O poder das power naps
Dezembro está a matar-me. Acho que enquanto me lembrar não torno a meter-me em empreitadas nesta altura do ano. Tenho a minha vida pensada, planeada e contada ao minuto e tento fazer o milagre de cumprir os prazos a que me propus (ou que, no caso do trabalho, sou obrigada). Um conjunto de eventos e acontecimentos aglomeraram-se nesta altura e eu nunca senti esta época passar tão rápido. "Não respiro" desde Novembro e, pior, sinto que este tempo de festas que tanto adoro me está a passar ao lado, porque nem tenho tempo de olhar em meu redor.
Mas enfim, agora não há muito a fazer. Espero que o Natal em si seja fenomenal e que o meu projeto esteja milagrosamente concluído nessa altura e que melhore ainda mais este dia especial. Mas até lá preciso de sobreviver ao meu próprio cansaço, o que não está fácil.
Eu preciso de dormir umas oito horas por noite para me sentir bem no dia seguinte e evitar cair no sofá para uma sesta durante a tarde. Não sei se isto é uma fase ou um padrão que se irá manter na vida adulta, mas o que eu sei é que antes dormia menos e aguentava-me bem durante o dia. Mas pronto, uma pessoa vai envelhecendo, já não é o que era, e agora preciso de umas horas reparadoras para me sentir em condições. (Um aparte: é estranho, mas na minha cabeça o facto de uma pessoa dormir muito é pouco algo dignificante, de que se tem orgulho, quase como se a pessoa fosse muito mais ativa por ter mais tempo e dormir menos. Como quem diz: durmo menos que tu, sou menos preguiçoso, e faço ainda mais! Lembro-me de, lá pelo oitavo ano, adorar dizer as horas que dormia – que eram poucas – porque me sentia muito crescida. Sou só eu que tenho/tinha este estigma parvo?.)
Mas o tempo não estica e eu tenho roubado horas ao sono para conseguir fazer tudo o que preciso. Isto resulta, no dia seguinte, em cansaço e, como bónus, em mau humor e numa Carolina muito mais emocional. E eu sei que aquilo é sono, mas não consigo evitar ter determinadas reações. Mas se não há tempo para dormir de noite, muito menos tempo há para descansar de tarde, pelo que só tenho uma saída: as power naps. Depois do almoço encosto-me quinze a vinte minutos e quando acordo sinto-me incrivelmente melhor.
Já naquela altura em que dormia pouco esta era uma técnica a que recorria – sonos desfasados, quando tinha tempo e sono para isso. Movia os meus tempos de sono quase como blocos e encaixava-os na parte do meu dia em que me era mais conveniente. Nestes dias tenho aproveitado a hora de almoço para descansar e tentar utilizar aqueles minutos que, apesar de preciosos, não são em quantidade suficiente para eu de facto fazer algo significativo. Por isso durmo – e bem! – e tem-me sabido pela vida. É estranho como apenas 20 minutos chegam para nos restabelecer parte da energia, pelo menos pensando a curto prazo.
É um bocado chato porque custa adormecer e, quando isso acontece, parece que acordamos logo a seguir, por o tempo ser tão curto. E isto faz com que acordemos estremunhados e aparentemente ainda mais cansados mas, depois de passarem aqueles primeiros cinco minutos, eu sinto-me muito melhor que antes. Para mim, é absolutamente milagroso. E cheira-me que até ao dia de Natal, vão ser os meus únicos minutos de descanso durante o dia.