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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

07
Jan17

Blogs, os livros da vida real

E eis que esta semana caiu uma bomba no mundo blogosférico: a blogger mais badalada do país anunciou, por meias palavras, o divórcio de um casamento que todos acompanhávamos há anos. Quando li a notícia, enquanto passeava descontraidamente no meu feedly e via as horas passar enquanto devia estar a fazer alguma coisa de útil, caiu-me tudo. E, nesse momento, senti pena. Naqueles segundos precisamente a seguir foi como se uma amiga com quem já não falava há muito me tivesse dito que o casamento - que na minha cabeça achava ser perfeito - tinha acabado. E fiquei triste por ela.

Só depois é que me caiu a ficha. Eu não a conheço, não o conheço a ele, não me dizem nada e nem sequer sou particularmente fã de nenhum deles: a única relação que mantemos - e que é unilateral - é a de eu ler as coisas que escrevem há uns sete anos. Nada mais. Mas, de facto, a nossa [dos leitores] perceção é de que estamos "dentro" da vida daquelas pessoas, qual livro aberto, que está a ser escrito em direto enquanto a vida se desenrola. Esquecemo-nos é que, ao contrário de um livro, o narrador não nos conta tudo, não está dentro da cabeça das personagens, não sabe - ainda que secretamente - o fim da história. 

Já vi muitas fases da blogosfera e estou pacientemente à espera que esta que vivemos agora passe de moda: estou cansada de todos os blogs de celebridades, sem grande conteúdo; das marcas nos verem simplesmente como portadores de mensagens e produtos, como se não quiséssemos mais nada para além de fama e dinheiro; de todo este conteúdo falso, hipócrita, que passa a ideia de vidas perfeitas, quais revistas de moda. Por tudo isto, neste momento, o mundo dos blogs está completamente descredibilizado para mim: e foi com espanto que olhei para aquele post e senti qualquer coisa. Algo verdadeiro, um sentimento que vai para além do dinheiro, patrocínios e interesses. Algo que sentia no início, quando lia blogs que gostava, de gente genuína e sem agendas. Essa coisa de que falava antes, essa sensação de conhecer a pessoa de algum lado e me doer por ela.

Foi estranho, porque era algo que já não sentia há muito tempo e que só podia ser despoletado por algo de grande dimensão, mas também esperançoso e nostálgico; um abanão da vida, como quem diz "ainda é possível"! Às vezes este tipo de coisas fazem-nos descer um pouco à terra: por vezes recebo mensagens que acho serem estranhas, de pessoas que aparentemente quase "vivem" a minha vida tanto como eu... que me saúdam pelas vitórias, que ficam tristes pelas derrotas, que me querem conhecer. Às vezes há coisas que me comovem, outras que nem sequer sei como reagir, mas em grande parte aquilo que hoje percebo é que normalmente me esqueço do poder que a blogosfera tem; do calor humano que consegue transportar, mesmo sendo meramente virtual.

Nós - bloggers - somos personagens de livros abertos que algumas pessoas gostam de acompanhar; não sei se há quem escreva a nossa história ou o nosso destino, papel dos escritores nas obras comuns, mas o que é certo é que mesmo nos livros em papel não são poucas as vezes em que nos emocionamos em nome das nossas personagens favoritas, choramos ou sorrimos com elas. E acho que, no fundo, aqui se passa precisamente a mesma coisa - as personagens são pessoas da vida real, mas o que queremos é o mesmo: que o final seja feliz. 

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