O típico bolo de amêndoa, aconselhado pela nossa guia

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Em frente à Igreja de São Lucas, uma das poucas que resistiu aos terramotos

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Recanto em Kotor

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Ruela em Kotor

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Uma das coisas que ficou por fazer foi subir as muralhas, para chegar ao topo do Monte de St Ivan. São 1200 metros de altura, o que se traduz em mais de 1300 degraus - é, por isso, algo para ser feito com tempo, com uma mochila recheada com snacks e bebida e muita força de vontade para aguentar as dores nas pernas. Não tinha nada dessas coisas, acrescentando ainda o facto e estar com os meus pais (que, apesar de tudo, já não vão para novos) e de não ter tempo. Tive pena, porque a vista para a baía deve ser arrebatadora, mas não deu para tudo.

 

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Ínfima parte da grande muralha de Kotor, que dá acesso ao topo do Monte de St Ivan

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Fora da cidade medieval (com as palmeiras - a tal mistura estranha que falei)

 

Apesar de nunca ter alinhavado ir ao Montenegro, acho que vai ser uma visita gira de relembrar daqui a alguns anos, porque penso que daqui a duas décadas vai ser um país irreconhecível. Eles estimam que daqui a cinco anos já vão estar integrados na União Europeia e eu estou em crer que, a partir dessa altura, este país vai sofrer um boost enorme a todos os níveis. O turismo - que representa, atualmente, 22% do PIB - vai de certeza aumentar, porque para além destas cidades medievais eles têm um potencial enorme no que diz respeito a turismo relacionado com a natureza. Têm lá o maior desfiladeiro da Europa, têm as montanhas, têm águas lindas. Enfim, tudo para cortar a respiração. Estou a imaginar uma viagem de comboio por toda a linha junto à baía e até suspiro. Sei que se um dia voltar - e gostava, em particular de percorrer a costa da Croácia até chegar lá - vou notar diferenças. E nessa altura já poderei contar aos sobrinhos que "quando cá vim pela primeira vez não era nada disto, até pareciam os campos da Heidi!". E eles vão perguntar-me: "Quem é a Heidi?". E aí eu vou perceber que estou velha. Mas ao menos - espero - serei viajada.

29
Jul17

Dubrovnik e as delícias do mar Adriático

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Uma das muitas ilhas da Croácia

 

A Croácia é bem capaz de ser o sítio por onde passei sobre o qual as pessoas mais me perguntam. Acho que depreendem que a Itália é um sítio lindo, o Montenegro é simplesmente desconhecido, a Malta é uma "ilhota" e a Croácia está nesse meio termo, a ganhar fama de dia para dia (com uma quota parte de culpa do Game of Thrones).

A verdade é que este cruzeiro foi escolhido, em primeiro lugar (claro!), porque tinha sítios que achamos que podiam ser interessantes; em segundo lugar, por haver vagas; e em terceiro porque estava inserido nas poucas semanas que tínhamos disponíveis para tirar férias. Ou seja, ao contrário do outro - onde eu tinha sítios que queria muito, muito ir, em grande parte por culpa dos policiais nórdicos - neste houve uma série de fatores positivos que o proporcionaram e não foi tanto por eu querer muitooo ir aqui ou ali e achar que ir de barco seria a melhor forma. Iria, mais dia menos dia, a Veneza e a Roma - os clássicos. Mas, se calhar, nunca passaria pelo Montenegro ou Malta, por exemplo. E a Croácia está num limbo entre estas duas situações - não era um país prioritário na minha lista, mas dada a crescente fama e os enormes elogios, sabia que não tardaria a ir lá. Mas, ao contrário da viagem do ano passado, as expectativas não estavam bem formadas, não foi algo pelo qual ansiei e sonhei enquanto estava com os livros nas mãos - foi algo mais despreocupado, fui de alma aberta para receber tudo o que visse. Mas, curiosamente, sinto que as pessoas têm imensas expectativas em relação a este destino e fazem-me imensas perguntas - e, honestamente, perante tanto entusiasmo dos outros... eu sinto que não saí de lá assim tão apaixonada.

E porquê, perguntais vós? Uma palavra: turistas. Dubrovnik, onde parei durante um dia e meio (pernoitamos lá), está pejado de turistas. O difícil mesmo é ver croatas naquela terra - e a oferta de tours é tanta (para andar de barco, de kayak, nas muralhas, ir à praia, ver locais de filmagens de Game of Thrones... enfim) que vêem-se pessoas aos magotes, em grupos gigantes, autocarros e autocarros a chegar constantemente, sem nunca dar um alívio à cidade. É impressionante e extenuante.

Se isto quer dizer que não gostei? De todo. Acima de tudo não há como não gostar daquelas águas - o Adriático é lindo, limpo, de um azul como eu nunca vi na vida. Mal começamos a aproximar-nos e eu vi aquelas águas da minha varanda soube que ia ter de lá ir nadar, nem que fosse por um par de minutos. E a parte velha de Dubrovik é uma cidadezinha muito pequenina, pitoresca, mais bonita ao longe do que propriamente lá dentro (uma opinião pessoal, logicamente) - mas lembra-nos claramente alguns cenários da Guerra dos Tronos, principalmente aquelas muralhas com a água como pano de fundo.

Mas bom, nós atracamos na Croácia ao início da tarde e aquilo que fizemos, para ter uma ideia ao que íamos, foi ir numa excursão que incluía não só Dubrovnik como também uma cidadezinha a meia hora de lá chamada Cavtat (pronunciam Savtat). De todas as visitas que fizemos, esta é capaz de ter sido das mais fracas, com um guia pouco entusiasta. Cavtat é uma estância balnear, uma cidade muito pequenina com um porto para barquinhos e iates - a cor do mar é, logicamente, o ex-libris lá do sítio. Tem apenas duas igrejas que, comparadas com as nossas, são paupérrimas, apenas com algumas pinturas mas sem quaisquer detalhes de riqueza. O caminho para lá, com as suas paisagens, é que vale a pena - passa-se pelas últimas duas ilhas da Croácia (do seu "espólio" de mais de 1200, a grande maioria inabitadas) e vê-se a cidade velha ao longe, que vale muito a pena.

 

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Dubrovnik em baixo, no caminho para Cavtat

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Cavtat

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O portinho de Cavtat e a torre de uma das igrejas

 

É importante dizer que a Croácia (e toda aquela zona) é vítima de muitos tremores de terra, sendo que um dos últimos foi nos anos 70, pelo que há muita coisa que caiu e foi reconstruida nos últimos séculos. No que diz respeito a igrejas e torres há pouca coisa antiga, porque tudo ruiu, o que tira um pouco da história e do poder daqueles edifícios (historicamente falando). Para além disso há um "pormenor" que também não devemos ignorar: a Croácia, que pertencia à antiga Jugoslávia, lutou durante 4 anos pela sua independência (de 1991 a 1995) contra os sérvios e os montenegrinos, e é algo que claramente ainda está muito presente no país - o nosso guia, por exemplo, não se referia a isso como uma guerra, mas sim como uma "agressão" dos países vizinhos, que não respeitaram a vontade daquele povo ser independente. Para todos os efeitos, 1991 é a data da independência da Croácia, o que faz deste país praticamente um "teenager" - muitos dos que lá vivem (basta terem mais de 26 anos) ainda se lembram pelas tormentas por que passaram.

Dubrovnik é uma cidade simples de compreender: tem uma rua principal, bastante grande e larga, que é o ponto mais baixo da cidade - tudo o que está para os lados sobe muito, com centenas de escadas impróprias para cardíacos, divididas por ruelas muito estreitas e pitorescas (mas um tanto ao quanto arruinadas com a quantidade absurda de restaurantes e lojas de souvenirs, muitas vezes pobres e sem grande cuidado com a decoração - algo que contrasta com o exterior). A cidade foi pensada e construída assim com um objetivo: quando houvesse cheias, escoava tudo para o centro. Tem um porto - onde atualmente só param barquinhos de pesca e barcos para turistas (muitos estilo submarino, para se poder ver o fundo incrível do Adriático) - e muitas lojas, ora com merchandising de Guerra dos Tronos (com preços alucinantes), ora souvenirs, ora com gomas enormes (não entrei, por respeito às minhas ancas, mas aparentemente é uma coisa típica). É giro passear por lá, mas vê-se rápido: depois de se passar no centro, no porto, de se ver a torre e a igreja e de se percorrer um par de ruelas só com restaurantes... acaba por perder a piada. Só há uma coisa que resta fazer: subir as muralhas. 

 

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A rua central de Dubrovnik, com a torre e o sino

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O porto 

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Uma das lojas de gomas - tinham sempre papagaios à porta e pinturas alusivas aos mares, estilo piratas

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A igreja

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No centro de Dubrovnik

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Numa das muitos ruelas - esta plana, ao contrário da maioria

 

O preço para entrar na muralha é caro - 150 kunas (cerca de vinte euros) por pessoa. Mas vale a pena. É preciso ter vontade, fôlego e pernas para subir centenas de escadas, mas as vistas são arrebatadoras - tanto da cidade como do mar. No dia em que nós fomos estava um calor dos ananáses, a minha roupa estava ensopada, tivemos de parar para beber e comer um gelado (nas torres há uns barzinhos), mas é uma vista privilegiada da cidade. Outra forma de a ver é subindo o teleférico que eles lá têm, mas pelos vistos as filas são demoradas - só anda um para cima e outro para baixo (não é como em Lisboa ou em Gaia), por isso, no pico do verão, pode ser preciso uma boa dose de paciência - e entre uma coisa e outra, eu apostava as minhas fichas na muralha. Não sei o preço do teleférico - de qualquer das formas, fica a nota: a moeda oficial croata é a kuna, mas em praticamente todos os sítios (com excepção de locais públicos, pertencentes ao estado e etc., como a muralha) os euros são bem aceites.

 

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A subida para a muralha

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A cidade, vista lá de cima

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Faz ou não faz lembrar Game of Thrones? Esta é uma das minhas vistas favoritas!

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E do outro lado também havia uma espécie de castelinho...

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Na muralha

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Os kayaks, a única pedra no sapato que trouxe de lá... havia inclusivamente alguns (como se vê na foto) com o fundo transparente, onde se podia ver tudo o que se passava em baixo. Muita inveja!!!

 

Uma das coisas que eu queria fazer e não fiz foi andar de kayak. Nunca tinha visto tantos barquinhos daqueles na vida, havia visitas guiadas com uns trinta kayaks, mas o tempo não dava para tudo e tinha de passar grande parte do dia sem os meus pais - e como as férias eram conjuntas, achei que não fazia muito sentido. Mas isso não nos impediu de ir dar um mergulho àquelas águas lindas. Fiz umas pesquisas, andei a inspecionar no maps e percebi que uma das praias mais populares da zona ficava a 15 minutos a pé do centro da cidade (onde nos deixavam de autocarro - havia constantemente transferes do barco até lá e vice-versa).

Chama-se Banje Beach e, para além da água, a praia é uma absoluta desgraça (pelo menos para os meus standarts). A "areia" é, na verdade, um conjunto de pedras; a praia é minúscula e apinhada até ao tutano com espreguiçadeiras, pergulas de madeira e guarda-sóis. Não há um metro quadrado de praia livre! Os meus alertas de "intromissão de espaço pessoal" começaram logo a piscar, com demasiada gente em roupa de banho muito próxima de mim e a sentir-me sem espaço para respirar. Acabamos por nos instalar num pequeno paredão que lá existe, onde há também imensas pessoas com as toalhas estendidas, mas onde conseguíamos ao menos pousar as coisas sem ter algo a 30 centímetros de distância. Estava visto que não íamos "fazer praia" - era ir à água, tirar fotos, secar, vestir e ir embora. É também por este tio de coisas que gosto de viajar - para além de conhecer sítios novos, aprecio os "meus" sítios; relativizo. Para além do tom do mar, o Algarve dá só 265 a zero a este lugar - mesmo quando está cheio, em pleno Agosto! Por isso pensem! Temos, de facto, praias magníficas e não precisamos de ir para muito longe para passar bons momentos.

 

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A água tinha uma temperatura muito agradável, nem demasiado fria nem quente. Mesmo com uns três metros de profundidade, viam-se todos os detalhes do fundo - era uma tentação não nadar de olhos abertos!

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A praia, bem pequenina como podem ver, e com demasiadas pessoas por metro quadrado.

 

Mas bom, foi aqui que aconteceu algo muito engraçado: estava eu a tirar umas fotografias à minha mãe quando ouço falar português. Nesta altura pensávamos que éramos os únicos portugueses no barco (no fim descobrimos que havia mais quatro) e já estavamos habituados a estar descontraidíssimos a falar português, sem esperar que houvesse sangue luso nas redondezas. E portanto ouvir português foi estranho mas, dado o acaso, pedi a uma menina que me tirasse uma foto a mim e à minha mãe: sempre me pareceu mais de confiança do que dar a câmara a algum estrangeiro. E depois de ela passar a máquina a outra amiga, alegadamente com mais jeito para a fotografia do que ela, perguntam-se se eu por acaso não tenho um blog que se chama Entre Parêntesis. Atrapalhada não é a expressão certa para descrever o meu estado naquele momento, mas sim surpreendida. Eu não estou habituada a ser reconhecida em parte nenhuma - é raríssimo acontecer sequer em Portugal, portanto a última coisa que eu esperava que acontecesse na Croácia é que alguém soubesse quem eu era! As meninas foram muito simpáticas, tiraram-me a fotografia, mas eu, olhando para trás, não sei bem se a minha reação foi simpática, amistosa ou sequer amigável - e peço desculpa se fui desagradável ou menos simpática do que o suposto. Nem sequer lhes perguntei os nomes! Fiquei completamente desnorteada, não esperava encontrar portugueses ali e muito menos alguém que soubesse o meu nome! Por isso, se me estiverem a ler, gostava de mandar um beijinho às duas meninas com quem tive esse encontro furtivo (e estranho) na Croácia - espero que não pensem que sou uma mal encarada :)

Não tenho dúvida que se não tivesse passado um dia e meio na Croácia não teria feito isto tudo - sinto que foi dos destinos que mais aproveitei, não estive tempo praticamente nenhum no barco para além da noite. Cheguei ao fim destes dois dias esgotada e era só a primeira paragem - porque o calor, nestas situações, é um inimigo poderoso. Cheguei sempre ao barco muito moída, cheia de calor e fisicamente cansada devido às temperaturas demasiado altas. Mas foi bom. Tenho pena de só ter visto Dubrovnik - a Croácia é um bom país para uma road trip por toda a costa, por causa das suas paisagens e água maravilhosas. Acredito que em sítios com menos turistas (e menos cruzeiros...) as praias sejam bem mais toleráveis e que este possa ser um destino um tanto ao quanto paradisíaco. Aconselho, no entanto, meses como Junho ou Setembro - em Julho e Agosto, a quantidade de pessoas que lá está é um bom potenciador para nos fartarmos daquilo, das filas e dos magotes que nos atravessam à frente. Talvez um dia consiga voltar. Espero que sim.

 

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Uma das pontes da muralha

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Uma das ruas bem a pique - a minha mãe amaldiçoou-me quando a fiz subir uma destas!

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 E, por fim, para todos os fãs de Game of Thrones: sim, lembrei-me de vós! ;)

25
Jul17

Veneza, a cidade mais encantadora do mundo

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Vista de um dos canais perto do meu hotel - uma zona muito sossegada e menos apinhada de turistas

 

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As típicas mascaras - há muitas à venda em boutiques, sendo mais caras mas provavelmente originais, e outras em lojas de rua (de não-italianos), muito mais baratas. Curiosamente, esperei ver muito mais máscaras do que as que vi - talvez seja um símbolo que se está a desvanecer no tempo. 

 

Foi em Veneza que começamos a nossa viagem - fomos dois dias antes de entrar no barco para aproveitar a cidade, mas como só chegamos depois das sete da tarde do primeiro dia só tivemos, na prática, um dia para passear. Mas essa primeira noite ainda deu para dar umas voltas - fomos até à praça de São Marcos, sendo que o nosso hotel ficava precisamente no lado oposto da ilha - e esse caminho até foi, precisamente, a minha primeira impressão de Veneza. E atrevo-me a dizer que foi uma impressão rara: aquilo que senti foi que a cidade estava vazia.

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Na primeira noite, na Praça de São Marcos - o local mais populado onde estive nessa primeira prospeção da cidade. Havia esplanadas com pequenos coretos, onde bandas tocavam alguns temas - o primeiro que ouvi foi o 007, que tem uma cena no "Casino Royalle" que se passa precisamente na cidade (e, curiosamente, noutras por onde passei).

 

No dia seguinte, tal como calculava, percebi que a impressão estava errada - mas a verdade é que às dez da noite de uma terça-feira, um pouco mais longe do epicentro da cidade, não se via vivalma. O que por um lado foi bom, porque ver Veneza sem turistas é quase impossível de imaginar, mas por outro lado foi estranho e um tanto ao quanto assustador. As ruas são muito estreitas - algumas mal dão para passar duas pessoas lado a lado - e os edifícios relativamente altos, pelo que nunca se sabia o que esperar na próxima esquina; a iluminação era parca - quando havia sequer alguma - o que me fez perguntar muitas vezes a mim mesma "se estivesse sozinha, fazia isto sossegada?". A resposta é não, não fazia. A falta de luz nas ruas - algo que acontecia mesmo nos recantos mais populares e onde havia edifícios e detalhes que mereciam iluminação devida (não sei se tem que ver com alguma medida preventiva, por exemplo, devido aos insetos - uma vez que os canais são potenciais atrativos de bicharada) - não me deixava sentir totalmente segura enquanto percorria aquelas vielas, e cada vez mais este é um aspeto em que penso e reparo porque acho que, mais tarde ou mais cedo, vai chegar a altura de viajar sozinha. E para além do aspeto da segurança senti falta de iluminação por darem normalmente uma aura especial aos espaços (Paris é o exemplo perfeito disto: muito daquilo que vemos de mágico nas fotos nocturnas da capital francesa é culpa das luzes). Veneza tem as paredes em tons quentes - avermelhado,  laranja, amarelo -, algo que adoro e que me dá uma sensação de conforto difícil de explicar, mas que normalmente é ainda mais potenciado pelas luzes nas paredes e nas praças, que infelizmente aqui não existiam.

Sempre ouvi falar de Veneza como uma cidade hiper romântica mas cheguei à conclusão de que aquele é um bom sitio para os apaixonados porem os seus sentimentos à prova. Por muito bonita que a cidade seja, por muito que nos sintamos estrelas de Hollywood a andar pelos canais de water taxi e por muito romântico que seja ouvir falar italiano em qualquer recanto, há uma palavra mágica que pode estragar o encanto: humidade. Nunca tinha pensado no assunto, mas com tanta água parece-me lógico: a cidade é muito húmida, mal pomos os pés fora do aeroporto a nossa pele parece ter sido barrada por cola e nada vai tirar aquela sensação colante que temos no corpo inteiro. Não é fixe e, acima de tudo, não é sexy. E o cabelo? Só mesmo nos filmes é que ele fica lindo e impecável depois de andarem de barco, de terem apanhado com 109 pingas e da humidade o fazer parecer que não é lavado há duas semanas. Eu posso dizer-vos que mal conseguia tocar em mim própria, por isso, caso vão numas férias românticas e os vossos parceiros continuarem a agarrar-se a vós como se nada fosse, os meus parabéns: é amor.

 

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 No water taxi, do aeroporto da caminho do hotel. Foi um daqueles momentos felizes, felizes, felizes - de alma leve, livre de preocupações.

 

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No Vaporetto (os "autocarros" venezianos), a ir do meu hotel até à Praça de São Marcos - sensivelmente 40 minutos num barco apinhado de gente! Pagam-se 7 euros por viagem e pode comprar-se já dentro do próprio barco.

 

Agora que já disse tudo o que nunca tinha ouvido ou lido sobre Veneza (e que não são coisas assim tão más, são só detalhes que penso que muitos se esquecem de referir, talvez por haver tanta coisa boa para mencionar) podemos passar ao lado mais clássico do discurso: mais do que linda, Veneza é uma cidade diferente de todas as outras cidades do mundo. E por isso é que agora está na moda chamar a outras cidades "little Venice" e coisas do género.  Porque, de facto, como esta não há mais nenhuma.

 

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As cores de Veneza. Não é o caso, mas há muitos edifícios na cidade bem degradados - o que por um lado confere história aos locais, mas por outro começa a decadência a ser demasiado óbvia (e feia) para ser algo positivo.

 

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A Veneza calma que tanto me encantou

 

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Pontes privadas para um hotel, ornamentadas com flores

 

Não sei explicar os sítios por onde passeei. Sei, claro, que estive na praça de São Marcos, que estive na Ponte de Rialto, que passei pela Ponte dos Suspiros e que vi o Danielli - mas aquilo que mais foi perder-me nas ruas, tentar encontrar um recanto sem tantos turistas e respirar Veneza. E consegui - e foi essa a minha parte favorita da cidade. É claro que os highlights têm uma beleza extraordinária, mas a verdade é que muitas vezes nem os conseguimos ver devidamente com tantas pessoas que lá andam - é olhar durante três segundos, posar para a foto, tirar a foto e sair de lá no meio de cotovelas enquanto outras dez pessoas já tentam ocupar o nosso lugar. Por isso, acima de tudo, adorei as pequenas pontes com flores, os recantos com candeeiros antigos, conseguir ouvir as gôndolas a cortar a água, os vasos nas janelas. Adorei a Veneza calma, a Veneza rara. Mas esses sítios eu não sei precisar num mapa: procurava-os, encontrava-os e vivia-os.

 

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Ponte dos Suspiros

 

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Ponte de Rialto 

 

Decidimos não entrar na Basilíca de São Marcos porque a fila dava praticamente a volta à praça e tempo não era algo que tivéssemos em abundância. Outra coisa típica que também não fizemos foi andar de gôndola: já tínhamos andado de táxi (algo que eu acho que toda a gente devia fazer pelo menos uma vez, apesar de ser caro, porque é uma sensação incrível andar nos canais tal como vemos nos filmes) e, para além disso, todos concordamos que estes barcos típicos têm um ar um tanto ao quanto tétrico - e aquilo que nós queríamos eram boas energias!

 

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 Basilíca de São Marcos

 

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Gôndola

 

Ficamos hospedados no hotel Carnival Palace, que fica relativamente longe do centro - cerca de meia hora a pé, indo pelo caminho mais curto. É um hotel muito atual e recente, com um pequeno almoço razoável e uma esplanada (tanto fora como dentro do hotel) muito agradável, onde escrevi um dos textos que aqui publiquei. No início achamos que o facto do hotel estar deslocalizado do centro era uma coisa má mas, no final, acabamos por gostar muito. Porque, apesar de tudo, estávamos num desses sítios calmos de que gostei em Veneza: onde nunca havia uma grande afluência de estrangeiros, onde se viam gentes típicas (vulgo velhinhas), a falar aquele italiano quase gritado que tanto gostamos de ver nos filmes e barcos que de facto faziam a cidade viver e funcionar (nunca tinha pensado que eles têm de ter ambulâncias, barcos funerários, mini-barcos frigoríficos e essas coisas todas - e é tão giro!). Mas, apesar dessa vertente funcional, Veneza continua a ser uma cidade atípica: vi pessoas que claramente eram de lá, mas não se vêem supermercados, farmácias, "bombas de gasolina" ou grandes lojas de roupa como uma cidade normal onde se possam "abastecer". Não sei se está tudo escondido, se é tudo em ponto pequeno ou se de facto essas coisas não existem na ilha e estão na parte grande da cidade.

 

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Um barco funerário

 

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 Uma ambulância

 

Sempre ouvi dizer mal da simpatia (ou, neste caso, antipatia) dos italianos para com os turistas mas em Veneza não o senti - fomos sempre bem tratados e eu deliciei-me a ouvir aquela língua tão bonita. Cheguei mesmo a conhecer personagens tipicamente italianas, que só faltavam fazer aquele gesto com os dedos das mãos para o caricaturarmos. Eles têm uma lábia muito própria, um saber vender característico: é tudo óptimo e magnífico, tudo o que escolhemos é bom - principalmente se for caro - e nós somos sempre "bellas" e encantadoras. A maior parte das vezes soa tudo a falso - mas não deixa de ser engraçado e não conseguimos evitar pensar "és mesmo italiano!".

Coisas em que fui reparando: não achei Veneza uma cidade muito limpa, mas a culpa não é de quem a visita - há muito poucos lixos espalhados pela cidade e a tentação de o largar algures num canto é demasiado grande, depois de se fazer ruas e ruas com o lixo na mão à espera de ver um balde. Também não há a cultura das esplanadas (a não ser em sítios específicos, como a praça de São Marcos), o que faz falta: nós tivemos mesmo de parar durante duas horas no pico do calor, senão caímos para o lado. E só dizíamos "vamos ver se encontramos um sítio onde possamos comer um gelado e sentarmo-nos à sombra". Pois sim... andamos, andamos, andamos... até encontrarmos um café, por detrás de São Marcos, onde pagamos mais por dois gelados e duas bebidas do que em muitos restaurantes se paga por uma refeição completa. Muitas pessoas também me perguntam sobre o cheiro dos canais: e eu, que sou uma cheirinhas do pior, posso garantir que não senti nada.

 

Chego ao fim deste texto e tenho medo de que pensem de que não gostei do que vi e visitei, por ter apontado tanta coisa "pior" que tanta gente despreza e não menciona quando fala de Veneza. A verdade é que adorei, apaixonei-me pela cidade mal entrei no táxi - apetecia-me quase chorar de felicidade por aquilo me estar a acontecer, só me conseguia lembrar do filme "O Turista" e do casamento do George Clooney (é parvo, não é?). Mas, de facto, acho que todas as cidades têm as suas partes boas e más e nós precisamos de as ver como um todo - e, na realidade, as palavras faltam para descrever Veneza. As próprias imagens não lhe fazem jus. Podendo, pelo menos uma vez na vida, toda a gente devia lá ir - porque acho sinceramente que não há nada assim no mundo. Para além da beleza berrante, é a diferença que nos "choca" pela positiva.

Veneza tem muito que ver sem ter muito que ver: tal como acontece em muitas cidades de Itália, as coisas bonitas encontram-se em qualquer canto, quase a pontapé. Nós passamos por elas e nem notamos - ora porque são pequenas, ora porque a envolvência e a confusão nos absorve ou porque, simplesmente, já é tanta coisa que nós já não temos olhos para tudo. São igrejas, são pontes, são portas, são fontes, são casas, são tantos detalhes... Mas dentro da sua beleza - no seu todo e no seu pormenor - Veneza é aquilo; vê-se rápido. Depois de uns dez quilómetros às voltas, acaba por ser ser mais do mesmo, já não há muitas novidades - e por isso é uma boa cidade para ir, visitar, apaixonarmo-nos e vir embora. E eventualmente voltar. Gostava muito de um dia voltar, numa fase diferente da minha vida - e sei que vou ver e viver tudo de forma diferente. Porque a cidade pode ser a mesma mas os olhos com que a vemos mudam ao longo dos anos.

Têm-me perguntado qual foi a minha cidade favorita em todo o cruzeiro e eu vejo-me à rasca para responder. Mas, se me pedirem muito, muito, muito, acho que me veria obrigada a pôr Veneza no primeiro lugar do ranking. No momento em que pus o pé no táxi, soube que parte do meu coração ia ficar lá. Não é a minha cidade como Londres - do ponto de vista de vida prática e cultural; não tem a luz de Paris, aquele som dos violinos como pano de fundo. É simplesmente Veneza, que se enquadra talvez numa área de mim talvez mais romântica, esperançosa e hollywoodesca. É toda uma categoria própria, única, acho que reservada só para esta cidade em todo o mundo. E é, por isso, um ponto de passagem obrigatório.

 

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Na Praça de São Marcos

 

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Rialto

 

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Na noite do segundo dia, depois de um jantar de massa com marisco e de ser atendida por um velho tipicamente italiano

 

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Numa ponte perto do hotel, na manhã da saída

 

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 Já no barco, passando pela cidade

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 Adeus Veneza!

24
Jul17

I'm back!

Cheguei, meus amigos, cheguei! Queria ter conseguido publicar mais aqui, mas a gestão de tempo, de atividades no barco, de descanso e, claro, das visitas às cidades nem sempre é fácil. Mas nunca deixei de pensar em vocês e para além de ter partilhado sempre a minha localização via instagram (@carolinagongui), escrevi sempre que pude sobre os sítios por onde ia passando, para garantir que tinha tudo fresco na memória para vos presentear com os melhores diários de bordo possíveis. 

Já cheguei no sábado, mas no domingo - quando já tinha uma lista de 54 coisas para fazer - decidi ficar doente e tudo ficou em stand-by. Provavelmente também foi o cansaço a atacar: os cruzeiros, ao contrário do que dizem, não são para velhos nem para meninos. Os horários foram muito duros, acabei sempre por dormir menos do que durmo normalmente e o calor abrasador que apanhamos em todos os destinos moía-nos todas as forças. Cheguei a Portugal quase mais cansada do que fui - e o corpo está a ressentir-se.

De qualquer das formas venho contar-vos qual é o meu plano para os próximos dias: viagens, viagens, viagens. Quem só gosta de Portugal e viajar não é a sua praia, devo avisar que só devem voltar cá lá para o fim da primeira semana de Agosto. Para além de um texto (um? Talvez os divida a meio) por cada paragem que fiz, ainda vos vou contar sobre o cruzeiro em si, o barco, aquilo que achei em comparação com a viagem do ano passado e mais algumas coisas que acho que podem ser engraçadas. Devo ter um ou outro post distante da realidade "férias" durante este período - não vão vocês enjoar com tanto Adriático e Mediterrâneo - mas, de qualquer das formas, já sabem com o que contar. 

Para já tenho de selecionar, arranjar e arquivar as cerca de duas mil fotos que tirei nestas últimas duas semanas, para que possam acompanhar os textos, torna-los mais light e palpáveis e, claro, deixar-vos ruídos de inveja ;)

Acho que a tag "cruzeiro no Báltico", sobre a volta que fiz o ano passado, é a que revisito mais vezes quando bate a saudade. Gosto muito de ler aquilo que escrevi e de "reviajar" com todos os detalhes e fotos que aqui partilhei, por isso espero que as muitas horas que depositei - e vou depositar - nestes textos sejam igualmente frutíferas, deixando o meu registo para a posteridade e deixando-vos o bichinho de conhecer estes países. 

Desculpem-me, desde já, se os textos forem grandes. Quero tanto dar todos os detalhes e respostas às tantas perguntas que tinha que receio ser chata e exaustiva. Juro que me esforcei para não o ser, mas agradeço,  com antecipação, a paciência. Vemo-nos no próximo texto, que será em princípio sobre Veneza!

 

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