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Entre Parêntesis

Tudo o que não digo em voz alta e mais umas tantas coisas.

10
Dez13

Mais um crónica - "Não sou pelo coração"

Isto agora é assim, quase que fabrico "crónicas" por encomenda. 

Com a falta de inspiração que me é característica quando tenho de fazer este tipo de textos "encomendados", decidi inspirar-me em publicações que por aqui tinha, mais antigas. Decidi pegar numa e dar-lhe uma grade reviravolta, aumentando-a e, espero, melhorando-a. Como de costume, não podia deixar de partilhar por estas bandas:

 

Dizem que nos partem o coração de cada vez que sofremos um desgosto amoroso. Mas sejamos realistas: nada se estilhaça quando alguém nos dá “uma tampa” ou termina um relacionamento de longa data. Nada parte, nada fica desfeito em pedaços. Mas nós, teimosos, dizemos que sim, que estamos todos partidos por dentro. O coração, então, é o nosso maior alvo! Parte-se vezes sem conta, sem dó nem piedade, e nós teimamos em desmancha-lo á força.

A minha questão é: porquê? Porquê o coração? É verdade que, sem ele e o seu ritmado bombear, morreríamos. Mas e se os pulmões pararem? E o fígado? Pois é, aí sim, ficamos desfeitos. Literalmente.

Eu nunca fui uma entusiasta do coração; nunca percebi o alarido à volta deste órgão vital. Uma vez, algures no meu ensino básico, lembro-me de ter ficado desiludida quando olhei para um coração de porco verdadeiro, ali ensanguentado e feio em cima das minhas mãos. Perguntei-me rapidamente como é que alguém se poderia ter inspirado “naquilo” para fazer o típico desenho que conhecemos, bem redondinho e bonito. Tenho em mim que alguém, num belo dia, teve um magnífico rasgo de inspiração.

Mas eu não sou preconceituosa: um órgão feio pode perfeitamente dar origem a tantas belas metáforas e estar ligado a um sentimento tão nobre como o amor. Se calhar, quem sabe, até o fizeram por solidariedade e pena, devido à sua evidente falta de beleza, ou não fosse o pobre órgão sentir que o desprezávamos “só” porque a sua principal função é a de nos manter vivos (algo que por vezes tanto desconsideramos). Assim, decidimos providencia-lo de uma outra característica, que a maioria de nós considera quase tão valiosa como a vida: o amor. O amor vem do coração, está no coração, parte o coração, despedaça o coração. O amor e o coração, sempre juntos.

Mas não para mim, não a partir de agora. Eu sou pelos originais, pelos que sobressaem, pelos que não se seguem pelos outros. Um dia, aos meus netos, vou contar-lhes que alguém me magoou, num passado longínquo; que algo em mim se “partiu”. Algo que também nos faz falta, não menos metafórico e não mais bonito. Um dia dir-lhes-ei: “na altura em que o coração era tudo, a mim, partiram-me um pulmão. E doeu-me. Mas um dia voltei a respirar.”

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