Ora então... bom Carnaval!
Que me perdoem os foliões, mas eu não gosto nada do Carnaval. Acho que mesmo quando era pequena não era algo com que vibrasse muito. Tive um Carnaval que me marcou muitíssimo, passado com a minha família, mas não passa disso. Acho que a última vez que me fantasiei foi há uns oito anos, para uma festa onde uma amiga minha me levou de arrasto: fui de gato, esquecendo-me (na minha inocência) de que este animal fofinho tem uma conotação meio sexual, e passei a noite a ouvir "miaus" e coisas do género. Já não me bastava ter de estar numa festa e ainda levei com aquilo. Jurei que, enquanto me lembrasse, não me metia noutra (e, como se vê, ainda me lembro muito bem, portanto o retorno não está para breve).
Mas a verdade é que mesmo não participando no Carnaval há já muitos anos, em Maio do ano passado tive os meus 10 minutos carnavalescos, patrocinados obrigados pela minha mãe. Quando em Londres, numa visita a Camden, andávamos lá às voltas até que a minha mãe encontrou uma espécie de estúdio de fotografia, onde as pessoas se mascaravam para fazer sessões fotográficas temáticas; sei que havia três temas possíveis, mas só me lembro das damas antigas e da máfia. No fundo, é um souvenir personalizado (e caro) de uma visita a Londres.
A minha mãe delirou com aquilo, adorou a ideia, mas eu disse logo que nem pensar, não me ia vestir coisíssima nenhuma. Mas o dia não nos estava a correr bem, estávamos com o estado de espírito pelas ruas da amargura e, numa segunda passagem, a minha mãe voltou a folhear as fotos que havia à entrada e quis fazer uma coisa daquelas. E, pronto, uma pessoa pelas mães faz tudo. Lá escolhemos o tema, as roupas e os acessórios (eram postos por cima das nossas roupas), as raparigas puseram-nos um bocado de maquilhagem e lá fizemos a sessão fotográfica. Foi uma coisa de partir o coco a rir, eu achava que estava alucinar e nem me acreditava que me tinha metido naquilo. O fotógrafo dizia-nos como segurar no livro, para levantar o queixo, para olhar para o canto, para fazer isto e aquilo... e eu estava sempre à beira de um ataque de riso.
Ataque de riso esse que aconteceu mal nos sentamos no sofá e começamos a ver as fotos. Nem sequer consigo explicar bem, mas sei que estavam já outras pessoas a ser fotografadas (aquilo era um open-space, só com umas cortinas, o cenário era todo o mesmo para os diferentes temas mas tinha "cantos" específicos para cada um) e eu e a minha mãe começamos a rir-nos estéricamente daquilo que estava a passar no ecrã. Eu chorava, chorava, chorava de rir... acho que mal respirava. De cada vez que a rapariga mostrava uma nova, eu ia morrendo. Foi uma risota pegada e um drama para conseguirmos escolher três para imprimirmos e trazermos para casa (no início, só pensávamos trazer duas... mas as pérolas eram tantas que não deu para evitar).
Lá escolhemos, pagamos e mais tarde passamos para as levantar. Quando as vimos, voltamos a rir-nos à gargalhada. De facto, a experiência teve muita graça, mas aquilo é algo tão fora de mim que só mostrei as fotos a um par de pessoas (já a minha mãe, mesmo contra todos os meus pedidos, esparramou aquilo no facebook...). Ainda hoje, quando passo pela foto que a minha mãe emoldurou (!!!), me encolho de vergonha. Sim, teve graça, mas ainda não me acredito que posei como Dama Antiga, com um fotógrafo a dizer-me o que fazer e o diabo a quatro.
Há uns dias, enquanto pensava no Carnaval e nos posts aqui no blog, lembrei-me disto. É uma pérola que tenho escondida há quase um ano - aliás, quando tive as fotos na mão, achei que as ia guardar para a vida. Mas a verdade é que há coisas demasiado boas para estarem escondidas - e embora esta seja uma faceta que, no meu caso, é pouco comum e que, sinceramente, eu tenho muita dificuldade em mostrar, ela há-de existir algures em mim. Por isso, meus amigos, bom Carnaval.